luto no esporte

Morre Kafão, o idealizador do Torneio do América

Com a esposa, Kafão comandou o América por mais de 10 anos

O esporte de Gravataí amanheceu de luto nesta quinta-feira (3). Cláudio Valério, o Kafão, um dos maiores entusiastas do futebol amador da cidade, não resistiu a um AVC hemorrágico sofrido na última segunda-feira, e morreu no final da noite de quarta, no Hospital Dom João Becker. Ele será sepultado às 17h desta quinta, no Cemitério Municipal, no centro da cidade.

Aos 60 anos, pai de quatro filhos, Kafão era um dos símbolos do Torneio do América, um dos mais tradicionais do futebol amador do Rio Grande do Sul. Semanas atrás, a 43ª edição havia encerrado, com a conquista do Onze Unidos, de Cachoeirinha.

— Era impossível ver o Cafão e a esposa dele sem pensar no América. O futebol da cidade perde muito, porque ele era um ícone e realmente dedicava a vida a esta causa — lembra o jornalista Sérgio Lourenço da Rocha, que há 16 anos edita a Revista Bola em Jogo. Praticamente o mesmo tempo em que Kafão e a esposa, Jack Valério, lideram o tradicional clube de Gravataí.

Na última sexta, o Sérgio conversou pela última vez com o dirigente. O assunto, é claro, foi o América.

— Ele estava mito bem. Estava entusiasmado com o novo projeto das escolinhas — conta.

Pelo Facebook do clube, era possível acompanhar a nova formação da escolinha própria do América. Tudo era motivo para movimentar o campo e o esporte amador da cidade.

— O América sempre esteve na vida dele — resume a filha mais jovem, Mariane Reis Valério, hoje com 18 anos.

Uma causa que mobilizava a família e criava novos laços. Foi assim com o Ricardo Ramos, atualmente treinador da Amovale. Seis anos atrás, foi o Kafão, que virou o seu padrinho, quem abriu os caminhos do Ramos no amador. Foi revelação comandando o time Sub-15 do Águia Azul.

Aliás, foi o Kafão quem conseguiu os uniformes para os meninos.

— Era um dos pilares do futebol amador de Gravataí. Eu considero ele no mesmo nível de nomes como o Rudi, o Bereta e o Irani Teixeira. Hoje o dia amanheceu cinza, muito triste — lamenta o Ricardo.

 

Kafão (segundo da esquerda para a direita), durante a última edição do Torneio do América

Tradição do Torneio do América

 

Neste ano, o Torneio do América chegou à 43ª edição em ritmo de recuperação. Participaram 16 times, quase todos da região de Gravataí e Cachoeirinha. Fazia dois anos que Kafão e a esposa batalhavam para refazer a imagem do tradicional torneio depois do incidente em que não tiveram nenhuma culpa.

Um ataque criminoso vitimou dois homens que jogavam por uma das equipes de Porto Alegre do lado de fora do América na edição de 2016 do torneio. Era um confronto entre facções criminosas, sem nenhuma relação com a segurança ou a organização do evento.

— Era uma tristeza que o Kafão tinha, e que estava fazendo um grande esforço para recolocar o torneio no seu espaço, atraindo os times novamente para o América — conta Sérgio Rocha.

E credibilidade nunca faltou. Vencer o Torneio do América, no mundo do amador, é uma grife. Já foi considerado o maior torneio nestes moldes em todo o Rio Grande do Sul.

— Pode até não ser mais o maior, mas com certeza é um dos mais importantes. O Kafão teve papel fundamental nisso — garante o jornalista.

Agora, esta será uma missão da companheira de 32 anos de união, a Jack.

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