O Hospital Dom João Becker não foi, continua à venda. Não há nenhuma decisão sobre a transação e nem mesmo acerca da boataria de que a instituição esteja por ser entregue para o grupo Santa Casa, de Porto Alegre.
O Seguinte: foi agora à tarde até Porto Alegre ouvir quem sabe das coisas: o assessor administrativo Iron Augusto Müller, da mantenedora do Dom João Becker, a Sociedade Educação e Caridade (SEC) da Congregação das Irmãs do Imaculado.
Ele nos recebeu num confortável escritório no 12º andar da bela e luxuosa torre comercial Iguatemi Corporate, na avenida Nilo Peçanha. Contador por formação, Iron assessora a SEC principalmente na questão educacional da congregação.
Prestando assessoria e consultoria à SEC há 30 anos, Iron disse tudo o que podia contar acerca da vontade que as irmãs têm de passar adiante o único hospital da aldeia dos anjos.
Segundo ele, as negociações envolvem atualmente quatro instituições, todas ligadas ao ramo hospitalar, e estão mais adiantadas com um grupo de São Paulo que ele não revela o nome, mas que o Seguinte: apurou se tratar da Associação Pró-Saúde.
De acordo com Iron, um outro grupo gaúcho também está em fase evoluída de entendimento, e a Santa Casa é a que menos avançou na negociação. A SEC não dá prazo, porém, para que aconteça um desfecho sobre a venda do HDJB.
— Não posso dizer se vai ser em 60, 90, 120 ou 180 meses. É um negócio muito complexo que envolve muitas variáveis — afirmou.
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O que trava a negociação
(Opinião do jornalista)
1
As contas do hospital que presta serviços – mais da metade – para o Sistema Único da Saúde (SUS). Cerca de 80% dos atendimentos é para o SUS – o contrato prevê o mínimo de 60%. Para cobrir estes serviços são repassados cerca de R$ 40 milhões, anualmente, ao HDJB, pelos governos federal, estadual e municipal.
2
A tabela SUS para remuneração dos serviços é considerada deficitária em cerca de 30%, em todo o Brasil. O déficit acaba sendo ‘coberto’ por outros planos de saúde – também com tabelas de valores considerados baixos e dos raros atendimentos particulares – pelo aporte de recursos da própria mantenedora.
3
A localização da estrutura física, no centro da cidade e sem espaço para ampliação – condição necessária para ofertar novas especialidades e fazer girar mais dinheiro a partir de uma maior prestação de serviços principalmente aos planos de saúde privados.
4
Pagar pela estrutura e enxoval (máquinas, equipamentos e mobiliário) cerca de R$ 50 milhões pelo que se comenta ‘a boca pequena’, e investir igual quantia em uma obra vertical, na parte de trás do hospital, praticamente afugenta potenciais interessados considerando o longo prazo de retorno financeiro.
Confira a entrevista que Iron Müller concedeu com exclusividade para o Seguinte: nesta quarta.