Se onde há fumaça, há fogo, Darci Lima da Rosa (PRB) e Jean Medinger (PSD) logo sentirão o calor das chamas de uma ‘fogueira santa’. Ninguém fala em on, mas em off a fofoca em Glorinha e além fronteiras é que há uma conspiração pelo impeachment do prefeito e do vice.
Darci seria expiado no Monte Sinai da política por dois irmãos de seu PRB, partido cujo sobrenome é Igreja Universal do Reino de Deus: o presidente municipal Monteiro Lima – ligado ao presidente estadual e deputado federal Carlos Gomes – e o presidente da Câmara Érico Scherer, que assumiria como prefeito.
A fogueira das vaidades acendeu após Monteiro ter sido demitido por Jean nos primeiros 15 minutos após o vice assumir a prefeitura na semana passada, nas férias do prefeito. Ele já tinha sido exonerado no ano passado, após brigar com Jean, mas foi readmitido como secretário de obras em janeiro, numa reconciliação de Darci com a cúpula do partido. Agora, depois da nova demissão, Monteiro fez um post no facebook – cuja motivação eram críticas a emendas impositivas podadas pelo governo – que é uma sessão de descarrego.
Despreparado, rancoroso, covarde, pequeno, rasteiro, desajustado, fora da lei e ficha suja, foram os adjetivos usados para o vice-prefeito.
Sem palavra, capacho, recalcado, parado no tempo e sem noção administrativa foi o que sobrou para o prefeito.
Monteiro acusa Darci de “perder todo prestígio que lhe foi dado através de um projeto elaborado por pessoas sérias e um partido que apostou errado em uma majoritária medíocre, que consegue falir um município em pouco mais de um ano”.
O sinal para o impeachment, o presidente e ex-secretário dá após pedir “desculpas” à população:
– Nada é para sempre, assim como se coloca, se tira.
O vereador João Soares (PP), um dos principais opositores do governo na câmara, aumentou o suspense na última sessão:
– Aguardem setembro – disse, na tribuna.
Para aprovar o afastamento do prefeito e vice seria preciso quórum qualificado de dois terços dos nove vereadores, ou seis votos. Darci tinha construído uma maioria de cinco parlamentares: Silvia Eccel (PSD), Everaldo Raupp (PMDB), Flávio Soares (PP), Ademar Oliveira (PDT) e Érico. A oposição até então tinha João Soares (PP), Alemão Schmidt (PMDB), Oscar Berlitz (PMDB) e Geani Duarte (PMDB).
Hoje secretário de Obras, Ademar – substituído no legislativo pelo suplente Delmir Maciel (PSD) – seria o alvo das investidas para dar o voto decisivo, já que se houver maioria, o presidente da câmara votaria com a oposição.
– Não sei nada disso – despistou Ademar, o único localizado pelo Seguinte: nesta tarde.
A assessoria de Érico anotou recado, mas o presidente não retornou as ligações. Por mais de uma vez o celular de Darci só chamou e o do vice não completou a ligação.
Pode tudo não ultrapassar a barreira do desejo – e da fofoca – mas uma fonte que conhece tudo da política de Glorinha confirma os rumores.
Você pode estar se perguntando: mas, afinal, quais são os pecados para o impeachment? Ao que parece, a denúncia será montada só após os votos estarem garantidos. Em outras palavras, seria um impeachment político, aos moldes do que foi feito com Dilma Rousseff lá no Planalto, e aqui na planície com Rita Sanco, em Gravataí.
Um golpeachment.
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