Se alguém de Gravataí ainda nutria alguma esperança em subir ao último andar da anunciada torre mais alta do Rio Grande do Sul e de lá, à noite, enxergar até as luzes da cidade de Caxias do Sul como o – então bem sucedido – empresário Lourival Rodrigues chegou a anunciar, ‘pode tirar o cavalinho da chuva’.
Caso alguma pessoa financeiramente abastada ainda alimentava o sonho de viajar da capital a Gravataí a bordo de um helicóptero e descer no heliponto no topo do Majestic Tower, que ficaria ali atrás do Gravataí Shopping Center, pode se conformar porque vai ter que continuar enfrentando o trânsito pesado desde Porto Alegre a bordo do seu bólido importado tocado por motorista de quepe e gravata.
E se por ventura, alguma viva alma cá da aldeia ou de onde quer que fosse ainda sonhava em jantar no panorâmico restaurante rotativo que ficaria num dos últimos andares do prédio de arquitetura futurista, vai ter que se contentar com os tradicionais self service do centro da cidade ou, continuar frequentando a cozinha da própria casa.
Foram estas três diferenças-vantagens-singularidades que me chamaram a atenção naquele em 24 de agosto de 2012, quando um entusiasmado Lourival reuniu autoridades de Gravataí e região, mais os donos e corretores de imobiliárias da capital e da Grande Porto Alegre para o lançamento daquele que seria o mais suntuoso, vistoso e cobiçado prédio da Região Metropolitana.
A bolha estourou
O prédio que teria altura suficiente para bater o Edifício Parque do Sol, de Caxias do Sul, não saiu um metro sequer do solo, terreno onde estão depositados uns 12 tubos quadrados para escoamento pluvial. Assim como não andaram as duas torres comerciais e as três residenciais (estas viradas apenas em esqueletos de concreto e tijolos).
As empresas de Lourival Rodrigues e do filho Ciro foram, literalmente, para o espaço. A bolha estourou e até o fornecimento de energia chegou a ser cortado no Shopping de Gravataí quando este ainda era de propriedade do M. Grupo. Lourival perdeu o shopping aqui da aldeia dos anjos, parte do shopping de Lajeado e um hotel em Bagé para os investidores.
Mais recentemente, depois de decretada a falência da Magazine Incorporações S.A. (razão social que abriga, entre outras mais de 100 empresas, o M. Grupo) pela 6ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), tornou-se pública a informação de que cerca de 500 unidades habitacionais deixaram de ser entregues e que as dívidas somavam mais de meio milhão de reais.
: Lourival Rodrigues, o dono do M. Grupo.
R$ 1 bilhão bloqueado
O golpe quase fatal veio entre o final de maio e o começo de junho passado: A Justiça determinou o bloqueio de nada menos que R$ 1 bilhão, a pedido da Medeiros & Medeiros Administradora Judicial, que administra a massa falida da Magazine Incorporações, a holding que abriga 116 empresas administradas por Lourival e Ciro Rodrigues, pai e filho, donos do conglomerado.
Mais precisamente R$ 1.038.736.424,58, dinheiro que torna a falência da Magazine superavitária, a primeira do gênero no estado. Ou seja: valor suficiente para pagar o que deve e concluir e entregar aos adquirentes as obras em prédios de salas comerciais, residenciais e hotéis, entre outros investimentos.
E dinheiro suficiente também para mandar erguer o Majestic Business Tower, um investimento de R$ 140 milhões à época, prédio que teve parte das salas comercializadas no dia do lançamento em que não faltou caviar com espumante importado e uísque da melhor qualidade para cerca de 500 pessoas reunidas no salão principal da Associação Leopoldina Juvenil, um nobre endereço da rua Marquês do Herval no chique bairro Moinhos de Vento.
Sei, porque estava lá, um dos jornalistas presentes e a quem o empreendedor Lourival chamava pelo nome em seus discursos, ou quando precisava obter ou me dar informações profissionais.
Confira o vídeo institucional produzido pelo M. Grupo para o lançamento do Majestic Business Tower, em 2012:
Leilão de imóveis
A última notícia é desta quinta-feira e dá conta que bens da Magazine Incorporações S.A. vão ser levados à leilão, inclusive o terreno que fica atrás do Gravataí Shopping Center e no qual deveria estar fervilhando o Majestic Business Tower, pelo entra e sai de engravatados cidadãos e bem vestidas cidadãs da sociedade e do mundo dos negócios gravataienses.
Segundo a jornalista Giane Guerra noticiou hoje em sua coluna no www.gauchazh.com.br, o imóvel que fica na aldeia tem preço avaliado em R$ 831.720,00. Mas não é só ele. Um terreno em Itapuã, Viamão, deve ser leiloado por preço a partir de R$ 924 mil e um terceiro, mais valorizado ainda (coisa de R$ 2 milhões) fica em Bom Princípio, na subida para a Serra pela rodovia RS-122.
O leiloeiro Naio Raupp disse para Giane que há ainda na relação outros bens que serão apresentados no leilão, público, que vai ser realizado no Forum Central de Porto Alegre no próximo dia 9 de agosto. O leilão é presencial mas os interessados poderão fazer lances também através da internet. Raupp não disse onde vai acontecer o pregão.
: Terreno onde seria erguido o Majestic, vai a leilão
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O MAJESTIC BUSINESS TOWER
: Prédio mais alto do Rio Grande do Sul, com 42 andares, 132 metros
: Arquitetura única
: Integração com o Shopping Gravataí e Hotel InterCity
: Localização estratégica, modalidade urbana
: 287 conjuntos comerciais
: Salas de 29 metros quadrados a 967 metros quadrados privativos.
: Office com sacada
: Office Duplex
: Office Loft
: Recepção com pé-direito triplo
: Centro de convenção com vista 360 graus
: Mall no térreo
: Vestiário para funcionários dos offices
: Refeitório pra funcionários dos offices
: Elevadores com alta potência
: 4 salas de reuniões
: 2 centros de convenções
: 2 auditórios
: Coffe na recepção
: Praça verde sustentável
: Heliponto
EM IMAGENS
Como seria o Majestic Business Tower: