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Tempos de guerra no PSB de Anabel e Paulo Silveira

Eleitos para direção do PSB de Gravataí em foto após a votação, em 29 de julho de 2017

A controvérsia na inclusão de dois nomes no diretório revela a guerra fria vivida dentro do PSB de Gravataí desde a eleição para presidência do partido em julho do ano passado.

De um lado, Anabel Lorenzi, candidata a prefeita nas três últimas eleições, mas hoje com a até então incontestável liderança abalada. De outro, o vereador reeleito e atual presidente Paulo Silveira, ascendendo ao assumir o controle de 80% do partido numa aliança com o também vereador Carlos Fonseca.

Ninguém usa a palavra, mas pelo que se alega, a acusação é de fraude na composição dos 32 nomes, reproduzindo uma disputa que, na eleição anterior, já tinha sido resolvida na justiça a favor de Anabel.

O Seguinte: ouviu envolvidos em on, falou com outros partidários em off, e traz fatos, versões e opinião.

 

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Diretório congelado

 

– A ata que chegou à direção estadual, sem assinatura de ninguém, não corresponde ao que foi decidido no plenário da Câmara assim que encerrou a eleição – resume João Batista Pinto, ao lado de Dilque Jones um dos nomes supostamente excluídos da lista, e ambos muito próximos a Anabel.

O grupo apelou formalmente à direção estadual, que repassou o caso a uma comissão que analisa recursos nas eleições do partido nos municípios.

João alerta para a gravidade do caso ao interpretar que a direção estadual ‘congelou’ o diretório de Gravataí até uma decisão, impedindo a realização de reunião marcada há 20 dias para começar a discussão sobre as candidaturas a deputado estadual e federal.

– Nenhuma decisão pode ser tomada em Gravataí até autorização da direção estadual – resume o candidato a vereador que fez 2014 votos em 2016.

 

Paulo: é golpe

 

Paulo Silveira nega o caráter de intervenção.

– Há um pedido do grupo da Anabel para substituir nomes, mas as coisas não funcionam assim. Houve uma eleição e o diretório foi composto dentro da legalidade. Estão alegando fraude e isso é grave – argumenta, informando que a próxima reunião do diretório está marcada normalmente dia 2 de abril para tratar das candidaturas.

– A eleição transcorreu normalmente e a escolha foi pelo voto. Qualquer coisa diferente é antidemocrático, é golpe. Mas o golpe pode estar no DNA de alguns – diz, se referindo ao voto de Anabel, quando vereadora, a favor do impeachment de Rita Sanco (PT) em 2011.

 

O Stédile no meio

 

De seu jeito contemporizador, o presidente estadual José Stédile confirma a disputa, mas tenta minimizar a guerra.

– O grupo da Anabel saiu antes no dia da eleição e não acompanhou a formação do diretório. Duas pessoas se apresentaram como representantes dela e foram inclusas. Agora o pedido é para trocar os nomes. Uma comissão está analisando, mas é preciso um consenso para fazer a troca, até porque quem está no diretório não quer sair – explica.

Stédile nega um ‘congelamento’ do diretório de Gravataí:

– Houve apenas um pedido de tempo para a comissão responsável analisar o caso. Vamos resolver isso até o próximo diretório, dia 2.

 

Opinião

 

A guerra fria tem seus elementos, com leituras políticas quase que antagônicas entre os grupos de Paulo e Anabel; e com Carlos e os seus flutuando entre os dois há quase uma década. O que houve é que, na última eleição interna, além do pragmatismo para conquistar o diretório e assumir protagonismo num céu onde Anabel brilhava como estrela solitária, os dois vereadores acharam convergência na avaliação de que as campanhas de 2016 e 2017 foram mal conduzidas sob o comando centralizador da candidata.

 

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A coisa está assim.

No curto prazo, não há consenso sobre as candidaturas para 2018. O nome dos três está colocado para disputar vaga na Assembleia Legislativa.

Em longo prazo, serve de munição de lado a lado a aproximação do PSB, sob o comando de Paulo, com o PDT e o grupo do ex-prefeito Daniel Bordignon para formar um bloco de oposição em 2020, para disputar a Prefeitura de Gravataí. Isso é tudo o que o grupo de Anabel discorda, principalmente se não for ela a candidata a prefeita.

Para enfraquecer o presidente, desde a derrota na eleição interna Anabel ‘liberou’ lideranças próximas a ela para filiação e acena – e bate selfies – ao PPS, partido cujos movimentos de bastidores revelam estar sob comando de Dilamar Soares (seu vice na eleição e que, para não perder o mandato por infidelidade partidária, ainda está no PSD), vereador que mantém um comportamento de ‘quente-frio’ na relação com o governo Marco Alba (PMDB).

 

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Em resumo, para além das picuinhas cotidianas tão comuns dentro dos partidos, o que parece é que Paulo aposta que só unida – com Bordignon e tudo – a oposição vence a eleição para a Prefeitura de Gravataí em 2020, e Anabel acha que há como uma terceira via ganhar o título a parte do velho GreNal da aldeia.

 

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