Dimas Costa fez 37 anos neste sábado. Daniel Bordignon, 59, em 21 de julho, mas comemorou o aniversário na mesma noite. As duas festas, de antigos aliados, em lugares diferentes mas no mesmo horário, foram uma espécie de prévia da oposição para a eleição à prefeitura.
– A eleição de 2020 já começou – não escondeu o vereador, que antecipou ser candidato a prefeito daqui a dois anos, falando ao microfone sem fio em meio à multidão que reuniu no CTG Laço da Amizade para lançar sua pré-candidatura a deputado estadual.
– Queremos formar uma grande frente para 2020 – foi uma das únicas manifestações do ex-prefeito ao microfone, quase ao mesmo tempo, num CTG Aldeia dos Anjos onde reuniu amigos e apoiadores mais próximos, longe das grandes festas do passado, onde até um lonão era estendido para ampliar os salões, o pátio engarrafava e se fazia fila para entrar.
A senha “2020” foi dada por Bordignon ao saudar a presença de dois vereadores que não são do seu PDT: Dilamar Soares (PSD), irmão, mas antagonista de Dimas, e Paulo Silveira (PSB) – este, minutos depois, também presente na festa do outro aniversariante, que inclusive saudou ao microfone.
– O PMDB não vence no voto, sempre tem um golpe antes, tomam os governos de assalto. Aqui em Gravataí não foi diferente – disse Rosane, possivelmente referindo-se ao golpeachment em Rita Sanco (PT) e às três impugnações que permitem ao marido concorrer apenas em 2022, e tiveram como conseqüência a eleição e reeleição do prefeito Marco Alba (MDB), em 2017 vencendo-a por uma diferença de 4.016 votos.
– Gravataí tem saudade de ti, meu comandante. Está muito mal administrada, temos que voltar à prefeitura e fazer um governo do jeito que Gravataí merece – entrou no ‘modo 2020’ o vereador pedetista Demétrio Tafras.
Os convidados das duas festas mostraram o vai-e-vem da gangorra de forças da oposição, onde, em resumo, Dimas e Rosane, azarões na disputa pela assembléia legislativa, concorrem mais para medir votos em 2018 e ver quem larga melhor entre os oposicionistas na eleição para a prefeitura.
No aniversário de Bordignon, que ao lado de Rosane apresentou Afonso Motta como o candidato do casal a deputado federal, o convidado especial foi Jairo Jorge.
– O Bordignon foi um dos melhores prefeitos do estado. Quero a experiência dele ao meu lado – disse o candidato a governador, companheiro do ex-prefeito desde o PT, cuja entrevista o Seguinte: publica nesta terça-feira.
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Na festa de Dimas, o crooner da noite foi Mano Changes, candidato a deputado federal pelo PV e, pelos indícios, em dobradinha com Dimas, mesmo que estejam em coligações diferentes. Acompanhando o músico, que cantou hits da Comunidade Nin-Jitsu, estava o pai Cláudio Bier (vice-presidente da Fiergs que é candidato a vice de Jairo Jorge) e o presidente estadual dos verdes, Márcio Souza, indicado pelo pedetista como coordenador da campanha na região metropolitana.
Dimas, apesar de correr das fotos com o gringo na convenção da semana passada, é do PSD que tem José Cairoli como vice de José Ivo Sartori (MDB), candidaturas que se recusa apoiar.
– O PV está de braços abertos para ti. E tu tem que ser prefeito de Gravataí – convidou Mano, na latinha, mesmo que o partido faça parte do governo Marco Alba e da base de sustentação na câmara, com o presidente Airton Leal.
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Quem acha que o afastamento é jogadinha de Bordignon e Dimas, o antagonismo do momento entre os dois grupos políticos pode ser confirmado numa personagem símbolo: o advogado Cláudio Ávila, que se notabilizou por ser o algoz da cassação de Rita em 2011 e, em 2016, por ter, como vice, ao lado de Daniel Bordignon, vencido a eleição depois anulada pela justiça eleitoral.
– Se na eleição suplementar nosso candidato tivesse sido o Dimas, não tenho dúvidas de que hoje seria o prefeito – discursou Ávila, que naquele ano, ao lado do vereador, seguiu Bordignon no apoio a Rosane.
Com uma diferença de minutos, a um quilômetro e meio dali, Bordignon desculpava-se por, no passado, ter “andado com as pessoas erradas” e “apresentado os candidatos errados” – certamente em referência a Ávila, com quem tem uma disputa judicial; a Sérgio Stasinski, a quem ungiu prefeito e hoje é presidente dos verdes e, quem sabe, ao próprio Dimas, que se descolou de sua influência.
Muita gente que estava na festa de Bordignon, já esteve em comemorações de Dimas. Outros tantos que estavam na festa de Dimas, já estiveram em festas de Bordignon. Na noite do sábado, teve até quem chegou com convites no aniversário errado.
Como Gravataí não terá segundo turno em 2020, não dá nem para prever que os ‘Bordignons’ e Dimas estarão juntos – como Lula, ou o poste do Lula, e Ciro Gomes – contra a candidatura do governo Marco Alba. Hoje, os dois grupos disputam espaço para ver quem é ‘o cara’ ou ‘a cara’ da oposição. Se a eleição fosse hoje, seriam duas caras, Rosane e Dimas.
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