"Um craque de futebol capaz de representar o seu país deixa de ser patrimônio de clube, e passa a ser da confederação” (Luiz Aranha, presidente da Confederação Brasileira de Desportos, CBD, na década de 1930).
“A honra de um país não se lava e nem se mancha por uma vitória ou uma derrota num jogo de futebol, mas o triunfo é sempre um símbolo de poderio, e orgulha aos que, com maior ou menor intensidade, seguem torcendo” (Pedro Escamilla, jornalista espanhol).
Jogador gaúcho a seleção brasileira já teve um na primeira Copa do Mundo, em 1930, o ponteiro Moderato Wiesentainer, nascido no Alegrete – só que Moderato morava e estudava no Rio de Janeiro (engenharia) e jogava no Flamengo. De clube do Rio Grande do Sul o primeiro no mundial foi Luiz Luz, zagueiro do Americano de Porto Alegre (campeão estadual de 1928), em 1934, na Itália. A viagem foi de navio, o “Conte Biancamano”, 11 dias, com exercícios físicos a bordo.
Chamado de “O Fantasma da Área”, Luiz Luz gostava tanto de Porto Alegre que tratou seriamente de nunca sair. Saiu uma vez, para o Penharol do Uruguai, na época e durante muito tempo o mais rico e maior clube do futebol da América do Sul, mas voltou logo, porque ele e a mulher acharam insuportável o frio de Montevidéu. Em 1932 foi emprestado ao Inter para uma excursão a Curitiba, chegou a assinar inscrição com o colorado mas pediu e conseguiu a ficha de volta e ficou no Americano. Mais adiante Luiz Luz recebeu uma carta do técnico Flávio Costa perguntando se ele gostaria de jogar no Flamengo e, como um fantasma, nem respondeu. Finalmente, saiu do Americano, mas ficou por aqui: foi jogar no Grêmio. Seu filho, também Luiz Luz, jogou no Inter – zagueiro, claro.
: Brasil na Copa de 34: na ordem, Martim, Pedrosa, Sylvio, Tinoco, Luiz Luz, Canalli, Armandinho, Waldemar, Leônidas, Patesko e Luizinho
Getulio – Para a terceira Copa, em 1938, na França, o governo brasileiro instituiu uma campanha de ajuda financeira à seleção, vendendo selos de 500 réis com os dizeres “Ajudar o “scratch” é dever de todo brasileiro” (o termo original completo em inglês, “scratch team”, “time selecionado”, primeiro foi reduzido, depois abrasileirado para “escréte”, e hoje é apenas “seleção”). A CBD prometeu uma casa a cada jogador, e toda a parte da renda do Brasil no jogo se o time chegasse à final. O apoio oficial, nessa época do Estado Novo, incluiu a escolha de Alzirinha Vargas, filha do presidente da república, Getulio Vargas, como madrinha do time, inclusive em fotos com os jogadores.
O terceiro mundial foi também o primeiro que teve transmissão de rádio dos jogos para o Brasil, com o narrador oficial da delegação, o paulista Leonardo Gagliano Neto, para a PRA-3 Clube do Brasil do Rio de Janeiro, e Cruzeiro do Sul e Cosmos de São Paulo, através da Companhia Rádio Telegráfica do Brasil, Radiobras. Grandes jornais do país contrataram taquígrafos para transcrever a narração de jogos, publicada no dia seguinte, e uma semana depois um filme compacto de cada partida do Brasil era exibido nos cinemas.
: Jogadores com madrinha da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1938, Alzira Vargas, filha do presidente da República Getulio Vargas
Agenda histórica do futebol gaúcho na semana
18.2, domingo
1997 – Inter goleia Guará em Brasília, 7×0, e já na volta traz zagueiro do adversário, o jovem Lúcio
19.2, segunda-feira
1978 – Falcão renova contrato com o Inter por salário mensal equivalente a 4.500 dólares, e “luvas” de 54 mil
20.2, terça-feira
1972 – Caxias x Grêmio é primeiro jogo com televisionamento a cores no Brasil, 0x0, Festa da Uva, geração da TV Difusora para rede nacional, presença do presidente da república, general Médici
21.2, quarta-feira
1918 – Criação da Associação Porto Alegrense de Desportos, APAD, que substitui a Federação Sportiva Rio-Grandense, FSRG
22.2, quinta-feira
2003 – Juventude derrota por 2×1 em Caxias o Grêmio, que tem três jogadores expulsos – Tinga, Claudiomiro e Rodrigo Fabri –, e Roger atingido por uma pedrada na cabeça: presidente da FGF, Emídio Perondi, interdita Estádio Alfredo Jaconi
23.2, sexta-feira
2005 – São Gabriel 4×3 Grêmio no Olímpico, Novo Hamburgo 2×1 Inter no Santa Rosa
24.2, sábado
2011 – São José inaugura no Passo da Areia o primeiro gramado sintético de estádios do Brasil, em sua estreia na Copa do Brasil, e vence por 1×0 Paulista de Jundiaí, campeão do torneio em 2005