Cada maníaco com a sua mania: a minha é a palindromia, a arte de criar palíndromos. Graças a ela pude me associar ao exclusivo Club Palindromista Internacional (80 associados, com meia dúzia de brasileiros), lá em Barcelona, Espanha. É o CPI que edita a maravilhosa revista Semagames, publicação trimestral.
A cada edição que sou convidado, envio uma penca de palíndromos temáticos (sempre com a as traduções do meu amigo Ernani Ssó, escritor e tradutor). E desta vez, por conta da recente perda do Maradona, decidi homenagear outros ídolos de várias modalidades. Eis a colaboração para a Semagames #129, a última edição do desastrado 2020.
Ler nos dois sentidos faz mais sentido.
1.
ANO DARÁ MORTE CASUAL. E ELA USA CETRO: MARADONA.
(Para Diego Maradona, 1960-2020, genial jogador argentino, ídolo mundial do futebol)
2.
A ROMENA GIRA: PARALELAS, SOLO. CÁ, COMANECI A ELEVAR
TRAVE. LÊ AÍ CENA: MOÇA COLOSSAL. ELA, RAPARIGA, NEM ORA.
(Para Nádia Comaneci, bicampeã olímpica em ginástica artística, ídolo internacional)
3.
MAL SABIA: SACARIA ACES. SECA! AÍ, RAÇA. SAIBA: SLAM!
(Inspirado na tenista brasileira Maria Esther Bueno, campeã de 19 torneios de grande slam)
4.
ANA MOSER: ELA VIVE FIEL A TI, VÔLEI,
ELO VITAL. EI, FÉ VI VALER, É SOM: ANA!
(Para Ana Moser, jogadora de vôlei, várias vezes campeã brasileira e mundial)
5.
PARA, CARA: DAI AR À NAÇÃO. VOCÊ AMA ETNIAS?
USAIN TE AMA. ECO VOA CÁ NA RAIA DA RAÇA. (RAP)
(Inspirado em Usain Bolt, atleta jamaicano, recordista mundial dos 100m)
6.
A MAGIA TRAGO, JACI GAMARIA:
PAIRA MAGIC A JOGAR. TAÍ: GAMA!
(Inspirado em "Magic" Johnson, extraordinário ex-atleta do basquete americano)
7.
A META NA ÁREA: JESSE. EUGENIA.
DAÍ NEGUE. ESSE JÁ ERA ANÁTEMA.
(Inspirado em Jesse Owens, atleta negro americano, 4 medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936, na Alemanha nazista)
8.
ÁS, SE NÃO VOLTA CEDO NO DECATLO, VOA NESSA.
(Inspirado em Luiz Alberto de Araújo, maior atleta brasileiro da modalidade)
9.
OI, DOPO. DIA CORRE: ELE, DUAS RODAS, IA DE
PEDAIS À DOR. SAÚDE LÊ ERRO. CAI DO PÓDIO.
(Inspirado em Lance Armstrong, ciclista americano, vencedor de 7 Tour de France consecutivos após um câncer e que, banido por dopping, perdeu todos os títulos)
10.
OK, SE RODA, TU LÊ: DÁ MAGUILA!
FALIU GAMA DE LUTADORES: K.O.
(Para José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, pugilista brasileiro, ex-campeão mundial peso-pesado)
11.
SE ZAGA SAGRA, LAZER DÁ.
XADREZ ALARGA SAGAZES.
(Inspirado no Grande Mestre Henrique Mecking, o Mequinho, o maior enxadrista brasileiro)
12.
NOS DÊ ELE, PELÉ: EDSON.
(Para Edson Arantes do Nascimento, Pelé, o maior jogador de futebol de todos os tempos)
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(Em 10/3/2020 publiquei 15 palíndromos musicais aqui . Esses e trocentos outros fazem parte do projeto SóNós, evento em parceria com o meu amigo Giba Assis Brasil. O Giba, além de nome fundamental na história do cinema gaúcho e nacional como montador, também é outro maníaco com as palavras: meu palindromista favorito e o melhor interlocutor palindrômico que eu poderia desejar.
O evento SóNós abarca grande expo (com artistas gráficos e plásticos convidados) e o lançamento dum livrão com 303 palíndromos de cada um. Agendado pelo CCCEV, o evento estava previsto para setembro/2020, mas a pandemia contaminou nossos planos. Como a programação cultural do CCCEV está suspensa enquanto a vacinação em massa não vem, vamos torcer por novembro/2021, ou maio/2022.
Ainda este ano, baita novidade editorial: vem aí a antologia ARARA RARA, organizada e editada por Fábio Aristimunho, outro talentoso palindromista e o maior estudioso do assunto no país. É um projeto inédito, vem preencher um cânion: em dois volumes (ensaio sobre Palindromia e coletânea de palíndromos), a antologia reúne 49 autores brasileiros, eu e o Giba entre eles. Quando a ARARA RARA alçar voo farei um alarido aqui.)
