Deivity, Cachopa, Pedro, Róbson, Testa… e o Cidinho. Lembra destes nomes?
Eram os guris que, pela primeira vez, lá em 2005, ainda com 17 anos, vestiram o manto tricolor de Gravataí em um Gauchão da categoria Sub-17. Seria o primeiro passo para uma profissionalização que se concretizou dois anos depois, na primeira competição profissional no Estado. Não, esta lembrança do futebol gravataiense não ficará mais empoeirada. Agora é oficial, Gravataí voltará a ter um time pra chamar de seu.
O Cerâmica confirmou a participação na Copa FGF Sub-19 deste ano, com estreia no domingo, dia 19, contra o Guarany, em Camaquã. Na segunda rodada, será o momento do tricolor reencontrar a torcida no Vieirão. À frente desta corajosa empreitada de reerguer o Cerâmica, depois de três anos longe das competições oficiais, estão os mesmos abnegados que, 13 anos atrás, também mataram no peito a responsabilidade de fazer do clube amador um dos mais impressionantes casos de crescimento do futebol gaúcho.
— Quando decidimos encarar e fazer a volta do Cerâmica, a partir do Sub-19, dá uma saudade de quando começamos, daquela gurizada que revelamos aqui. Mas também uma tristeza, de ver que anos depois, aquilo tudo foi perdido. O torcedor e a comunidade de Gravataí podem ter certeza que faremos tudo de novo e muito melhor, para que não se perca com o tempo — diz Paulo César Magalhães, o PC.
: PC (esquerda) e Felipe Harzheim (direita) juntos outra vez para reerguer o clube | DIVULGAÇÃO
De volta às origens
PC será o técnico do time Sub-19 que defenderá o verde, amarelo e preto. Em 2005, foi ele também quem comandou aquela equipe Sub-17, e posteriormente, o primeiro time profissional de Gravataí.
Quem preside o Cerâmica é Décio Becker, o mesmo nome que virou notícia em todo o Estado ao levar o clube do amadorismo à primeira divisão do Gauchão em quatro anos, mas esta história de ressurgimento não tem exatamente o protagonismo de cartolas para acontecer. Se a origem do clube é o chão de fábrica, a volta que se programa agora, veio da casamata. E tem o escudeiro do PC, o preparador físico Felipe Harzheim como um líder.
— Eu voltei ao Cerâmica neste ano, e estava decidido a recuperar o que construímos. Eu não sabia exatamente como fazer isso, mas vontade não faltava. Junto com alguns pais, organizamos tudo para recolocar o clube de volta no caminho das competições oficiais — diz.
Felipe é um dos responsáveis pela escolinha do clube, que não parou. Havia pendências do clube com a FGF e a CBF, que foram colocadas em dia. Junto com PC, o preparador começou a montagem do grupo de jogadores para o Sub-19. Atualmente, são 18 atletas desta categoria e outros do Sub-17, que reforçarão o grupo. É possível que novas avaliações sejam feitas para complementar e qualificar o time.
Uma torcida… com um time
Uma coisa é certa. A gurizada que possivelmente marcará o seu nome, como aqueles de 2005, como a que vestiu esta camisa para o reinício de uma história, não estará sozinha. Foi só a confirmação do clube ser divulgada nas redes sociais que os integrantes da Ceramáquina, a torcida organizada do Cerâmica, já estavam mobilizados para organizar o transporte a Camaquã.
— Nós sonhamos anos com este retorno. Muitas vezes, ficou próximo e, em segundos, estava distante novamente. A torcida sempre seguiu a ideologia de levar o nome do clube onde fosse. Mesmo afastado do futebol profissional desde 2015, o amor nunca mudou — conta o radialista Jéferson Couto, que é um dos criadores da torcida.
Quem não lembra, lá em 2016, de uma competição das categorias de base, organizada pela CBF, com jogos no Vieirão, em que a Ceramáquina apareceu e virou notícia nacional: virou a torcida sem clube. Como uma nação sem país.
O primeiro passo
Pois o Vieirão, depois de virar casa emprestada do Cruzeiro, e, agora, do futebol feminino do Grêmio, finalmente será do Cerâmica outra vez. Ainda não como time profissional, mas outra vez em uma competição estadual oficial.
— A nossa história não pode parar. Estamos voltando, e a força de Gravataí vem com a gente. Espero que, cada vez mais, a cidade apoie o clube — diz o torcedor, que carrega o símbolo e parte do hino do Cerâmica tatuados no corpo.
O Cerâmica foi confirmado pela FGF no Grupo B da Copa Sub-19, ao lado de Guerany, de Camaquã, Novo Hamburgo, Brasil, de Pelotas, PRS, de Garibaldi, Rio Grande e União, de Canoas. Acompanha a tabela de jogos e a classificação da Copa FGF Sub-19.
O Cêra está de volta.