Política é a cachaça de Nadir Rocha (PMDB), presidente da Câmara de Gravataí. Povão, o vereador das Águas Claras faz com que as duas décadas de mandatos consecutivos, aos quais se somarão outros quatro inaugurados este ano, além de garanti-lo sempre entre os mais votados, transformem o gabinete 17 no mais procurado da Câmara, legislatura após legislatura.
Onde estiver, o prefeito interino por duas vezes, ou camerlengo da Sé vacante como apelidamos no Seguinte:, vai falar de política. Mesmo que o momento seja inconveniente e o lugar inadequado.
Quem o conhece sabe. É por inocência, não por malandragem.
Mas na ‘coisa pública’ há cada vez menos espaço para subjetividades.
No ato de anúncio que o prefeito Marco Alba (PMDB) fez do início das obras de duplicação da Centenário, passo principal para uma duplicação das pontes do Parque dos Anjos reivindicada há pelo menos 20 anos, Nadir, que sonha ser candidato a prefeito em 2020, evocou mais uma vez a política-política em seu discurso.
Ao elogiar a atuação do deputado federal Jones Martins, Nadir, mesmo que tenha sido daquele seu jeito bonachão, usou o microfone para ‘brincar’ que Gravataí precisava também de alguém na Assembleia Legislativa. E emendou com uma menção à primeira-dama Patrícia Alba, que hoje quase todo mundo no partido – e em boa parte do governo – quer ver disputando a eleição do ano que vem, ou vai apoiar.
Deu para ver que Marco não curtiu.
E quando não gosta, dá para ver na cara.
O prefeito pede que os seus não usem, e nunca usa espaços institucionais para falar de eleições.
– Prefeitura não é comitê de partido – costuma repetir.
Nem a inauguração da UPA da 74 transformou em palanque, como poderia ter feito na campanha deste ano, quando candidato à reeleição.
Marco chama isso de política velha.
No que está certo.
Não só por falas como a de Nadir alimentar o imaginário popular de que governos só fazem obras pensando na próxima eleição (o que não é o caso da duplicação da Centenário, ou das pontes, prometidas e já projetadas desde o início do governo), como simplesmente porque o público é o público, o privado é o privado, o político é o político e o institucional é o institucional.
O vereador precisa se conter, porque um dia pode dar problema para ele, inclusive, como candidato a alguma coisa. Os amigos, ou inimigos, podem cansar de relevar.
Nadir precisa se tocar.
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