Já com filas e postos racionando gasolina, ônibus em tabelas de verão, empresas parando a produção e previsão de falta de gêneros alimentícios em Gravataí, quase todo mundo aplaude a ‘greve dos caminhoneiros’.
Já teve moção de parabéns na Câmara e vereadores aditivados a curtidas no Grande Tribunal das Redes Sociais. Afinal, a paralisação chama demagogias e populismos ao assentar seu piquete no imaginário das pessoas, mais do que qualquer coisa, em um “contra tudo que está aí”.
Soluções de curto prazo só com um controle de preços pelo governo, coisa que Dilma fez e a bomba espirra ainda hoje nas contas da Petrobrás, que importava gasolina mais cara do que vendia.
Por sensibilidade, ou porque a eleição está chegando, Temer – e a Petrobrás – de certa forma cederam em sua política para o petróleo. A garantia é que em longo prazo não haverá recuo do alinhamento aos preços internacionais, mas já houve a redução de impostos e – temporariamente – do preço do diesel, no que pode representar até 53 centavos a menos na bomba.
Mas, como aconteceu com Dilma, é um grande faz-de-conta, que neste momento parece unir da extrema esquerda à extrema direita, passando pelo centro, num quanto pior melhor em que a política é mais uma vez atropelada e o problema só estaciona – se estacionar.
Se o preço do barril continuar explodindo mundo afora, o que acontece nos últimos três anos, restará como única rodovia liberada a negociação de um aumento no valor dos fretes – o que logicamente reverterá em preços mais altos para quase tudo.
Infelizmente, é a regra do jogo, pelo menos enquanto o Brasil exportar óleo cru e importar combustível refinado, que é o que faz, desde sempre, a Petrobrás.
Que, quanto mais quebrada, mais dificuldade tem para investir e resolver essa complexa equação.
Em resumo, pode até servir como descarrego, mas aplaudir a greve dos caminhoneiros não soa diferente das ancestrais batidas de panela.
Certamente é o que ninguém gostaria de ler.
Mas o acidente é inevitável.
E a vítima será você.
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