Digito bastante rápido, sem olhar o teclado, mas cometo um erro depois do outro. Esses erros, muitas vezes, são criativos – inúmeras palavras novas. Devo ter posto o Joyce no chinelo várias vezes – pena que não anotei. Mas agora me baixou o caboclo anotador. Atenção, Aurélios e Houaiss, se segurem.
Percebreu. Se dar conta da escuridão.
Métrodo. Um método pro uso do sistema decimal.
Etrapa. Etapa final, a do molambo.
Conterxto. Meio muito restritivo.
Tremática. Quando o assunto é a queda do trema.
Cesticismo. Total descrença nas cestas, talvez em jogos de basquete.
Desmonstrar. Não, não é tornar menos monstro. É dar exemplos que acabam com nossa argumentação.
Escreitor. Escritor que só escreve… bem, digamos, maus livros.
Intrenção. O que pretendemos fazer no trem. Não deve ser boa coisa, não.
Dexconfiança. Desconfiança que caducou.
Semântrica. O mantra dos linguistas.
Expecialista. Um especialista caído em desgraça.
Documentias. CPF e RG de tias. Que amor!
Respostars. Respostas brilhantes.
Pararalisação. Nó na língua.
Especialistra. Aquele que entende do riscado, ou especialista em pele de zebra.
Extapa. Etapa vencida.
Trécnico. Especialista em trecos.
Diamente. Diamante de vidro.
Doicente. Todo professor ou professora olhando o contracheque.
Doisponibilidade. Um casal disponível. Pra quê, não sei, mas desconfio.
Coinjunto. O modo como os irmãos Cohen trabalham.
Instantres. Os momentos de um triângulo amoroso.
Cocordenado. Não foi uma droga, não. Foi bem feitinho.
Ernani Ssó é escritor e vive em Porto Alegre.