Disse o pastor da farmácia: “a juventude é um vírus ainda pior que a linguagem
E que a revolução é uma brincadeira burguesa de uma certa cena rock and roll
E que os sinos tocam só aos ouvidos educados e modificados por um monstro santo de passagem
Dos dias vindouros de ossos e ouro
Lírios, bombas, seringas de drenagem
Às curvas das nádegas
Melindrosa massagem
O que faremos agora que o mensageiro sufocou com a mensagem
Molestaram o menino de maio entre os jacintos
Nada se deu por ser ele da criadagem
Arrancar os dentes desses filhos famintos
Pra que nada atrapalhe o fluxo da sopa rala
Anestesiar suas línguas pra que o pai não ralhe
É o fantasma de um galo morto em rinha que nos quebra as unhas
Leite e cidra nos dá ideia
Da odisseia que é o amor doméstico
Do quanto é orgiástica a luta corporal entre patrão e empregado
No chão de uma fábrica
É o fantasma de um galo morto em rinha que nos leva os lábios em seu bico
A ele pertence o silêncio
A ele cabe punir a ostentação fálica
Que é uma rinha”.
O pastor da farmácia se fechou em sua salinha
Onde ele faz a morte, onde ele faz a mágica
Onde tudo tem valor estético
Onde ele some em estática.