andreo fischer

111 mil TV Boxes destruídas ’legalmente’: o erro da Receita Federal

Amigo leitor, você já deve conhecer uma TV Box: trata-se de um pequeno aparelho que roda Android (igualzinho ao seu celular) e que por isso ele aceita diversos aplicativos da Play Store, incluindo Facebook, WhatsApp, dentre outros. Também tem conexões USB que permitem a inserção de mouses e teclados de computador, além de saída HDMI que estabelece uma conexão com o seu monitor, permitindo assim que você monte um mini-computador, podendo acessar perfeitamente sites e serviços em nuvem.

Pois bem.

Como toda tecnologia pode ser usada para a ilegalidade, dentro de uma TV Box é possível instalar aplicativos para ver canais pagos de forma gratuita ou com um custo muito inferior aos serviços tradicionais, algo em torno de R$ 30 ou R$ 35, o que chamamos de “listas IPTV”. Estas listas são comumente difundidas através de pesquisas Google e pagas com cartão de crédito, e há até “testes” gratuitos para se provar a “qualidade” do serviço.

Já o aparelho custa em torno de R$ 165 na internet e o cliente pode fazer o que quiser com ele desde a sua compra, como fazer navegações na internet, já que ele vem dotado de fábrica com o Google Chrome ou baixar qualquer aplicativo destes que você tem em seu celular porque o chamado TV Box permite executar várias funções enquanto um device Android.

Segundo artigo recente do site especializado em tecnologia Tudo Celular, (disponível aqui https://url.gratis/3O4t4p) a Receita Federal está promovendo uma coisa bem bacana e vai destruir de uma vez só 111 mil destes aparelhos, sob a alegação de que eles estariam prejudicando o mercado de TVs por assinatura, que está indo a falência com o advento dos serviços de streaming e com os altos preços praticados no mercado.

Há muitos anos este setor vem deixando a desejar, pois não deixa os clientes escolherem em suas assinaturas o que querem realmente ver, além de obrigar eles a formarem os famosos combos com produtos que não há interesse na contratação ou com preços fora da realidade.

Lista IPTV não é sinônimo de qualidade, pois ela trava, sai do ar e não há garantias de um bom atendimento, já que o criador da lista se refugia atrás de um número de WhatsApp. Por outro lado, entre pagar R$ 35 por um extenso pacote de canais ou R$ 200 por algo “básico” e “legal” o cliente vai se sujeitar a beira da ilegalidade para assitir um Grenal em paz.

Voltemos a Receita Federal. Destruir estes aparelhos não é a saída, pois eles são com-pu-ta-do-res, basta conectar mouse e teclado conforme mencionado no início deste artigo, e já que se configura apreensão, porque não destinar os TV Box para escolas públicas que não tem uma sala de informática? Tenho certeza que no Nordeste do país há muitas escolas carentes de tecnologia. O que a Receita Federal está fazendo é asqueroso, prova que atrás de um concurso público não se há noções de tecnologia (só quando é para rastrear as finanças do contribuinte) e nem de cidadania, pois em muitos rincões deste país tem crianças que não conhecem um smartphone, tal como muitos alunos de Gravataí e Viamão devem conhecer.

Reputo, TV Box apesar de ter este nome não passa de um PC com Android, com as mesmas características de um smartphone qualquer e a nossa gloriosa Receita Federal do alto da sua ignorância digital, quer destruir aparelhos servíveis a muitas pessoas necessitadas. O erro já começa na apreensão, visto o que acabei de citar, mas a cereja do bolo é querer destrui-los somente para afanar os interesses de empresas de telecomunicação que já estão ricas e nada fazem para melhorar os próprios serviços.

Se liga Receita, isso não é jeito de resolver pirataria nem aqui, nem na China. Com o perdão do trocadilho.

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