Desde ontem o assunto até de motorista de Uber é o atraque dos fiscais da prefeitura na padaria em três rodas do Deadpool, o super-herói de Gravataí que ganhou o povo depois de aparecer no programa da Eliana, no SBT, mês passado.
O ex-garçom Fernando Pacheco, que se traveste da personagem, já tinha sido um dos campeões de leitura do Seguinte:, quando contou que sobrevivia e pagava a faculdade de educação física na Ulbra com a venda de pães caseiros, que ele mesmo prepara – comprando os ingredientes ou usando de doações – e vende em uma bicicleta com um baú e guarda-sol adaptados, revertendo 25 centavos de cada real que ganha para montar e doar cestas básicas para famílias carentes.
As mensagens de solidariedade e os vídeos postados pelo jovem de 20 anos viralizaram no Facebook. Um deles – onde ele conta como foi proibido de vender seus pãezinhos no centro – até o fim de semana chega fácil as 100 mil visualizações.
Conforme a versão da prefeitura, Fernando foi alertado por fiscais que a legislação não lhe permite ficar com a bicicleta-padaria estacionada na área central. Na abordagem, os agentes da secretaria de desenvolvimento econômico também constaram que o ambulante não tinha licença para a venda do pão.
– O prefeito vai recebê-lo na segunda. Vamos orientá-lo sobre como fazer a regularização. É simples: com RG, CPF e comprovante de residência já sai com uma licença provisória enquanto tramita a papelada – explicou há pouco Luiz Fernando Aquino, coordenador de comunicação.
– Acho que por ter aparecido para milhões de pessoas na tv eu chamei atenção. Mas se eu sou um problema para a prefeitura, vou fazer a regularização – disse Fernando ao colunista, na tarde deste feriado.
Uma das coisas que me chamou a atenção na polêmica, em meio a mensagens de incentivo para que o jovem siga sua ação social, foi o que considero uma ‘solidariedade de TV aberta’ de algumas pessoas:
– Por que os haitianos podem e ele não pode? – postaram vários internautas.
Na verdade, desrespeitando a legislação que não permite ambulantes fixos no centro, ou sem licença para comercialização de gêneros alimentícios, nem o menino bom que apareceu em rede nacional e ajuda os carentes, nem o imigrante desempregado que luta para sobreviver pode vender produtos na rua.
É a lei em vigor, mas por óbvio é também um problema social, que precisa ser tratado com orientação e sensibilidade.
Como comentarista da área, não poderia deixar de também abordar as perdas e ganhos políticos advindos do incidente.
No Grande Tribunal das Redes Sociais, o prefeito Marco Alba, que soube da fiscalização apenas quando a polêmica ganhou as redes sociais, apanha desde a quarta-feira como um governador quando a PM bate em professor.
Já para o Deapool, foi o dia em que ele se tornou um super-herói político, já que é uma das apostas do PPS para concorrer a vereador em 2020.
– É um dos nossos principais nomes, mas por enquanto ele não quer saber de política, só quer ajudar o pessoal – diz Eliseu Monteiro, presidente do partido ao qual Fernando está filiado.
Mas a polêmica – e, para confirmar, temos como vereador eleito Wagner Padilha, o Tô de Olho no Buraco – é sempre um superpoder na política.
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Assista a reportagem do Silvestre Silva Santos, onde o Deadpool conta sua história ao Seguinte: