O culto aos ancestrais está registrado em diferentes civilizações ao longo da história, dos gregos do Ocidente aos arianos do Oriente. Há mais de 3 mil anos, na Europa, os druidas, espécie de sacerdotes da sociedade celta, reuniam-se nos lares, e não nos cemitérios, para homenagear e evocar os mortos.
Coincidentemente, o Dia dos Mortos, celebrado hoje no México e em outros países da América dos Sul, teve seu início na mesma época. Astecas, maias e outros povos indígenas praticavam este culto antes da chegada dos espanhóis.
Embora desde o Século II existam registros de fieis que rezavam e visitavam túmulos de mártires, a Igreja Católica só tornou a data de 2 de novembro oficial por volta do Século XIII, por comemorar o Dia de Todos os Santos em 1º de novembro.
Apesar da doutrina católica evocar algumas passagens bíblicas e se apoiar em uma prática de quase 2 mil anos, mas cuja origem remonta os rituais pagãos ou politeístas, a Reforma Protestante (500 anos em 2017) rechaçou a celebração da data, porém, anglicanos e alguns luteranos continuaram a comemorá-la.
O advento de novas denominações religiosas oriundas da Igreja Reformada tornou a celebração dos mortos quase inexistente entre protestantes a partir do século XIX.
Para reflexão:
“PORQUE TU ÉS PÓ E AO PÓ DA TERRA RETORNARÁS.” Gênesis 3:19
"NÓS OSSOS QUE AQUI ESTAMOS, PELOS VOSSOS ESPERAMOS". Frase inscrita na Capela dos Ossos, Igreja de São Francisco, Évora, Portugal, construída nos séculos XVI e XVII.
"NÓS QUE AQUI ESTAMOS POR VÓS ESPERAMOS". Inscrição que está há mais de cem anos no portão do cemitério de Paraibuna, SP. Título de documentário sobre o Século XX, de 1999, de Marcelo Masagão. O filme traz "uma volta ao mundo" no seu contexto histórico, econômico e cultural. Banaliza a vida e a morte para nos fazer refletir sobre ela.
“SOMOS FEITOS DE POEIRA DE ESTRELAS”. Carl Sagan (astrônomo norte-americano, 1934-1996)
"HÁ UMA IRONIA CONTIDA NAS CONTINGÊNCIAS DA SORTE: QUANTO MAIS SE VIVE A VIDA, MAIS SE AVANÇA PARA A MORTE." (J. G. de Araújo Jorge, poeta brasileiro, 1914-1987) – Frase do poema que tinha colado na porta de minha cômoda, na infância.
Gelcira Teles é jornalista.