coluna do martinelli

Por que faltam remédios em Gravataí

Reclamações sobre falta de medicamentos receitados pelo SUS tem sido diárias nas redes sociais

São diárias as reclamações de falta de medicamentos – até paracetamol – na Farmácia Municipal e unidades de saúde. A explicação da Prefeitura é que o problema é uma metástase de um câncer que eclodiu em dezembro, quando Gravataí foi diagnosticada como a cidade gaúcha com mais gente aguardando na fila por cirurgias eletivas pelo SUS – 7.376 pessoas na espera, quase quatro vezes mais que Porto Alegre.

– O Governo do Estado nos deve mais de R$ 17 milhões em repasses para saúde, que vão dos remédios às cirurgias no hospital (Dom João Becker). Além de pagarmos em dia a parte da Prefeitura, bancamos a parte do Estado enquanto foi possível. Mas chega uma hora em que, corta um serviço aqui, corta outro ali, e não há mais de onde tirar – lamenta o secretário da Saúde Jean Torman, informando que, em 2017, Gravataí recebeu apenas quatro dos 12 meses de repasses que eram obrigação do governo estadual.

A boa notícia é que o Tribunal de Justiça gaúcho acatou mandado de segurança em favor de Gravataí determinando que “o senhor governador promova o repasse regular, automático e sem atrasos ou parcelamento, das verbas do SUS alocadas à prestação do serviço público de saúde por Gravataí, nos prazos e valores definidos em lei”.

Com a notificação do Estado após o fim do recesso do judiciário, a decisão é para ser cumprida já a partir de janeiro.

No despacho dado ainda em dezembro, a desembargadora Catarina Rita Krieger Martins alerta que, em caso de descumprimento, “serão adotadas as medidas coercitivas cabíveis”: o bloqueio das contas do Estado, ou seqüestro de recursos disponíveis.

O secretário da Saúde, que também é procurador-geral do município, aguarda decisão de outra ação que ingressou em dezembro no Fórum de Gravataí pedindo o ressarcimento dos R$ 17 milhões de repasses que ficaram em atraso.

– Jamais houve negligência da Prefeitura. Pelo contrário, o prefeito bancou o que pode, enquanto pode. E decidiu pela medida judicial quando não havia outra saída. Só não fizemos alarde porque não resolve nada. Nos interessa uma solução – explica Jean Torman.

Politicamente, não deve ter sido uma decisão fácil para o prefeito acionar o governo de um colega de PMDB, o governador. Resta aguardar o cumprimento da decisão judicial por um Estado que, só na Saúde, tem uma pindura com os municípios gaúchos que chega a R$ 300 milhões.

Para se ter uma idéia, conforme relatórios do Tribunal de Contas nos últimos 10 anos nenhum dos governos – Yeda Crusis (PSDB), Tarso Genro (PT) e José Ivo Sartori (PMDB) – investiu metade dos 12% constitucionais (mesmo que incluindo na pedalada o saneamento).

A União, hoje sob o comando de Michel Temer, e onde fica o grosso dos impostos, mantém a média histórica de não mais de 4% – a mesma dos ex-presidentes José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique Cardoso, Dilma Rousseff e Luiz Inácio Lula da Silva.

A Prefeitura? A prima pobre, apesar da obrigação constitucional dos 12%, arca com o dobro, 24% da receita – em dinheiro, mais de R$ 100 milhões só no ano passado.

 

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