Nesta semana inaugura, em Abu Dahbi, a primeira franquia do Museu do Louvre. A notícia corre o mundo. Em alguns jornais locais aparece nas colunas de variedades, artes ou de entretenimento. Poderia estar no setor de economia. Os investimentos para a sua construção foram na casa dos milhões de euros. Nas publicações de arquitetura e engenharia certamente terá lugar garantido, afinal a obra é monumental. Na política, é emblemática. O presidente francês estará presente na inauguração de um símbolo da França incrustado nas areias dos Emirados Árabes, mas que se anuncia como Museu Universal – "um projeto de esperança de um mundo que respeita as diversas opiniões e as diferenças", ante o "fanatismo" e o "terrorismo", disse o presidente do Instituto do Mundo Árabe de Paris, Jack Lang.
No mundo da cultura e das artes, farto material será produzido. Patrimônios artísticos de várias nações foram emprestados para integrar algumas exposições. A cidade-museu (são 55 prédios!) terá lugar nos destinos turísticos, outro importante aspecto na movimentação econômica provocada por um empreendimento desse gênero. Citei algumas abordagens, mas podem ser muitas outras, como por exemplo, os empregos gerados, tanto durante os dez anos de sua construção, quanto a partir da abertura ao público e o que mais se puder imaginar para se conhecer sobre o Oriente e o Ocidente.
O que me impressiona em tudo isso é o investimento em conhecimento. Não consigo fugir à triste comparação com a situação de nossas instituições museológicas. O que pensar, aqui no Rio Grande do Sul, sobre o iminente fim da Fundação Zoobotânica? Ela é a responsável pelo Museu de Ciências Naturais, um centro de pesquisas importantíssimo sobre a fauna e a flora do Estado. É patrimônio de todos os gaúchos.
A maioria dos museus brasileiros carece de política de estado, que compreenda que não se trata de gastar, mas de investir. A fama de que os gaúchos são cultos está a caminho de transformar-se em lenda. Mas ainda tenho esperança de que os exemplos de fora ecoem por aqui.
Conhecimento gera resultados. A falta dele, retrocessos!