Sou jornalista, não chato lacrador. Ia ficar quieto, não ia polemizar em nenhum textão apoiando o óbvio, que é a luta feminista. Enfim, não ia ocupar lugar de fala no ‘Dia Internacional da Mulher’, porque, quem me conhece sabe, sou daqueles tipos bonzinhos. Entendo que o 8 de março é uma efeméride que evoca bons sentimentos, e não me importa se partam de gente do bem ou hipócritas: deixemos que as palavras bonitas representem um MST das redes sociais e invadam o território do ódio com alegres saudações às mulheres.
Mas fui provocado.
Não só em grupos que participo no Facebook, e sou membro de vários, porque acho parte do meu trabalho conviver, pessoalmente e virtualmente, com as pessoas da região onde trabalho.
Fui provocado para além de postagens em Acordas Gravataí da vida, mas também no 'meu' Seguinte:, por uma pessoa – presunção de inocência, minha regra, minha lei – que se apresentou como ‘Jorge Lopes’ e postou críticas à conselheira tutelar Greicy Kelli.
Vamos ao que, existindo ou não com esse nome, Jorge postou – com ‘sics’ e caixa alta de (?) xingamento e tudo – e depois comento.
– Boa Tarde! Passando para deixar a minha indignação fui ate o CONCELHO TUTELAR OESTE e a Conselheira GREICY KELLI foi totalmente disprofissional em condutas comigo pois Levou Suas Duas FILHAS para Trabalhar junto com ela no Conselho ai cortava o ATENDIMENTO para dar atenção as filhas saiu do computador e pegou uma folha para fazer todo o meu relato novamente pois deu o computador de uso para TRABALHO para a sua filha jogar joguinho espero que as AUTORIDADES CABÍVEIS tome alguma ATITUDE…
Cliquei no perfil do Face para conhecer um pouco do Jorge. Tem 15 amigos, não tem avatar (foto), "nasceu em 30 de maio de 1983" e a única postagem na linha do tempo compartilha artigo que escrevi no Seguinte: semana passada. É o artigo Conselheira tutelar desiste de ação por adicional no salários, sobre a própria Greicy ter aberto mão de acionar a Prefeitura para receber, junto a outros colegas, mais de R$ 100 mil em compensações salariais por ‘dedicação exclusiva’ ao cargo para o qual foram eleitos em 2015 para proteger crianças e adolescentes.
Vejam que as armas de Jorge evocam uma providência não em um dos tantos canais da democracia, mas no Grande Tribunal das Redes Sociais.
Liguei para Greicy Kelli, apesar de, para minha moral e empatia, não fazer nenhuma diferença. Constrangida, ela já tinha falado em “criança calma”, “estava com febre e não tinha com quem deixar”, “logo a vó buscou”, “fiz meu trabalho redondinho”, quando a interrompi. Eu só queria saber se ela tinha levado as crianças para o trabalho, para não comentar sobre um fake news. Ou crazy news, porque os grandes lances dos piores momentos estão em constante evolução nos dias de hoje.
Bom, então, aqui, eu, Rafael Martinelli, jornalista, pagador de impostos em Gravataí e sabedor de que levar crianças para o trabalho depende de uma combinação – e bom senso – entre empregado e empregador, na fração a que me cabe, permito com a autoridade de quem paga seu salário, que Greicy Kelli da Silveira Santos, leve seus filhos ao trabalho, desde que não constitua risco às crianças. Mais me agradará se elas forem brincalhonhas, arteiras e questionadoras.
Nada pode ser mais gratificante do que testemunhar um sentimento de criança, puro, sem amarras.
Se outros que, como eu, pagam o salário da funcionária pública Greicy não autorizarem crianças no recinto, que se manifestem.
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