coluna da sônia

O que achei da Ronda Crioula?

FOTO | AsCom/PMC

A Ronda Crioula de Cachoeirinha tem ampla vantagem frente a outros eventos locais, como a Feira do Livro, por exemplo, que já borboleteou por toda a cidade e por todo o calendário, com altos e baixos, de acordo com a vontade dos prefeitos de turno, tanto que, em um ano recente, nem ocorreu.

O fato de se realizar sempre no mesmo período, acompanhando o calendário cultural do Estado, e, há anos, no mesmo local — o CTG Rancho da Saudade —, faz com que a mobilização da comunidade seja muito mais fácil e, cá entre nós, há um trabalho consolidado, de formação de público, na área do Tradicionalismo, realizado, há várias décadas, pelos CTGs,  enquanto estamos apenas engatinhando, na área da formação de leitores e de mediadores da leitura, sobretudo fora dos muros das escolas. 

Desde que cheguei a Cachoeirinha, em 2000 (quando a Ronda ainda ocorria no local onde, atualmente, está o Parcão), participei do evento todos os anos, talvez com um espírito diferente de muitas outras pessoas, pois, apesar da origem são-borjense do lado paterno da família da minha mãe, o Tradicionalismo não fez parte da minha história.  

Mas gosto, sobretudo, do clima de camaradagem dos piquetes, das rodas de chimarrão e da comida campeira feita a muitas mãos. E acho uma delícia encontrar um monte de gente amiga ou conhecida no mesmo lugar, o que supre, ao menos por alguns dias, a falta que sinto, nesta cidade, de uma praça central ou de outros lugares em que circule gente de várias tribos.

Ocorre que, aqui em Cachoeirinha, a vida social está muito ligada às igrejas, aos CTGs, aos partidos políticos, ao Rotary e a outras entidades. E, como eu sou um caso perdido para participar de grupos com regras rígidas (minhas experiências, neste sentido, foram um fracasso), e não me acostumo com esta ideia de “cada um no seu quadrado”, estou sempre clamando por ambientes de convivência social não excludentes. Mas, na Ronda, todo mundo pode ir, e muita gente vai. 

Sobre a edição deste ano, graças à criação da Associação dos Piqueteiros de Apoio ao Tradicionalismo de Cachoeirinha – Apat, houve algumas melhorias importantes na infraestrutura do Centro de Eventos do CTG, entre elas a instalação de mais uma cisterna; a relocalização de alguns piquetes, para facilitar a passagem eventual de caminhões dos bombeiros; e a colocação de brita nos caminhos. Além disso, a maioria dos piqueteiros se puxou na apresentação, na limpeza e na animação de seus espaços.  

Embora os bailes e shows, para os quais não fiquei, tenham sido, pelo que me contam, um êxito, senti falta de uma programação mais variada e vibrante durante o dia, sobretudo para o público infantil e juvenil. Teria sido legal haver um piquete da Smed, que servisse de ponto de referência para as escolas e lhes oferecesse atividades, assim como um espaço em que a Biblioteca Pública Municipal Monteiro Lobato, a exemplo de anos anteriores, disponibilizasse ao público livros de seu acervo sobre a história e as tradições do RS.

Na primeira vez em que levei meu filho Bruno, ainda pequeno, à Ronda, ele não parava de me fazer perguntas: “O que é aquele fogo ali (ele se referia à chama crioula)?”, “Por que essas mulheres estão vestidas assim?”, “Por que os homens entraram a cavalo aqui dentro?… De repente, ele concluiu: “Mãe, acho que tinha de haver uns cartazes, bem na entrada deste lugar, explicando todas estas coisas, pois nem todo mundo sabe”. E tive de concordar com ele: Seria mesmo legal que houvesse, nas Rondas Crioulas, uma exposição bem didática sobre a história e as tradições do RS. 

Para o próximo ano, gostaria de ver, também, o retorno da mostra de utensílios campeiros; do concurso gastronômico entre os piquetes e dos campeonatos de bodoque e de bocha, entre outros.

A propósito, não havia, também, um concurso que premiava o melhor piquete?

 

 

 

 

 

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