Se as denúncias tinham fundamento, a Polícia Civil ainda não confirma e investiga sob sigilo. Mas, quatro dias após uma ação conjunta entre a 2ª DP de Cachoeirinha e a 2ª DP de Gravataí para apurar casos de supostas tentativas de raptos de crianças na região, não chegaram mais às delegacias relatos como esses. São pelo menos quatro casos apurados em Cachoeirinha e outros três em Gravataí.
— Os casos em que as pessoas registraram ocorrência são todos semelhantes, dando conta de uma mulher loira e um homem, por vezes, acompanhados por mais um homem. Eles abordariam pessoas caminhando pela rua com suas crianças e, supostamente, tentariam arrancá-las dos responsáveis. Todos os relatos dizem que os suspeitos estavam em um carro, sempre diferente — diz o delegado Newton Martins de Souza Filho, titular da 2ª DP de Cachoeirinha.
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Na sexta, os agentes cumpriram pelo menos um mandado de busca, recolhendo materiais na casa de, pelo menos, uma pessoa suspeita. O delegado não confirma, em virtude do sigilo imposto pela Justiça a este e outros casos semelhantes na Região Metropolitana, mas uma mulher teria sido ouvida pelos policiais, que não confirmam, por enquanto, se a hipótese de tentativas de sequestros aleatórios é plausível.
— A única coisa que podemos dizer é que desde o dia 25 (quinta) não há outras denúncias e nem soubemos de outros boatos referentes a isso terem circulado em redes sociais. Ao menos, em Cachoeirinha — aponta o responsável pelos inquéritos.
Caso Eduarda sob sigilo
A onda de denúncias sobre supostas tentativas de sequestros — e até mesmo a proliferação de boatos em redes sociais sobre desaparecimentos de crianças — ganhou força com a morte da menina Eduarda Herrera de Mello, de nove anos. Ela foi encontrada morta por afogamento às margens do Rio Gravataí, em Alvorada, próximo do limite com Gravataí, no último dia 22 de outubro. No dia seguinte ao crime, o Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca) divulgou um retrato falado do suspeito de tê-la raptado da frente de casa, no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre, na noite anterior, e a comoção foi generalizada.
— Todas as denúncias têm sido apuradas, mas reduziram bastante desde o final da última semana. Por um lado, é bom que a população fique mais atenta à segurança das crianças, tome mais cuidados e denuncie à polícia. Por outro, o risco de compartilhar boatos cria pânico generalizado. Sempre orientamos a procurarem a polícia, porque estamos dando o devido encaminhamento a todas as suspeitas — garante a diretora do Deca, delegada Adriana Regina da Costa.
: Retrato falado de suspeito do rapto de Eduarda foi divulgado semana passada
Ela não detalha a apuração do caso Eduarda, que corre sob sigilo, mas assegura que nenhuma das denúncias apuradas até o momento se assemelha ao modus operandi do criminoso que atacou a menina na zona norte da Capital.
— Em nenhum caso verificado até agora é possível afirmar que era realmente uma tentativa de sequestro. Muitas vezes é até um assalto e as pessoas, assustadas, relatam como a tentativa de levar as crianças — diz a delegada.
Até o começo desta semana, ocorrências semelhantes foram registradas, além de Gravataí e Cachoeirinha, em Porto Alegre, São Leopoldo, Tramandaí, Caxias do Sul, Alegrete, Uruguaiana e Bom Princípio. Os alvos seriam crianças entre três e 13 anos.
Nos casos da Capital, houve até mesmo depredação de uma delegacia e de ônibus após protestos motivados, segundo a polícia, por boatos. Em Gravataí, grupos no Facebook chegaram a convocar para um protesto em defesa das crianças no final da última semana, mas a manifestação não aconteceu.
DISQUE-DENÚNCIA
: Se você tiver informações que possam levar a polícia ao suspeito, ou que esclareçam algum ponto do crime, denuncie anonimamente ao Deca, pelo 0800 6426400.