À beira da falência, o Ipag Saúde, plano de saúde do funcionalismo municipal de Gravataí pode deixar sem atendimento 12.134 usuários, entre servidores e dependentes, caso as contas não fechem até 2019.
Nesta segunda, o Seguinte: revelou com exclusividade o Estudo Atuarial e o Relatório Atuarial que, com base em dados dos últimos cinco anos, projetam que, sem um aumento na contribuição as despesas continuarão maiores que a receita, as reservas esgotarão e os serviços poderão ser cortados.
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O Ipag Saúde não é um plano qualquer. Ele oferece a 5.601 famílias – 6.866 mulheres, 5.268 homens, sendo 5.083 adultos e 7.051 crianças – desde consultas, exames e atendimento odontológicos, até cirurgias e procedimentos caríssimos, como nas áreas da oncologia, ortopedia e neurologia, por exemplo.
Para se ter uma idéia, 20 beneficiários representaram nos últimos cinco anos um custo de R$ 10,5 milhões. Apenas dois usuários tiveram bancados pelo plano tratamentos de R$ 2,4 milhões e R$ 1,1 milhão. Num comparativos, essas duas dezenas de beneficiários correspondem a um mês de despesas. E o instituto de Gravataí fica muito abaixo da média medida pela Agência Nacional de Saúde na relação entre os atendimentos de alto custo e o que se paga pelo plano: R$ 96,2 mil para R$ 200 mil.
A recomendação do Estudo Atuarial é criar um fundo específico para arcar com os procedimentos de alto custo, todos avaliados por um dos dois auditores, funcionários de carreira do município. O que significa, em outras palavras, que quando não há dinheiro, não tem atendimento.
– É um plano de saúde de ponta, sem dúvida. Mas a arrecadação não tem o mesmo tamanho. Temos feito todo esforço possível para reduzir as despesas, mas como mostram os estudos atuariais, sem um aumento na contribuição o Ipag vai quebrar. A situação não é ruim, é muito ruim – alerta Paulo Salatino, diretor-presidente do instituto.
Salatino informa que tratamentos como cirurgias bariátricas – popularmente a ‘plástica de estômago’ – já foram reduzidos, de uma média de 5 para 2 por mês. Mas uma decisão judicial preocupa o gestor: paciente conseguiu com uma ação derrubar coparticipação que era cobrada pelo Ipag num dos procedimentos mais caros, o que pode criar jurisprudência para outros servidores que acionarem a Justiça.
No bolso
Uma das projeções do Estudo Atuarial mostra que se a contribuição dos funcionários aumentar de 4,5% para 5,50%, e dos dependentes de 1% para 2%, o plano ganha um fôlego até 2036. O impacto, em média, seria de R$ 10 para titular sem dependentes e R$ 95 para titular com dois dependentes.
Hoje o Ipag Saúde gastar mais do que arrecada – em 2017, R$ 21,3 milhões entraram e R$ 22,5 milhões saíram – e o rombo é coberto pelas reservas financeiras que, conforme o estudo, esgotam em 2019 se o caixa não engordar.
Responsável pelo estudo feito pela Lumens, empresa responsável pela gestão atuarial de R$ 3 bilhões e 300 mil pessoas, sob encomenda do Ipag, o atuário Lucas Azevedo Fonseca é esperado nesta quarta em Gravataí para a apresentação dos cálculos e projeções. A partir das 8h, o Ipag Saúde é a pauta principal de assembléia-geral do funcionalismo, no CTG Aldeia dos Anjos, que também dá a largada no processo de discussão salarial.
Vitalina Gonçalves, presidente do sindicato dos professores, não atendeu a ligação nesta tarde.
O ESTUDO ATUARIAL E O RELATÓRIO
O Seguinte: disponibiliza na íntegra os documentos, que apresentam gráficos ilustrativos que fazem uma radiografia dos últimos 5 anos do Ipag Saúde, além de um relatório escrito de forma didática que serve tanto para os servidores que participarão da assembleia geral de quarta, como para a população entender o momento delicado pelo qual atravessa o plano de saúde dos servidores, criado em 1996.
Para ler o Estudo Atuarial clique aqui.
Para ler o Relatório Atuarial clique aqui.