3º Neurônio | crônica

Porque o sexo é divertido

Assisti na tevê, da metade pra frente, um documentário com esse título, ou coisa parecida. Estarrecedor. O orgasmo masculino dura em média seis segundos. Mas que seis segundos, pode-se acrescentar com uma bela exclamação. Olha, o orgasmo feminino dura em média vinte segundos. Sem falar que uma mulher pode ter vários seguidos com intervalos mínimos. Conheceram, papudos? Venham falar em sexo forte agora.

Há cientistas que pesquisam desesperadamente a localização do ponto G. Melhor do que localizar o Pé Grande, não? Não encontraram. Pelo visto, o ponto G não é ponto, mas o conjunto todo, por dentro e por fora. Nem é G, mas o abecê todo, digamos. Como sempre, como outras coisas, o prazer varia de pessoa pra pessoa, varia de intensidade na própria pessoa conforme a noite ou o dia e varia conforme a parceria. Porque, como disse alguém, numa frase engenhosa, tudo se passa mais entre as orelhas que entre as pernas.

Uma mulher pode ter um orgasmo com qualquer fulano. Mesmo que não queira nada com ele ou nem vá com sua cara. Olha aí, românticos, um lenço pra vocês secarem as lágrimas e limparem a meleca do nariz. Mas, afirmam os cientistas, se se transa com quem se gosta muito, os orgasmos são mais prazerosos. Quem diria, o amor é afrodisíaco. Pena que a palavra amor ande esfiapando nas beiradas.

Por que o sexo é divertido? Vira e mexe – hummm –, damos a palavra ao velho Darwin: o orgasmo é um truque da evolução. Uma isca. Se sexo fosse chato, a vida teria arrumado outra forma de nos engambelar. Alguns cientistas chegam a falar “que o orgasmo é uma compensação”. Certamente os filhos deles infernizaram um bocado.

 

Inteligências e burrices múltiplas

 

O conceito das inteligências múltiplas pegou, me parece que com razão. Eu, pelo menos, sou bem espertinho pra umas coisas mas até hoje tenho problemas com a tabuada do sete pra cima, por exemplo. Agora, o que há de reconfortante nesse conceito tem também de amedrontador, basta olharmos pra ele de trás pra frente: as burrices múltiplas. Se fizermos direito as contas, é possível descobrir que somos estúpidos em muito mais coisas do que somos inteligentes. Vou mais longe. Não só não somos inteligentes em tudo, como nem sempre somos inteligentes no que somos comprovadamente inteligentes. Qualquer coisinha do dia a dia pode nos desafinar, uma noite mal dormida, um desencontro, uma chuva, um esquecimento, uma brochada. Quantas vezes uma amizade ou inimizade nos obscureceu o raciocínio? Os famosos testes de QI são ótimos, quando aplicados em máquinas.

 

QBS

 

Sempre desejei ver um teste que medisse nosso quociente de bom senso. Acho bom senso mais importante que inteligência. Ou bom senso é um tipo de inteligência? Leva jeito de ser. Mas o diabo é que o bom senso sofre da mesma precariedade. Vi mais de uma vez pessoa de comprovado bom senso cometendo desatinos como qualquer papalvo ou doidivanas.

Em literatura, por exemplo, o bom senso não recomenda usar palavras como papalvo e doidivanas. Por falar nisso, em literatura o bom senso é um bom guia em matéria estilística, uma ferramenta pra hora de passar a limpo, mas pouco mais. Os melhores livros nasceram de apostas loucas, de aventuras extravagantes, de delírios, de pesadelos.

 

Leis que pegaram no Brasil

 

Pelas minhas contas, duas: a lei da gravidade e a lei do mais forte.

 

Ernani Ssó é escritor e vive em Porto Alegre. 

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