crise do coronavírus

39 vidas foram perdidas, mas Gravataí tem menores índices do ano; Por que ainda não é hora da ’festa da covid’

Hospital de Campanha de Gravataí, inaugurado em 10 de junho de 2020, será desativado dia 27 de agosto

A melhora nos indicadores da COVID-19 no julho de Gravataí já ultrapassa – e muito – a ‘despiora’ que reportei em artigos como ’Apesar de você’ Gravataí está superando a COVID; Junho teve menos casos e vidas perdidasA ’despiora’ da COVID: platô é de 3 vidas perdidas por dia em Gravataí; São mortes com rosto, como os Denicol ou a profe Maura.

A média de casos, óbitos e internações caiu para os menores patamares de 2021. É a inegável força da vacina, cuja primeira dose já chegou a quase metade da população.

Reputo, porém, prudente a decisão do governador Eduardo Leite de ainda não autorizar grandes eventos, como queriam os prefeitos da Grande Porto Alegre, inclusive Luiz Zaffalon e Miki Breier, o que reportei em artigos como ’Festa da Covid’: Estado adia liberação gradual de eventos até 20 mil pessoas em Gravataí, Cachoeirinha e Grande Porto Alegre​ e Gravataí, Cachoeirinha e prefeitos da região querem liberar eventos até 20 mil pessoas; A ’festa da covid’.

Primeiro vamos à ‘ideologia dos números’, e depois evoco a ‘ideologia da ciência’.

Julho fechou com 23.039 casos, 501 notificados nos 30 dias do mês. Em junho foram 1.183. A média diária caiu de 37.4 para 16.7. As vidas perdidas chegam a 869 desde o início da pandemia em março de 2020. Foram 39 óbitos em julho. Em junho, 74. A média caiu de 2.3 mortes para 1.3 a cada 24h.

Para efeitos de comparação, a média é a menor registrada nos 7 meses do ano. Em março, pior mês da pandemia, 6 vidas eram perdidas por dia. O melhor índice (2) tinha sido identificado em fevereiro.

A ocupação de UTIs na Região 10 caiu de 76,2% em junho para 72.9 em julho. A estrutura ainda mantida para atender COVID-19 em Gravataí também não sofre pressão. Nesta segunda, das 16 UTIs, 13 estavam ocupadas; há 5 pacientes nos 10 leitos com respiradores no Hospital de Campanha e 8 nos 12 de enfermaria.

– Nossa média é de 16 internações por dia. Em março eram 147 – compara o secretário da Saúde Régis Fonseca, que confirma a manutenção até agosto do HC, que tem um custo mensal de R$ 1,5 milhão, apenas 10% subsidiado pelo governo federal desde a instalação há 13 meses.

– Já está organizada a desmobilização da estrutura ao lado da Santa Casa. Atendimento e internações serão absorvidos pelo hospital Dom João Becker, UPAs e Pronto Atendimento. Já instalamos um tanque de oxigênio na UPA da 74.

27 de agosto foi a data escolhida por, pelas projeções da SMS, Gravataí ter toda a população vacinável já com a primeira dose.

Dados desta segunda mostram que das 211.687 doses recebidas, Gravataí já aplicou 198.034, ou 93,5%.

– Ao lado de Caxias somos o município que tem a vacinação mais eficaz. A vacina chega e vai para o braço – explica o secretário.

A população com a primeira dose é de 139.418 (65,8%) e com a segunda dose 52.314 (24,7%). Fazendo o cálculo sobre os 281.519 de população estimada pelo IBGE em 2019, a vacinação já chegou a 49.5 de todos os gravataienses.

– Os bons indicadores em toda a região são resultado da vacina – confirma Régis Fonseca.

Agora, vamos à ‘ideologia da ciência’, para justificar minha associação ao governador pela não liberação de grandes eventos, ao menos nesta semana e, espero, além, até a vacinação estar completa.

Na sexta vazou documento interno CDC americano que revela que a variante delta é mais transmissível que ebola, gripe comum, influenza, catapora e até do que foi a gripe espanhola de 1918.

Conforme a epidemiologista Denise Garrett, do CDC, a delta tem maior risco de reinfecção se a anterior aconteceu no período de 180 dias; tem efeitos mais graves que todas as variantes até agora descobertas e casos em vacinados podem ser tão transmissíveis quanto em não vacinados.

O número de casos com a delta tem superado os 100 mil a cada 24h nos EUA.

– Precisamos nos preparar para uma nova possível explosão de casos no Brasil por esta variante – alerta o neurocientista Miguel Nicolelis, que pelos índices de acerto chamo de ‘nostradamus da pandemia’ em artigos como O ’caminho da extinção’: Gravataí volta ter mais nascimentos que óbitos; O Nostradamus da pandemia e a profecia da terceira onda e A virulência da COVID em Gravataí: O mês que teve mais mortes que nascimentos.

Fato é que os norte-americanos sofrem com o negacionismo em estados onde 4 a cada 10 pessoas não foram vacinar, e Gravataí não experimenta esse fenômeno. Mas aglomerações poderiam atrair a delta, variante com maior potencial de contágio, e ameaçar os bons indicadores que garantem ao menos um ‘novo normal’ para aulas, a indústria e o comércio.

Ou alguém acredita que, com festas sem nenhum cuidado ocorrendo sob o olhar de prefeitos, vereadores, policiais e guardas municipais, estádios de futebol, shows e raves teriam controle de vacinação ou testagem?

– Somente as vacinas não vão segurar a delta. Aos gestores brasileiros adotando flexibilização das medidas de controle, considerem esse alerta: não é o momento. As vacinas continuam protegendo, mas a delta tem um potencial devastador entre os não vacinados – apela a cientista Denise Garrett, que é brasileira.

Ao fim, metade da população vacinada com apenas uma dose é uma seringa meio cheia, ou meio vazia? Na loteria das variantes, vazia.

 

LEIA TAMBÉM

É covidiotia escolher qual vacina tomar

Aglomeração de ’Copacabana Palace’ em Gravataí; Pancadão da COVID depois derruba comércio em geral 

280 milhões em investimentos: O governo Zaffa começou em Gravataí; ’Dinheiro tem, precisamos gastar bem’

PPA de 4,4 bi: Gravataí será ’ilha de investimentos’ nos próximos 4 anos; votação é hoje

Participe de nossos canais e assine nossa NewsLetter

Facebook
WhatsApp
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Conteúdo relacionado

Receba nossa News

Publicidade