É assustador! O índice da criminalidade – mais especificamente o número de homicídios – em Gravataí virou, literalmente, um caso de polícia. Os dados levantados agora à tarde pelo Seguinte: são de deixar as autoridades com cabelos em pé!
Neste ano de 2017, até esta data, 27 de setembro, e até o homicídio registrado na noite de ontem, aconteceram em Gravataí 131 homicídios nos 270 dias já transcorridos. É um homicídio a cada dois dias, na média.
São considerados como tal apenas os casos de óbitos anotados no local do crime. As mortes ocorridas em hospitais, por ferimentos causados por armas brancas ou de fogo, são chamados de “crimes tentados seguidos de morte”, e não entram na contabilidade da Secretaria da Segurança Pública.
O número representa 43,95% a mais do que o total de homicídios ocorridos em Gravataí em todo o ano passado quando aconteceram 91 crimes deste tipo no município, e é recorde indiscutível pelo menos nos últimos 10 anos segundo os dados disponíveis na Secretaria Estadual da Segurança Pública (SSP/RS).
Além disso, aconteceram mais 140 outros casos, de tentativas de homicídios. A Polícia não sabe se destes 140 algumas das vítimas vieram a óbito.
O titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Felipe Farias Borba, é mais contundente.
— Não tenho os dados oficiais mas, com certeza, é o recorde de homicídios de todos os tempos em Gravataí — falou o delegado, agora há pouco, para o Seguinte:.
Em uma pesquisa no site da SSP/RS desde 2007 é possível verificar que o ano que teve o maior número de homicídios desde então foi 2014, com 92, ou um a mais do que o total do ano passado.
Considerando também as mortes registradas por latrocínio, 2014 soma 98 homicídios (seis foram mortes ocorridas durante roubos, tecnicamente classificadas como latrocínio) e 2016 acumula 96 casos, com cinco classificados como latrocínios.
Tráfico
Para o delegado Felipe Farias Borba os crimes de morte têm ligação direta com o tráfico de drogas. E o mês de setembro, segundo ele, foi o mais sangrento com cerca de 20 homicídios num espaço de três semanas (nove mortes entre a sexta-feira e o domingo – 8 a 10 de setembro).
— De um modo geral, sem ter os dados estatísticos aqui na minha frente, dá para assegurar que cerca de 90% destes crimes têm algum tipo de ligação com o tráfico — falou o policial, por telefone.
Para o titular da DHPP, a região de Gravataí onde ocorre o maior índice de criminalidade é o Rincão da Madalena, justamente pelo confronto armado na disputa pelo controle do tráfico.
O delegado Felipe disse que não consegue afirmar se houve alteração, para melhor ou pior, na questão da segurança pública de Gravataí depois do reforço policial dispensado pelo governo do estado, tanto em policiais militares quanto civis.
— Depois que veio o reforço do estado (há cerca de 10 dias) para a Brigada Militar não dá para dizer se houve alguma alteração. Somente no fim de semana que passou, mesmo com a BM reforçada, foram cinco homicídios — lembrou.
Na DHPP o reforço chegou através da designação de 12 policiais civis, metade vinda da capital e outra metade de delegacias do interior do estado. Isso possibilitou um incremento na conclusão de inquéritos e o envio, só nesta semana, de 12 casos para o Judiciário da cidade.
Na Brigada Militar
Já o comandante do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM) da Brigada Militar, com sede em Gravataí, tenente-coronel Vanderlei Mayer Padilha, diz que não dá para determinar um ou outro bairro como o mais violento da cidade, e que a BM não tem uma estatística deste tipo.
— Uma hora é um bairro, em outra hora já mudou de local. Isso se altera conforme o trabalho de policiamento preventivo que a polícia faz, no caso a Brigada — explica o oficial.
Ainda de acordo com o comandante, o serviço de inteligência da Brigada Militar faz um monitoramento da criminalidade em suas diversas variantes, e trabalha para prender os autores dos delitos além dos procurados por suspeita de autoria ou foragidos do sistema prisional.
O quadro do crime varia bastante, de acordo com o tenente-coronel Padilha.
— Ontem mesmo (terça, 26/9) prendemos quatro suspeitos e com eles recolhemos cinco armas. Um destes presos admitiu, ainda que informalmente, envolvimento com as mortes ocorridas recentemente na cidade. Por isso acreditamos que, por enquanto, a tendência deste tipo de crime, os homicídios, é cair — argumentou.
Esta tendência acontece também em outros tipos de delitos, de acordo com o oficial da BM. Por exemplo, quando é preso um autor de assalto aos coletivos, este é mum crime cujos índices caem drasticamente.
O LEVANTAMENTO
Em 2007: 41 homicídios e 03 latrocínios
Em 2008: 45 homicídios e 03 latrocínios
Em 2009: 45 homicídios e 00 latrocínios
Em 2010: 39 homicídios e 00 latrocínios
Em 2011: 56 homicídios e 02 latrocínios
Em 2012: 60 homicídios e 02 latrocínios
Em 2013: 73 homicídios e 03 latrocínios
Em 2014: 92 homicídios e 06 latrocínios
Em 2015: 78 homicídios e 06 latrocínios
Em 2016: 91 homicídios e 05 latrocínios
Em 2017: 71 homicídios e 03 latrocínios (até junho conforme a SSP/RS)