Em 15 de agosto de 1939 estreava nos cinemas o filme O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939), um dos filmes mais icônicos do cinema. Estrelado por Judy Garland, o filme foi uma super-produção, com muita gente envolvida em seus bastidores. O Diego Nunes, do Memória Cinematográfica, apresenta uma série de curiosidades dos bastidores da obra, em texto e vídeo, no Seguinte:.
1.
O filme teve três diretores, não creditados. Inicialmente foi dirigido por Richard Thorpe, que foi demitido após duas semanas. George Cukor assumiu o projeto e o remodelou, mas deixou as filmagens para assumir …E o Vento Levou (… Gone With the Wind, 1939). Victor Fleming enfim assumiu as filmagens. Posteriormente, ele também substituiu Cukor nas filmagens de …E o Vento Levou.
: Richard Thorpe e Judy Garland
2.
Judy Garland começou a gravar o filme usando uma peruca loira. Cuckor descartou a ideia, e mandou a atriz ser “ela mesma”.
: Dorothy, loira
3.
O produtor Mervyn LeRoy queria um leão de verdade no filme, dublado por um ator. Chegou a testar Jackie, o leão dos letreiros da MGM, mas a ideia logo foi descartada.
: Jackie, o leão da MGM
4.
Judy Garland foi a quarta opção para o papel. O filme seria estrelado por Shirley Temple, contratada pela Fox na época. A MGM emprestaria Jean Harlow em troca da liberação da menina, mas com a morte de Harlow o acordo foi desfeito. Deanna Durbin e Bonita Granville foram as outras atrizes cotadas inicialmente para o papel.
5.
A atriz Gale Sondergaard foi a primeira opção para a Bruxa Malvada do Oeste, mas foi considerada muito sexy para o papel.
: Gale Sondergaard fazendo teste de figurino da bruxa
6.
Margareth Hamilton ficou com o papel; ela era uma grande fã do livro O Mágico de Oz. Mas, a maioria das suas cenas foi cortada na edição final. Ela sofreu queimaduras de terceiro grau quando uma explosão cenográfica atingiu seu rosto, derretendo a maquiagem que continha cobre. Para remover a maquiagem derretida, foi preciso usar um forte solvente, que causou ainda mais dores à atriz.
7.
Buddy Ebsen foi escalado originalmente para interpretar o espantalho e Ray Bolger, o homem de lata. Bolger insistiu que queria ser o espantalho, e trocou de papel com Ebsen. Porém Buddy Ebsen teve uma reação alérgica à maquiagem, que continha pó de alumínio. Com problemas respiratórios, o ator teve que ser levado às pressas ao hospital. Enquanto estava internado, soube que havia sido substituído por Jack Haley. O ator disse que esta foi a maior humilhação de sua carreira. Ebsen também sofreu cortes e ferimentos com a roupa de Homem de Lata.
: Buddy Ebsen fazendo teste de figurino e maquiagem para o Homem de Lata
8.
Jack Haley, o ator que viveu o Homem de Lata, não conseguia sentar com o figurino e, para descansar, tinha que se encostar em uma placa. Anos mais tarde, ele declarou que não sentia orgulho do filme, pois as filmagens, para ele, foram um inferno.
9.
Ray Bolger também teve problemas com a maquiagem. As próteses que ele usava causaram marcas em seus rosto, que levaram mais de um ano para desaparecer. Isto lhe custou muitos trabalhos e o ator só conseguiu retornar ao cinema no filme Sunny, feito em 1941.
10.
Vários figurantes que interpretavam os macacos voadores alados também se feriram nas filmagens. Eles eram suspensos por cordas de piano, e derrubados no chão bruscamente, à medida que eram abatidos em cena.
11.
Judy Garland teve uma crise de risos durante uma cena. O diretor Victor Fleming a levou para um canto e lhe deu um tapa na cara, junto com um grande sermão.
12.
Para dar um aspecto decadente ao mágico (interpretado por Frank Morgan), o departamento de figurinos foi até um brechó e comprou todos os smokings surrados que estavam à venda em brechós. Victor Fleming escolheu um deles. Um dia, no intervalo de gravação, Morgan percebeu que a roupa tinha uma etiqueta, dizendo que o casaco pertencia a L. Frank Baum, o autor do livro O Mágico de Oz. A equipe entrou em contato com o alfaiate que fez o traje, e ele confirmou a procedência. Ao término das filmagens, a roupa foi doada à viúva do autor.
: Frank Morgan e o casaco de L. Frank Baum
13.
A MGM queria o ator W. C. Fields como o Mágico, mas ele estava ocupado gravando outro filme. O ator Ed Wynn recusou o papel, por considerá-lo pequeno demais.
14.
Nas primeiras cenas gravadas com o caminho dos tijolos amarelos, eles ficaram verdes no processo de Technicolor, que teve que ser reajustado.
15.
A MGM já havia adquirido os direitos do livro de L. Frank Baum em 1933, e queria fazer o filme estrelado por Eddie Cantor e Ed Wynn, mas a produção não foi feita e os direitos expiraram, tendo que ser readquiridos.
16.
Walt Disney pretendia fazer uma versão de O Mágico de Oz, assim que acabasse Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and Seven Darfs, 1937), mas a MGM chegou a um acordo com o diretor, que desistiu do projeto. Adriana Caselotti, a dubladora da Branca de Neve, dublou uma fala para Oz, fazendo a voz da Julieta, uma personagem secundária, durante uma canção.
17.
