Não sou daqueles que permite aos políticos apenas a presunção de culpa, sentença clássica do Grande Tribunal das Redes Sociais. Ainda nesta semana referi em artigo a eterna investigação por suspeita de corrupção em contratos de limpeza urbana da qual é alvo Miki Breier, ex-prefeito de Cachoeirinha cassado por questões eleitorais que reputo absurdas.
Lembro mais uma vez de Miki hoje quando, depois de 15 anos de tramitação, a ex-governadora do Rio Grande do Sul, Yeda Crusius (PSDB), foi inocentada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) de todas as acusações no âmbito da Operação Rodin.
Conforme material enviado por assessoria da ex-governadora para o Seguinte:, o processo investigou supostos atos de corrupção e improbidade administrativa em contratos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran-RS).
“Em sessão nesta quarta-feira (7), o TRF-4 reconheceu por unanimidade que, em nenhum momento, Yeda cometeu fraude, corrupção ou teve enriquecimento ilícito. Além disso, a corte registrou que o Ministério Público Federal não reuniu provas ou indícios de atuação dolosa ou intencional da ex-governadora no caso”, diz o comunicado.
– É uma enorme vitória. É o fim de uma provação que dura mais de uma década. Mas sempre acreditei na Justiça. E ela enfim chegou – celebrou Yeda, que governou o Rio Grande do Sul entre 2007 e 2010, sendo a primeira mulher à frente do Palácio Piratini.
A ação corre na quarta turma do TRF-4 e teve a relatoria do desembargador Marcos Roberto Araújo Santos. Acompanharam o voto pela inocência os desembargadores Luís Alberto Aurvalle, que presidiu a sessão, e Vívian Pantaleão.
– Por anos, Yeda foi vítima de uma grande injustiça. A decisão de hoje encerra esse capítulo, marcando de uma vez por todas sua inocência – disse o advogado Fábio Medina Osório, que defende a ex-governadora desde o início do caso e fez a sustentação oral em favor de Yeda.
Fato é que a carreira política de Yeda resta finda, assim como Miki é um cadáver político, apesar de, três anos e quatro meses após seu afastamento do cargo, por autorização do TRF-4, a pedido do Ministério Público a partir de investigações das operações Proximidade e Ousadia, ainda não ser réu em ação penal – ou seja, ainda não teve nem denúncia contra ele aceita pela Justiça.
Costumo compará-lo a Josef. K, personagem de O Processo, de Kafka, que no caminho da execução foi perguntado pelos carrascos se declarava-se culpado ou inocente:
– Inocente de quê? – respondeu, porque não sabia nem do que era acusado.
Ao fim, pela régua do processo de Yeda, daqui a 12 anos talvez tenhamos resposta sobre o caso Miki. Aí, reputação alguma resiste.