oi, filho

Duas páscoas em menos de um ano

A última sexta-feira santa teve ar nostálgico lá em casa pois foi o segundo feriado do Beni em menos de um ano. Em 2017, a sexta-feira da paixão caiu no dia 12 de abril, um dia chuvoso e até um pouco frio. A Dessa nesta altura do campeonato já estava explodindo de grávida e contrariando nossos últimos finais de semana agitados, decidimos que naquele passaríamos o feriado todo na horizontal assistindo “Grey’s Anatomy” (pelo amor de Deus, pare de matar as pessoas Shonda). Muito peixe e pouco esforço, este foi o nosso dia até que logo após desligarmos a TV e discutirmos um pouco sobre o atraso no cronograma das malas que os primeiros “ais” foram ouvidos na quietude do quarto escuro.

– Dá tempo de tomar um banho? – perguntei um pouco assustado já tirando a roupa.

E lá fomos nós para o hospital, acordar enfermeiras do plantão e tirar a médica da cama. Depois de infinitos “ais”, “eu acho que vou morrer”, “meu deus do céu eu quero uma cesariana”, já nas primeiras horas do sábado de aleluia, eu pus meus olhos pela primeira vez naquele pedacinho de gente, todo sujo, com cara de joelho e orelhas avantajadas. O Benício foi a criança mais linda deste mundo, ou seja, a cara do pai. Eu, no caso. O pai.

Eu também nasci em um sábado e desde criança este é o meu dia da semana preferido, antes por ter meus pais o dia todo em casa só para mim, depois que entrei para a escola pelo motivo mais óbvio do mundo: sábado não tem aula. Agora sempre que a sexta se aproxima eu lembro do melhor sábado da minha vida, quando eu peguei o Beni pela primeira vez no colo. Depois do parto, enquanto a médica fazia sabeselaoque com a Andressa, me levaram para o lugar onde as crianças tomam banho logo quando chegam neste mundão de meu Deus, e o Beni tomou seu primeiro banho em uma pia. Eu fiquei com uma cara de bocó olhando para a enfermeira lavando o bebê e mais bocó ainda quando fui incumbido de vesti-lo pela primeira vez.

A fralda vem sempre em primeiro lugar (ninguém quer levar um banho de xixi como eu levei, logo de cara né?). A brusinha precisa ser colocada antes da calça, para não passar frio.  Primeiro a cabeça, depois cada uma das mãos. Calças e por fim, as meias. O primeiro colo foi muito esquisito, parecia que eu estava pegando nos meus braços a coisa mais preciosa e frágil do mundo. E realmente é a coisa mais preciosa e frágil do mundo. Na foto o momento em que eu abri a primeira porta para o Beni: a porta para o mundo.  

Já no quarto a técnica Paula, o anjinho que nos atendeu quando chegamos no hospital, sentou em uma cadeira entre a cama da Dessa e o sofazinho que eu deitei e começou a embalar o Beni no colo, até ele adormecer.

– Deixem que cuido dele agora, vocês precisam descansar.  Aproveitem! – disse sussurrando.

E assim fizemos.

No domingo de páscoa mais chuvoso que eu tenho lembrança fomos para casa, mas antes o almoço em família. É estranho pensar que o Beni já viveu duas páscoas em menos de um ano. E que ano! Muitas foram as primeiras vezes, os primeiros tombos e as primeiras histórias para contar. Que venham mais páscoas, mais feriados e mais momentos lindos ao lado do nosso biscoitinho.

 

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