cultura

O som do Haiti que toca em Gravataí

Jean Fredrick tinha banda em Porto Príncipe e agora tenta a sorte no Brasil

Quem canta, seus males espanta. E quando um destes males é o preconceito, há mais um motivo para que a música quebre barreiras. É pensando assim que a Unisinos, em parceria com a Sigmund Records, de Porto Alegre, vai reunir músicos imigrantes — principalmente haitianos e senegaleses — da Capital e da Região Metropolitana para um novo projeto. A ideia é lançar alguns destes músicos no Brasil e no Exterior. Neste domingo, acontece o primeiro encontro com os talentos imigrantes, uma espécie de jam session para que todos se conheçam. E vai ter participação de Gravataí.

O haitiano Jean Fredrick Astier, 36 anos, vai apresentar o seu reggae no encontro, que será mais uma oportunidade para ter seu trabalho visto aqui no Brasil. Em Porto Príncipe, capital do Haiti, onde viveu até cerca de cinco anos atrás, ele tinha uma banda, mas a música não rendia o suficiente. Ele dividia o tempo entre a banda e o trabalho como mecânico industrial.

Os parceiros de banda ficaram lá. Fredrick ainda passou pela República Dominicana antes que o irmão o ajudasse a conseguir um visto para o Brasil. Foi há três anos e meio que ele desembarcou diretamente em Gravataí. Um ano e meio depois, conseguiu trazer a Nancy Fontelmy e o filho Fredrick Junior, hoje com cinco anos. Estabeleceram-se na Cohab B e agora Fredrick já é pai também da Adriana, de um ano e dois meses, nascida no Brasil.

— Este país é muito legal. Eu trabalho bastante e os amigos me ajudam muito também para que tudo dê certo por aqui — diz o Fredrick.

 

Confere um pouco do som do Jean Fredrick:

 

Ele trabalha como barbeiro, mas também com informática e manutenção de equipamentos eletrônicos. E, é claro, compõe seus reggaes. Um amigo gravou dois clipes, que estão no Youtube e até um CD, distribuído entre conhecidos pela cidade.

— O pessoal gostou do som — garante ele.

Um dos incentivadores é outro haitiano radicado em Gravataí. O Wensky Archange é vice-presidente da Associação dos Haitianos no Rio Grande do Sul e tem um programa na Rádio Verdes Mares, todo domingo às 17h, para a divulgação da música haitiana. Chama-se  Sopão Cultural.

— É uma forma de unir os imigrantes e mostrar para o brasileiro a nossa cultura. O programa também mostra muito da música daqui, e essa integração é muito legal — diz.

Wensky estima que em torno de 15 artistas haitianos vão se apresentar no domingo, em Porto Alegre. E haverá ainda os senegaleses.

A projeção dos organizadores é de que o projeto vá para a rua em novembro.

Então, Bonne chance!

 

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