Todas as cores concordam no escuro, é um aforismo do sir Francis Bacon. Mas por mais que, ano após ano, políticos plantem fantasiosas possibilidades de um candidato de oposição ganhar, quando acenderem-se as luzes, às 19h desta terça-feira, não haverá surpresa: Airton Leal será o presidente da Câmara de Gravataí.
Tio Airton para os eleitores – pelo trabalho de mais de duas décadas com as crianças das creches conveniadas à Associação do Bem Estar do Menor de Gravataí (Abemgra onde inclusive foi criado) – terá 14 votos de parlamentares que têm defendido e votado com o governo.
Numa eleição onde os sete da oposição talvez nem lancem candidato, Airtinho terá também o aplauso do prefeito, de quem hoje é um líder do governo de muito diálogo na Câmara.
Mas apesar de hoje tranquila, a relação entre Airton e Marco já viveu altos e baixos. A amizade antiga ficou estremecida por mais de uma década, quando em 1998 o vereador desobedeceu ordem do PMDB, comandado por Marco, e decidiu uma eleição para presidência do Legislativo ao não votar em Sérgio Malinoski (PMDB) e apoiar Cláudio Pereira (PDT), candidato do então prefeito Daniel Bordignon (PT).
Num dia memorável a quem testemunhou, Airton permaneceu na tribuna, imóvel e silencioso, por minutos que pareceram intermináveis, até anunciar o surpreendente voto que o levou da oposição para o governo.
Marco, presente à sessão, o fez assinar a desfiliação momentos depois.
Airton filiou-se então ao PT, onde foi eleito e reeleito, liderou o governo, assumiu a Secretaria Municipal de Assistência Social, foi presidente da Câmara em 2004 e um dos únicos quatro vereadores a permanecer leal a prefeita Rita Sanco e votar contra sua cassação no golpeachment de 2011.
Os cabelos brancos reaproximaram os amigos dos anos 80: Airton, que não tinha conseguido a reeleição em 2012, no ano passado concorreu pela base governista com a ajuda de Marco e foi o único eleito do PV.
De fala mansa, e de cantinho, cumprimentando a todos com um peculiar “tudo bom, tudo bem” que lhe é peculiar, é o político verde com mais trânsito no governo – mostrou força ao indicar Kelen Copa, sua ex-assessora, como presidente do Ipag – e tem também o respeito da oposição.
A eleição de Airton com 14 votos também ilustra o momento tranquilo que o prefeito entrará no ano eleitoral com o ‘Grupo dos 8’, que reúne vereadores governistas para além de seu partido, o PMDB, além de confirmar a reaproximação do vereador Dilamar Soares.
Além do próprio voto, Airton terá o apoio de Alan Vieira (PMDB), Alex Tavares (PMDB), Bombeiro Batista (PSD), Clebes Mendes (PMDB), Dilamar Soares (PSD), Evandro Soares (DEM), Fábio Ávila (PRB), Jô da Farmácia (PTB), Mario Peres (PSDB), Nadir Rocha (PMDB), Neri Facin (PSDB), Paulinho da Farmácia (PMDB) e Roberto Andrade (PP).
Na oposição restarão Alex Peixe (PDT), Carlos Fonseca (PSB), Demétrio Tafras (PDT), Dimas Costa (PSD), Paulo Silveira (PSB), Rosane Bordignon (PDT) e Wagner Padilha (PSB).
Airton atendeu ao Seguinte: agora há pouco, mas por experiência preferiu não dizer sim, nem não para nada:
– Os 21 têm toda capacidade para ser. E todo mundo sabe que ninguém senta antes na cadeira da presidência da Câmara, porque tudo se resolve sempre aos 45 do segundo tempo – despista.
Mas será ele, Airton Leal Vasconcelos, o presidente da Câmara em 2018.