Da série me cortem os tubos! Me aguentem ou…
Ainda na onda da Copa do Mundo da Rússia 2018 que tem desfecho neste final de semana, e na sequência dos meus infortúnios futebolísticos como o que contei nesta seção de minha coluna, semana passada, sigo…
Pois bem!
Meu início no ramo das comunicações se deu, efetivamente, no rádio. Foi em 1978, lá em Cachoeira do Sul, então de fato a Capital Nacional do Arroz. Eu era um principiante na já veterana Rádio Cachoeira, ZYK 216, 1.090 Khz. Como tal, tinha que me entrosar, participar das atividades com os colegas.
Do alto dos meus 20 anos, muita coisa ainda era uma grande novidade e eu precisava conhecer mais, conviver mais, participar mais, para ganhar mais confiança, apoio e consideração dos colegas. Acompanhava a turma onde quer que a turma fosse. E acabava em cada buraco! Literalmente…
Acho que foi em 1980, não mais do que isso, o Jornal do Povo (onde acabei trabalhando mais adiante) estaria comemorando aniversário de fundação e acabou promovendo um torneio de futebol de salão entre os meios de comunicação da cidade. Eram, então, três emissoras de rádio e um jornal.
E era futebol de salão, sim. Futsal só veio bem depois.
Como eu já tinha jogado como goleiro em torneio estudantil municipal, pela turma da escola que frequentava, a Escola Estadual Borges de Medeiros – em que saímos campeões –, habilitei-me, todo confiante, a atuar na mesma posição pelo time da Rádio Cachoeira.
Mas eu precisava fazer bonito.
Nem sei por quais cargas d’agua eu tinha que fazer bonito.
Sequer tinha namorada, ainda. Não esqueçam, ainda estava começando a conhecer o mundo!
Mas para apresentar-me bem eu tinha que investir.
Passei na Casa Bacchin, conceituada loja de calçados e materiais esportivos que havia na cidade. Os mais antigos, que ainda bebem ou já beberam da água do Jacuí e que estão me lendo agora, se recordarão. Em longas e suaves prestações negociei luvas de goleiro, cotoveleiras, joelheiras, calção daqueles com espuma nas laterais, uma camiseta que só faltava falar – verde, nunca esqueci! – e um par de tênis de goleiro…
No dia do torneio todo mundo se amontoava em um dos vestiários do ginásio da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB), bem no centro da cidade. Daqueles ginásios com arquibancada só de um lado da quadra. Público diminuto, apenas os familiares dos ‘atletas’ envolvidos e alguns curiosos.
Felizmente não recordo de alguém que tenha ido conferir meu desempenho.
O primeiro jogo foi entre as rádios Fandango e Princesa do Jacuí. Faríamos a segunda partida, confrontos definidos por sorteio, justo contra o time do jornal aniversariante. O placar não deixou dúvida sobre qual equipe se candidatava ao troféu: Retumbantes 13 a 1.
Para eles, do jornal!
Eu tinha sido vazado 13 vezes. Devo ter desviado alguns chutes contra a goleira que defendia, mas estava atônito com a saraivada de bolas que eram disparadas em minha direção. Saí de quadra, ao final da partida, sem dar entrevistas. Passei correndo pela “zona mista”…
Como o torneio só continuaria à tarde, e ao meio dia tínhamos um almoço de confraternização, fui para o vestiário cabisbaixo. Me troquei, deixei o fardamento de lado, em algum canto ou sobre um banco, e fui almoçar. Galeto com salada de batata, cerveja e refrigerantes.
Quando, bem mais tarde, todos concordaram que deveríamos voltar à quadra para definir quem seria o terceiro colocado e quem ergueria a taça, corri para o vestiário para me paramentar. Afinal, faríamos o primeiro jogo contra o pessoal da Princesa do Jacuí, que havia perdido para a Fandango.
Já no vestiário, se deu o pior. E não foi por conta do almoço que poderia estar causando algum rebuliço intestinal, ou das ‘fantas’ que poderiam estar me causando uma confusão mental…
Pois é.
Haviam me roubado, surrupiado, carregado, levado, todo meu fardamento. E eu ainda teria pela frente nada mais, nada menos, que 12 meses para pagar. Depois dessa, definitivamente, encerrei a minha – quiçá promissora! – carreira no mundo esportivo.
Por estas e outras que digo: para o mundo que eu quero descer. Ah, e aproveita e me corta os tubos, por favor!