ENTREVISTA

Estre é uma Goodyear para Glorinha, diz prefeito

Darci Lima da Rosa, prefeito de Glorinha

Darci Lima da Rosa viveu da glória à frustração em seu primeiro mandato como prefeito de Glorinha. Em 1998, na carona das vindas da GM para Gravataí e da Ford para Guaíba, a Goodyear anunciou um investimento de meio bilhão na construção de uma fábrica para abastecer as montadoras e o mercado sul-americano com 8 mil pneus por dia. Mas a perspectiva do supercrescimento durou pouco no município de 6 mil e poucos habitantes. Em 99, com a decisão da Ford de ir para a Bahia faturar mais incentivos fiscais, a Goodyear cancelou o investimento, deixando para trás inclusive uma área já terraplanada.

Muito pela traumática experiência, Darci quase não tem dormido nos últimos dias, preocupado com cada detalhe da negociação com a Estre Ambiental, gigante do lixo que protocolou na Fepam um projeto de aterro, com investimento de R$ 100 milhões e projeção de quase mil empregos, para receber lixo de aproximadamente 40 municípios num raio de 150 quilômetros, da Grande Porto Alegre, Serra e Litoral. É comum vê-lo madrugada adentro respondendo nas redes sociais a dúvidas de moradores, após o Seguinte: revelar com exclusividade as tratativas – inclusive com a compra pela empresa, por R$ 5,5 milhões, de 250 hectares na Vila Nova, a seis quilômetros do Centro do município.

– A Estre é uma Goodyear para Glorinha – compara o prefeito que neste primeiro ano de seu novo governo administra um orçamento de R$ 30 milhões, que poderia ser o dobro se a fábrica de pneus estivesse em operação, e pode crescer R$ 15 milhões em pouco mais de dois anos com o retorno de impostos caso a maior empresa de gestão de resíduos da América Latina confirme a operação em Glorinha.

Confira trechos da entrevista de Darci, dada com exclusividade ao Seguinte:, e que deve repercutir logo mais no protesto que será feito na Câmara pelo movimento Xô Lixão, organizado por políticos, moradores e empresários contrários.

Nada que o faça mudar de ideia. Essa Goodyear, Darci não quer perder.

 

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ESTRE: A CONFIRMAÇÃO

“A Estre é de Glorinha. A empresa já fez uma série de estudos e escolheu Glorinha pela logística e características do solo. A área já foi comprada e o projeto está em fase de liberação na Fepam. Em 90 dias abrem um escritório aqui e os planos são de, em uns 18 meses, começar a operação”.

 

TECNOLOGIA LIMPA

“Falar em lixo sempre assusta. Mas basta conhecer a tecnologia de primeiro mundo da empresa para entender como funciona esse ‘mercado verde’, que tira energia do lixo. O empreendimento em Fazenda Rio Grande, que conheci sexta passada e fica a 29 quilômetros de Curitiba, gera em biogás energia suficiente para abastecer uma cidade de 50 mil habitantes. O rio Iguaçu passa ao lado e não há contaminação registrada. O asfalto dos 5 quilômetros da BR-101 até o empreendimento é lavado três vezes por dia. Em frente, há um condomínio classe A, com mansões de mais de R$ 1 milhão. Não tem cheiro. Dá para fazer um churrasco”.

 

MAIS DE MIL EMPREGOS

“Só no canteiro de obras serão 500 empregos. E são pessoas para as quais alguém vai vender água, alimentar, hospedar… Movimenta toda economia local. Na Estre serão outras quinhentas vagas, entre funcionários e motoristas de 300 caminhões. E também virão sistemistas. Já fui procurado pela Embalixo, empresa que faz embalagens para resíduos e projeta mais 300 empregos. Acredito que boa parte dos empregos seja ocupada por gente daqui. Pelo menos é o que acontece com metade dos 700 empregos da Fibraplac, por exemplo”.

 

UMA NOVA GOODYEAR

“A Goodyear teria mudado Glorinha. Infelizmente houve toda aquela polêmica com a Ford. Como quase metade da produção iria para a montadora, o negócio se tornou inviável. Nosso orçamento hoje seria o dobro. Agora ganhamos uma nova chance. Em quatro anos, poderemos dobrar o orçamento. É um risco termos uma cidade dependente de uma única empresa, a Fibraplac, que responde por 88% da receita. Se ela fecha, o município quebra. Seria pior do que o acontecido em Cachoeirinha quando a Souza Cruz foi embora. Seria pior do que Gravataí perder a GM”.

 

SUPERCRESCIMENTO

“Hoje temos as contas em dia e somos uma das únicas cidade superavitárias no Rio Grande do Sul. Assumi com 10% do orçamento do ano passado no caixa deste ano. Gradativamente, o crescimento da cidade será absorvido pelo superaumento no orçamento com o retorno dos impostos e o aquecimento da economia local. Também estamos negociando contrapartidas da empresa para Glorinha, principalmente na área da educação. É uma empresa que se preocupa com as comunidades onde se instala. Eles têm um instituto que atende 32 mil crianças pelo país”.

 

XÔ LIXÃO!

“Entendo a preocupação das pessoas. Por isso farei tudo que puder para transmitir informações corretas sobre o empreendimento. Se cada morador de Glorinha pudesse ver uma central da Estre, aposto que não haveria oposição ao projeto. Só acho errado o movimento se chamar ‘xô lixão’, porque a central da Estre não é como aqueles lixões que víamos no passado, nem é igual ao que foi o aterro sanitário Santa Tecla, em Gravataí. Não tem montanha de lixo, urubu ou mau cheiro. Garanto: dá para fazer um churrasco lá”.

 

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