A três mil quilômetros de Cachoeirinha a chave do cofre da prefeitura pode ter trocado de mãos.
O prefeito Miki Breier (PSB) levou para Palmas, capital do Tocantins, Gilson Stuart (PSB), cotado para trocar a secretaria de Modernização Administrativa e Gestão de Pessoas pela Fazenda, hoje comandada por Josué da Silva Francisco, o Josão.
Às vésperas do feriadão, os dois conheceram o programa Resolve, que reúne num mesmo local serviços municipais, estaduais e federais.
A reforma no secretariado é uma certeza, apesar de nem o prefeito, nem ninguém ter confirmado oficialmente ao Seguinte:. Além da ascensão de Stuart ao núcleo central do governo, que terá seu terceiro secretário da fazenda em menos de dois anos, Juliano Paz (PSB) retornará para a Governança e Gestão ainda como o número 1 de Miki, apesar da tentativa frustrada de retomar a cadeira a que o chefe renunciou na assembléia legislativa para assumir a prefeitura.
Na reengenharia do primeiro escalão, Nilo Moraes, que assumiu a vaga de Paz, deve voltar para o Planejamento, hoje nas mãos de Elvis Valcarenghi, indicação da cota pessoal de Miki. Fora do secretariado não fica. É o homem forte do MDB do vice Maurício Medeiros, de íntima relação com o prefeito.
Não será surpresa também um convite para Marco Barbosa (PSB) integrar o secretariado. Dissidente da campanha pela reeleição de José Ivo Sartori (MDB), o vereador seria um interlocutor com o governador eleito Eduardo Leite (PSDB), a quem apoiou no primeiro e segundo turno.
Seria também estratégico para segurar o ex-presidente da câmara no partido. Apesar de cunhado de Miki e histórico no PSB, circula no meio político revelação de pessoa próxima ao parlamentar de que ele estaria se aproximando do PSL de Jair Bolsonaro, com a perspectiva de concorrer a prefeito em 2020.
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Miki e José Stédile também já conversaram após a eleição. A conclusão dos dois é óbvia. Se a ‘guerra das pombas’ continuar, podem não sobrar penas até a próxima eleição municipal. O ‘efeito PT de Gravataí’ está na história para ensinar. Na década seguinte ao rompimento entre Daniel Bordignon e Sérgio Stasinski, em 2008, quando o ex-prefeito, mesmo impugnado, barrou a reeleição do então prefeito, o partido colheu um impeachment, de Rita Sanco, e uma sequência de ‘golpes’ das urnas. Nas últimas eleições para prefeitura, o partido fez menos votos que o PSol e não elegeu vereadores. Para quem não lembra, o afastamento das ‘pombas-mor’ de Cachoeirinha começou com a mágoa de Miki pela falta de apoio do ex-prefeito na maior greve da história do município; esquentou na eleição de Stédile para a presidência estadual contra o candidato do prefeito, Beto Albuquerque; e ferveu na eleição de 2018, quando concorreram à assembléia Paz, apoiado pelo prefeito, e o ex-prefeito Vicente Pires, preferido por Stédile.
O recado das urnas foi claro. Stédile perdeu a cadeira em Brasília, após dois mandatos. As votações de Paz e Vicente somadas não chegaram à de Miki na eleição de 2014.
A recomposição do governo, que pode ter anúncios já nesta semana, vai mostrar se o armistício sairá do discurso para uma participação maior do grupo de Stédile e Vicente no governo. Se isso acontecer, é porque a reeleição de Miki começa a ser digerida por Stédile – hoje, a única ameaça interna ao prefeito em 2020.
Ainda restará aos hábeis Miki e Stédile, parafraseando o vice-presidente eleito Hamilton Mourão sobre Magno Malta, “achar um deserto para um camelo”. No caso, Josão, eleito presidente do partido numa composição entre os dois, mas que deve perder a toda poderosa fazenda.
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