“Me deixa de fora desse seu mau sentimento. Você é uma pessoa horrível, uma mistura do mal com o atraso e pitadas de psicopatia”.
Quem navega pelas redes sociais, ou mesmo bate um papo no boteco ou almoça alguma vez em família, sabe que essa sentença do ministro Barroso pega geral. Possivelmente caiba, em algum momento, para eu e você.
Ingênuo escrever, com hashtag e tudo, intolerantes não passarão, porque já derrubaram a porteira e boleiam o relho diariamente sobre nossas cabeças.
Uns por falta de educação, outros por desespero, muitos por interesse.
“É um absurdo Vossa Excelência fazer um comício cheio de ofensas, grosserias. Vossa Excelência não consegue articular um argumento, fica procurando. A vida para Vossa Excelência é ofender as pessoas. Qual é a sua proposta? Nenhuma!”.
A sequência da sentença de Barroso parece traduzir o algoritmo geral da nação, para tratar desde o desimportante Colorado vs Barcelona da última quarta-feira, ao caso Marielle e o assassinato brutal da menina Naiara.
Perder amigos já virou esporte nacional. Conhecê-los, a justificativa perfeita para mais um rivotril.
Se o TRF4 julga rápido, bom para uns, ruim pra outros. Se o STF julga rápido, bom para outros, ruim para uns. Uma ideia só vale se é a favor, o direito de ir e vir é só meu e o resto é mimimi. Tudo é relativizado e grenalizado, enquanto os danos colaterais atingem as vítimas de sempre: pobres, negros, mulheres, gays – não importa se inclusos ou fora da ‘pauta’ do dia de adversários políticos e ideológicos.
Será preciso o tantantan do plantão do Jornal Nacional para informar que, calem, encarcerem ou matem todos os petralhas, a corrupção não terminará no Brasil e as famílias não viverão felizes para sempre? Será preciso a Mídia Ninja postar que, calem, encarcerem ou matem todos coxinhas, o domingo não amanhecerá com um país mais igual e libertário?
À esquerda e à direita há ideias que conduzem para frente e para trás. Certezas e soluções mágicas, além de arma de interesseiros e interessados, só servem para dar uma satisfação breve e mentirosa a uma geração mimada, egoísta, imediatista e desinformada.
Enquanto não viraliza no Grande Tribunal das Redes Sociais o meme “político bom é político morto” – como se os eleitos com confirmas nas urnas fossem uma raça alienígena que tenta dominar o planeta e não seres com traços iguais ou bem semelhantes ao que mostram espelhos domésticos e práticas cotidianas – testemunhemos o emoji do vômito se materializar das redes sociais para a violência física entre militantes, simpatizantes e gente paga nas ruas.
Uns criticam, uns aplaudem, muitos se acovardam em um silêncio só quebrado quando a pedra entra pelo vidro de casa e fere.
Apesar da certeza de que muitos comentarão sem clicar no link para ler, o título deste artigo foi para provocar esse sentimento ruim, para usar esse baixo astral que ganhou o Facebook. A foto autoexplicativa, cujo autor não encontrei, também.
Acho que teremos mortes nessa eleição.
Os cadáveres da tolerância, do argumento e da verdade já estão aí, como alerta.
LEIA TAMBÉM