Na segunda da reportagem da série Lugares – O Morro do Itacolomi como você nunca viu, que é a nova seção de O Melhor de Gravataí, a editoria de boas histórias do Seguinte:, conheça a sensacional história e legado do desbravador do nosso cartão postal, cuja paralisia infantil não impediu de abrir caminho pela primeira via de escaladas do Rio Grande do Sul. A sequência completa das matérias você também pode ler em nossa edição impressa, que já circula com 10 mil exemplares
É impossível falar do Morro Itacolomi e não falar de Edgar Kittelmann e de Luiz Gonzaga Cony, que em 1952 escalaram pela primeira vez o Pico dos Corvos, como é conhecido o conjunto de morros do Itacolomi.
Mas engana-se quem pensa que a tarefa foi fácil.
A dupla precisou de dois anos de muito estudo para atingir o topo e da ajuda do alpinista italiano Giuseppe Gambaro, que ensinou algumas técnicas utilizadas para escalar a rocha.
Quem confirma é o filho de Edgar, Fernando Kittelmann.
– Com equipamentos improvisados confeccionados na garagem de casa, força de vontade e espírito aventureiro eles conquistaram a primeira via de escaladas do Rio Grande do Sul.
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O filho conta com orgulho que o pai mesmo com problema em uma das pernas devido a paralisia infantil, nunca deixou de praticar esportes.
– Ele era de tudo um pouco, ciclista, canoísta, montanhista, nadador, instrumentista, além de ser muito bom construindo manualmente caiaques em madeira. Ele era fotógrafo também e naquela época revelava as fotos do morro numa peça lá de casa.
: Fase sul do Pico do Itacolomi onde é possível ver as Pedras dos Cachorrinhos
: Rapel, na face sul do morro, realizado por Edgar Kittelmann
Pedido de casamento em cima do Morro
Kittelmann tinha o Itacolomi como sua primeira casa e o amor pelo lugar era tanto que foi lá no alto do morro que ele resolveu pedir a mão da esposa Iris em casamento.
Considerado o patrono do montanhismo gaúcho, Edgar faleceu aos 77 anos, vítima de uma complicação hospitalar.
– Fico feliz em ver mais pessoas escalando e dando continuidade a paixão do meu pai – emociona-se o filho, que ajuda a difundir a história do patriarca da família.
: Edgar Kittelmann em escalada na região do Pico do Itacolomi
Legado que permanece
Os caminhos de excelente qualidade e o fácil acesso fazem do Itacolomi um dos mais procurados pelos escaladores da região. Berço do montanhismo do Estado, apresenta vias com graus de dificuldade fáceis a moderados.
– Por ser campo escola, tem vias de 4 a 9 graus com grande aproveitamento de todos os lados da montanha. Por trilha se chega até a base das vias, mas para acessar o topo do Itacolomi somente escalando. Portanto é necessário dominar as técnicas básicas de segurança e escalada – explica Leandro Todeschini da Associação Gaúcha de Montanhismo.
O integrante da diretoria da AGM conta que há alguns anos a associação vem promovendo ações de recuperação e preservação do local, com o auxílio da comunidade.
– A AGM instalou três placas de avisos nas trilhas com o objetivo de informar os visitantes que o local é um centro histórico de prática do esporte de escalada e que devemos respeitar normas éticas de conduta na natureza. O morro tem como formação rochosa o arenito que se deteriora com maior facilidade que outros locais, portanto é necessário esse cuidado com o local.
Além das placas informativas a organização sem fins lucrativos também realiza atividades sociais na região.
– Realizamos a remoção das pichações, doando produtos e materiais, promovemos o projeto Ita Aquecido, onde juntamos doações de roupas para a escola São Marcos, ajudando a comunidade local. Em breve será feita a manutenção de vias de escaladas com a troca de proteções e pinos melhorando a segurança dos escaladores.
Todeschini lamenta que após anos de trabalho educativo da associação, o vandalismo persiste.
– Devemos sempre melhorar o cuidado com a natureza, a preservação do meio ambiente e a respeitar a população local. Não podemos esquecer que os escaladores e visitantes que lá estão praticando seu esporte, são responsáveis por auxiliar nesses cuidados. A regra adotada pelos montanhistas é sempre deixar o local melhor do que encontrou.
: A AGM é uma organização sem fins lucrativos fundada em 2000 para unir praticantes de escaladas.
Apaixonados por altura
O estudante Lucas Ramos conta que o Itacolomi tem vias no estilo tradicional, ideal para quem está começando a dar suas primeiras guiadas. Algumas delas mesclam proteções fixas e móveis, propiciando um enorme aprendizado a escaladores iniciantes e intermediários. Ele salienta que por causa do clima, é possível escalar em qualquer época do ano no Itacolomi. A única recomendação é não fazer a prática em dias com chuva ou vento muito forte.
– Escalamos sempre, mas acho que na primavera é a melhor época, pois a temperatura está mais agradável, além de deixar a textura da rocha em condições perfeitas.
Para a escalada, outra dica de Lucas é a utilização de roupas leves, camisetas ou regatas com tecidos que auxiliam a respiração da pele e também boné ou bandanas, para prender o cabelo e proteger do sol.
– Alguns frequentadores acampam no morro, para admirar o pôr e o nascer do Sol e também observar o céu noturno. Se vier, cuidado com o fogo e o lixo – recomenda o rapaz, que já fez isso dezenas de vezes.
FALE COM A AGM
Os contatos da Associação Gaúcha de Montanhismo (AGM) são 981140063 e a página do Facebook que você acessa clicando aqui.
NORMAS DE CONDUTA
: Você é responsável por sua segurança
: Só faça atividades dentro de sua capacidade
: Mantenha-se nas trilhas pré determinadas
: Traga seu lixo de volta
: Não faça fogueiras
: Respeite os animais e plantas
: Não leve nada para casa
: Não deixe evidência de sua passagem
: Seja cortês com os visitantes e com a população local
Assista ao vídeo que o Seguinte: produziu sobre o Morro do Itacolomi
CONTINUA AMANHÃ
Na terceira da reportagem da série Lugares – O Morro do Itacolomi como você nunca viu, passeie por entre lendas urbanas e histórias reais que envolvem a floresta e o casarão do morro.