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10 dias arrasadores para a chapa Anabel-Levi

Chapa Anabel e Levi durou exatos 10 dias

O arrasa-quarteirão dos 10 dias em que Levi foi vice de Anabel e a tentativa de PSD e PSB em manter aliança após idas e vindas

 

João Portella é um homem calmo, até estourar. Fala pausadamente, mas não é de fofoca pelas costas. Quando tem que dizer, é na cara. Durante a campanha, e nas reuniões de avaliação do resultado das eleições de 2 de outubro, não foram poucas as refregas que, como presidente do PSD, teve com o candidato a prefeito Levi Melo.

– É só “eu, eu, eu” – desabafou mais de uma vez com amigos, reclamando do “egocentrismo” e da dificuldade do médico em delegar funções e confiar nos aliados.

Na segunda-feira, a relação dos dois amargou mais que um tablete de Bendito Cacao 85%, da Cacau Show, cuja franquia é de Portella no Centro. Pela manhã, em uma conversa com a alta cúpula do PSD, exatamente uma semana depois de ser confirmado como vice de Anabel Lorenzi (PSB), Levi apresentou proposta de parceria com Marco Alba (PMDB), feita pelo próprio prefeito em duas amistosas conversas que, após um ano e meio sem se falar, travaram no sábado e domingo.

Portella, os vereadores Dilamar Soares e Alemão da Kipão, o vereador eleito Bombeiro Martins, e outros dirigentes do PSD que estavam no salão de festas da Clínica Millenarium não aceitaram.

Para surpresa de Portella, à noite, em uma reunião com o conjunto do partido na Estância Província de São Pedro, que era tratada como uma confraternização, Levi insistiu na proposta. Recebeu apoio de dois filiados, mas que diziam aceitar qualquer decisão do partido. Em votação, a sugestão de Levi foi derrotada por unanimidade.

 

Uma Samarco de vazamentos

 

A ressaca veio forte na terça-feira, após uma Samarco de vazamentos dos bastidores das duas reuniões, publicados com exclusividade pelo Seguinte:.

Em uma das reportagens, a incontestável confirmação de Levi de que tinha achado “interessante” a proposta de Marco.

Procurado, Portella subiu o tom e deu um ultimato. Levi tinha 24h para decidir se aceitava ou não ser o vice de Anabel.

Ali, o meio político e as redes sociais debatiam freneticamente o exótico momento em que "o vice de uma deu entrevista confirmando que preferia estar com o outro", como comentou internauta.

A permanência de Levi na chapa – e, para ir além, no PSD – parecia insustentável.

A parceria, tentada no 'primeiro turno', e, agora,, no 'segundo turno', concretizada, comemorada e cantada como favorita por dirigentes e eleitores, ruia ao oitavo dia.

 

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Levi sob pressão e 2018

 

Na noite desta quarta, numa reunião que invadiu a madrugada de quinta, Levi renunciou à candidatura em um discurso onde foi – e levou – às lágrimas ao explicar os problemas de saúde, familiares e profissionais que enfrenta desde o acidente que sofreu durante a campanha e o submete à necessidade de sessões diárias de fisioterapia.

Em tom de desabafo, o anúncio foi feito por ele em post no facebook, texto também divulgado em primeira mão pelo Seguinte:

Mas as dores maiores de Levi teriam sido a decepção da esposa Jucelei, também médica e presidente do Rotary, os apelos dos irmãos de Maçonaria e as súplicas de amigos muito próximos, incomodados pela aliança com Anabel, uma esquerdista com simpatia por Fidel e Jean Wyllis.

– Não duvide do Levi acabar no palanque do Marco… – soprou logo após os acontecimentos uma fonte que sabe tudo da base do governo.

– … e, em 2018, candidato a deputado pelo PMDB – completou, pedindo anonimato.

 

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Anabel silencia, Portella fala

 

Na manhã desta quinta, Portella ligou para Anabel. Pediu desculpas e deu a notícia que, por mais que dirigentes dos dois partidos negassem até aquele momento, já era esperada.

Não escapam à subliminaridade da política os movimentos arredios de Levi que, desde a segunda dia 5, quando os partidos se reuniram formalmente, não tinha compartilhado em seu facebook, e nem curtido, as postagens e fotos ao lado de Anabel no lançamento da aliança e em visita feita por ela à sua casa na Paragem Verdes Campos.

 

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Anabel, que até o momento não atendeu aos contatos do Seguinte:, estaria irritadíssima.

– Isso não se faz… – desabafou fonte do PSB, que pediu para não falar, ainda.

Após uma manhã de ligações, Portella atendeu a reportagem. Estava visivelmente abalado com a situação. Irritadiço, até. Polido, tentava esconder a decepção. Experiente, media as palavras entre longas pausas e suspiros. Mas era notório que respirava constrangimento.

– A gente entende as razões, todas pessoais, alegadas pelo Levi. O partido vai buscar um substituto – resumiu, informando que uma reunião entre dirigentes, vereadores, candidatos à Câmara nas últimas eleições e filiados acontece na noite desta sexta-feira para “abrir os debates”.

– Temos bons nomes para oferecer numa aliança que não é um projeto pessoal, de A ou B, mas uma alternativa para a cidade – avalia, sem confirmar candidaturas.

 

Dimas fora, Dilamar, Bombeiro e Régis

 

Como o vereador mais votado Dimas Costa teria se retirado da disputa, nos bastidores o nome que corre por mais bocas, entre aprovação e desaprovação, é o de seu irmão Dilamar – o principal construtor do partido na aldeia.

Mas também são citados o vereador eleito Bombeiro Martins e o primeiro suplente Régis Fonseca, tido como apadrinhado político de Levi, do qual foi o principal assessor na Câmara e por quem foi indicado como secretário da Saúde no governo Acimar da Silva (PMDB).

Correndo por fora, por ser da Morada do Vale, mesmo bairro de Anabel, está Alemão da Kipão, vereador que não concorreu à reeleição pois disputou a eleição de outubro como vice de Levi.

 

O melhor do pior

 

Pelo menos para Portella – que na terça-feira divulgou nota onde falava em “cumprir a palavra” e ameaçava expulsar dissidentes que apoiassem outras candidaturas – a aliança PSD-PSB continua.

– Não há indicativo contrário. Anabel aguarda nossos encaminhamentos para indicar o vice – garante o presidente, que nas próximas horas conversa pessoalmente com a candidata.

Enquanto isso, certamente atenderá ligações, ou responderá mensagens de emissários do PDT, de quem o PSD esteve próximo até a queda de Daniel Bordignon e a programação de novas eleições pelo TSE.

Ao fim, homem calmo, Portella anda prestes a estourar por esses dias. Para a aliança com Anabel, Levi fez melhor o pior que podia.

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