Os cavalos coloridos da cidade das esmeraldas foram pintados com gelatina em pó, e as cenas tinham de ser gravadas rapidamente, porque os animais lambiam e tiravam o produto.
18.
O vestido usado por Glinda, a Bruxa Boa do Sul (papel de Billie Burke), já havia sido utilizado por Jeanette MacDonald, em A Cidade do Pecado (San Francisco, 1936).
19.
A bola de cristal do filme também era reciclada. Ela já havia sido usada nos filmes A Máscara de Fu Manchu (The Mask of Fu Manchu, 1932) e Chandu, o Mágico (Chandu the Magician, 1932). Ela foi vendida em um leilão em 2011 por US$ 126.500.
20.
A MGM contratou inúmeros anões para interpretar os Munchkins. Muitos deles eram pessoas sem nenhuma experiência no cinema, e alguns tinham uma origem bem duvidosa. Eles constantemente se envolviam em brigas e criavam confusões, e um deles chegou a passar a mão em Judy Garland.
21.
Entre os Munchkins contratados estava o grupo musical The Singer Midgets, um grupo de mais de 20 anões cantores europeus. Leo Singer, o líder do grupo, anos mais tarde afirmou que, financeiramente, o contrato foi um fracasso e que o grupo aceitou a proposta devido a maioria de seus integrantes ser de judeus, e viram no filme uma forma de salvarem suas vidas fugindo da Europa, durante a Segunda Guerra Mundial. Mais tarde descobriu-se que pessoas pequenas também haviam sido exterminadas pelos nazistas. Nenhum integrante do grupo voltou à Europa após as filmagens. Muitos do The Singer Midgets nem mesmo falavam inglês.
: The Singer Midgets
22.
Um Munchkin ganhava 25 dólares por semana de cachê. Terry, o cão ator que interpretou Totó, 150.
23.
Terry, cão ator que interpretou Totó, precisou ser substituído após um figurante pisar nele. Judy Garland quis adotar o cãozinho, mas seu treinador se recusou a se separar dele. Ele ainda fez muitos filmes até morrer, em 1945.
: Shirley Temple e Terry
24.
O traje do leão de Bert Lahr pesava mais de 40 quilos e, devido às fortes luzes, o ator ficava completamente encharcado de suor. Várias pessoas eram responsáveis por secar a roupa à noite, ao fim das gravações, e o elenco reclamava constantemente do mau cheiro da roupa. Em 2014, a fantasia foi vendida por mais de US$ 3 milhões.
25.
Vários foram os sapatos de Dorothy testados para o filme. Inicialmente eles eram prateados, mas Louis B. Mayer achou que vermelho rubi ficava melhor no Technicolor. Debbie Reynolds possuía um dos pares não usados, e os verdadeiros estão no museu Smithsonian. O tapete em frente aos sapatos precisa ser trocado várias vezes ao ano, pois fica gasto devido à popularidade do item exposto.
26.
A neve usada no filme era, na verdade, amianto, material de construção extramente tóxico.
27.
O tornado no Kansas foi feito com uma meia de musselina torcida entre miniaturas.
28.
Judy Garland teve duas stand in no filme. Stand in são atrizes substitutas que fazem cenas em que o rosto da atriz não fique evidenciado, para agilizar as gravações nos intervalos da atriz protagonista. Suas substitutas foram as atrizes Bobie Koshay e Caren Marsh Doll. Caren Marsh foi a substituta de Garland, nas cenas de dança.
: A atriz Bobie Koshay
29.
Aos 99 anos, Caren Marsh Doll é uma das últimas integrantes do elenco ainda vivas. Com as mortes recentes de Dorothy Barrett e de Jerry Marten, restam vivos ainda o ator Ambrose Schindler, que foi dublê do homem de lata. Ex jogador de futebol americano, ele está com 101 anos de idade. Ainda vivem também alguns figurantes, todos crianças na época, usados para engrossar a figuração da cidade dos Munchkins.
30.
Judy Garland ganhou um Oscar Especial por este filme, o Oscar Juvenil, que era uma miniatura da estatueta. Ela chamava o prêmio diminuto de Munchkin. Foi o único Oscar que ela ganhou em sua carreira.
: Judy Garland com Mickey Rooney e seu Oscar Juvenil
31.
Judy Garland repetiu o papel de Dorothy em 1950, em um programa de rádio transmitido na noite de natal, na CBS.
Ouça Judy Garland interpretando O Mágico de Oz, no rádio
32.
O filme foi um fracasso de bilheteria em sua estreia. Somente anos mais tarde é que se tornou um sucesso. O Brasil foi um dos poucos países onde o filme foi bem sucedido nas bilheterias, em sua exibição inicial.
33.
Em 1956, porém, quando foi exibido pela primeira vez na televisão, o filme foi visto por mais de 44 milhões de pessoas.
34.
Liza Minelli, a filha de Judy Garland, foi casada com Jack Haley Jr., filho do ator que interpretou o Homem de Lata.
: Casamento de Liza Minelli e Jack Haley Jr. em 1974
35.
No dia da morte de Judy Garland, houve um tornado no Kansas.
36.
A canção Over the Rainbow quase foi cortada na edição. A MGM achou que a sequência do Kansas estava muito longa, e podia ser cansativa. Felizmente, ela acabou ficando, para a alegria dos fãs. Dorothy cantava a música novamente, enquanto estava presa no castelo da bruxa, mas a cena foi cortada.
Assista ao clássico Somewhere Over the Rainbow, no clipe do filme