histórias da bola

Foguetório acorda até filho

“Aprendi uma coisa: se soltarem um foguete e ele cair perto de mim num jogo, nem precisa explodir – caio morto e paro tudo" (Clemer, jogador e técnico)

“Em alguns estádios o barulho da torcida é tão grande que quase dá para apalpar”. (Ferenc Puskas, jogador e técnico húngaro)

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Às 3h da madrugada deste 20 de setembro aconteceu a mesma várzea que antecede a maioria dos grandes jogos do futebol brasileiro: meia dúzia de desocupados desperdiçou o sono e abriu um foguetório na frente do hotel do Botafogo, adversário do Grêmio nas quartas-de-final da Libertadores de América. De tabela, vizinhança e hóspedes que nada tinham com a decisão também foram molestados, claro. 

Na Copa do Mundo de 1994, depois de passar pela Holanda nas quartas em Dallas, a seleção brasileira se deslocou a Los Angeles para a semifinal contra a Suécia, e depois a final com a Itália. A concentração do time foi um pequeno e nada luxuoso hotel dé quatro andares a uma hora de carro do Estádio Rose Bowl de Pasadena, o Marriott da cidadezinha de Fullerton. Apenas três jornalistas, brasileiros, puderam ficar hospedados no mesmo hotel.

Nas primeiras horas todos já tinham notado um leve tremor nos quartos, baixo, quase imperceptível, nada assustador, mas constante. Los Angeles é região de terremotos, a portaria do Marriott garantiu que aquele balanço era normal – e sendo assim, não existiam por outro lado razões para medo nem outras perguntas sobre o que era comum por ali. E bastou um pequeno gesto para descobrir a razão da tremedeira, da “normalidade” do “terremoto”: foi só abrir pela primeira vez a veneziana da janela.

Do lado de fora do quarto protegido por um grosso vidro de pelo menos dois centímetros de espessura, passava simplesmente a elevada de uma movimentadíssima auto-estrada. Carrões em alta velocidade, ônibus, caminhões pesados passavam a apenas um metro e meio da janela: o quarto acusava minimamente o movimento físico da pista lá fora, sim, mas o ruído dentro dos quartos era zero! Tanto que com auto-estrada na janela (e sem foguetório) o Brasil ganhou o tetra.

Enquanto o Brasil ainda espera para descobrir o isolamento acústico que já existia em 1994 e bem antes, e aí disseminar a novidade mesmo nos hotéis mais caros para anular os fogueteiros desocupados, a idiotice pré-jogos continuará sendo uma epidemia, idiota mas até engraçada. Em 1998, antes de uma partida com o Juventude em Caxias, o Inter ficou concentrado num hotel em Ana Rech, ali perto. O prédio ficava no meio de um mato, mas no meio do mato e perto do hotel havia uma estradinha de terra – e foi ali que o inferno estourou, às 4h da madruga. A turma do Inter estranhou quando o atacante Fernando Rech, ex-Ju (e neto da Ana), soube depois dizer que tinham sido exatamente 240 foguetes. Aí os outros jogadores do colorado quiseram saber porque tanta certeza do companheiro, e Fernando ainda riu:

– Eu sei porque quem comandou o foguetório foi um torcedor fanático do Ju: meu pai!

 

Agenda histórica do futebol gaúcho na semana

 

24.9, domingo

1945 – Criada a Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre, Acepa, que substitui a Associação dos Cronistas Desportivos, ACD (hoje a entidade é a Associação dos Cronistas Esportivos Gaúchos, Aceg)  

 

25.9, segunda-feira

1977 – Grêmio recupera título de campeão gaúcho após oito anos, 1×0 contra o Inter no Olímpico, gol de André Catimba, que cai de costas ao tentar comemorar com um salto mortal

 

26.9, terça-feira

1954 – Primeiro Gre-Nal no Olímpico, Inter goleia por 6×2 com quatro gols de Larry, goleiro Sérgio chora e ameaça sair de campo

1981 – Fundação da torcida organizada Super Raça Gremista

1989 – Fundação da S.E.R. Santo Ângelo

 

 

27.9, quarta-feira

1960 – Após três empates (1×1, 3×3, 1×1), Grêmio elimina Coritiba da Copa Brasil – na moeda

 

28.9, quinta-feira

1913 – Primeiro título do Inter, campeão de Porto Alegre, goleada de 5×1 sobre o Frisch Auf

1941 – Presidente do Grêmio, Aneron Corrêa de Oliveira, lança pedra fundamental do Estádio Olímpico

2004 – Prefeito de Porto Alegre, João Verle, assina regularização da área do Beira-Rio para o Inter

 

29.9, sexta-feira

1945 – Inter chega a 4.500 sócios

1988 – Lançado pelos correios um selo da conquista do campeonato brasileiro do Grêmio em 1981

2007 – Sapucaiense vence Ipiranga de Sarandi, 3×0, é campeão da segunda divisão gaúcha e vai para a primeira, com o vice Inter de Santa Maria (2×1 Pelotas), que retorna após sete anos

 

30.9, sábado

1945 – Inter vence Grêmio por 4×2 no Gre-Nal 89 e passa à frente na estatística do clássico (38 vitórias a 37, com 14 empates), pela primeira vez e até hoje

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