Final feliz.
Pelo menos até agora e em quase todos os sentidos.
Depois de ser diagnosticada em 19 de julho passado com “retinoblastoma” – um tipo de câncer ocular que atinge 80% das crianças – e de uma, por assim dizer, milagrosa agilidade em todos os procedimentos, a serelepe Yasmim Emanuelle Lampe Drago, de apenas quatro anos, já está em casa e brincando com sua mais nova amiguinha, a cadelinha Papinha.
Yasmim ainda vai precisar de acompanhamento com consultas médicas e exames periódicos pelos próximos 10 anos, período de tempo em que a doença pode se manifestar novamente, atingindo o outro globo ocular ou em qualquer parte do seu organismo. Mas o desfecho em menos de um mês para a angustiante situação é um alívio para a família.
Fernanda Ferreira Lampe Drago, operadora de caixa desempregada e mãe de Yasmim, resume o sentimento dela e de Fernando Dutra Drago, metalúrgico que também está sem emprego desde que foi demitido em abril do ano passado.
— Não é o que a gente queria. É uma situação complicada e que vai exigir além dos cuidados médicos uma adaptação ao modo de vida porque, agora, ela é uma criança deficiente. Isso implica, por exemplo, até em mudanças no lugar onde ela vai sentar dentro da sala de aula porque ela perdeu toda referência e campo de visão do lado direito — diz a mãe.
Fernanda faz lanches de diversos tipos.
O marido, Fernando, quase todos os dias sai de casa na rua Alcides Barbosa, no Parque Itatiaia, lá para os lados da parada 98 da RS-030, para vender no centro de Gravataí os lanches que Fernanda prepara.
É a forma de vida da família que ainda tem a casa financiada e todas despesas da família que ainda tem a pequena Maysa Lampe Drado, de dois anos, mais os gastos com medicamentos e transporte para as consultas e exames de Yasmim. Por isso foi aberta uma página na internet para uma “vaquinha virtual”, visando arrecadar os recursos necessários, antes, para aquisição de uma prótese ocular – já garantida – e agora para as despesas da pequena serelepe amiga de Papinha.
Conheça a história!
A história
No começo de julho Fernanda levou a filha à Unidade Básica de Saúde (UBS) que atende aos moradores do Itatiaia. Na consulta, a médica percebeu que havia algo errado mas não arriscou um diagnóstico definitivo. Tentou enganar a mãe Fernanda e encaminhou Yasmim para o Hospital Banco de Olhos, em Porto Alegre.
— Ela me disse: ‘olha mãe, vou colocar aqui que é um caso muito grave, mas é para agilizar o atendimento’. Daí eu já soube que era uma coisa bem ruim — contou Fernanda.
E ela não perdeu tempo. Correu com a filha nos braços em busca do necessário atendimento e dos exames que acabaram confirmando o câncer no olho direito da filha, notícia que recebeu em 19 de julho passado.
A cirurgia para extração do globo ocular era uma necessidade também urgente, para evitar que a doença se alastrasse, virasse uma metástase. Mais uma vez a sorte esteve ao lado de Fernanda e Yasmim foi levada à sala de cirurgia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre dia 9 passado para a enucleação, que é quando o médico extrai todo o globo ocular.
Em poucos dias ela já estava em casa, sem dores, brincando.
— Felizmente foi tudo muito rápido. Foi uma ação muito rápida porque a doença já estava em um estágio muito avançado, não dava para esperar muito. A operação foi feita em pouco mais de duas semanas, felizmente — diz Fernanda.
O anônimo
A prótese ocular que custa mais de R$ 1 mil e era uma das razões da campanha feita na internet para arrecadar recursos já está garantida. Ela foi doada por uma pessoa da cidade de Passo Fundo que se sensibilizou com o caso mediante uma condição, manter sua identidade no anonimato.
A campanha continua porque além das despesas com medicamentos que Yasmim deverá usar por tempo indeterminado, talvez por toda a vida, virão os gastos com óculos, transporte, consultas, exames.
A filha mais nova do casal Fernando e Fernando, Maysa, também vai ser submetida a uma bateria de exames em breve para verificar se ela tem, ou não, a doença que atingiu a irmã Yasmim. É que o retinoblastoma pode ser um câncer hereditário, e a recomendação médica é uma ação preventiva.
A DOENÇA
Os retinoblastomas são frequentemente diagnosticados porque os pais ou o médico percebem algo anormal no olho da criança.
Os principais sinais e sintomas do retinoblastomas são:
REFLEXO PUPILAR BRANCO: Este é o sinal mais comum do retinoblastoma. Normalmente, ao direcionar uma luz ao olho de uma criança, a pupila parece vermelha devido ao sangue nos vasos no fundo do olho. No olho com retinoblastoma, a pupila, muitas vezes, se apresenta branca ou rosa, isto é conhecido como reflexo pupilar branco (leucocoria). Este brilho branco no olho geralmente é percebido em fotos tiradas com flash. Também pode ser observado pelo médico da criança durante um exame oftalmológico de rotina.
ESTRABISMO: É uma condição na qual os dois olhos não parecem olhar na mesma direção, muitas vezes chamada de olho preguiçoso. Existem muitas causas para o estrabismo, mas a maioria é causada por uma fraqueza dos músculos que controlam o movimento dos olhos, mas o retinoblastoma é também uma das raras causas. .
Sinais e sintomas menos comuns do retinoblastoma:
: Problemas de visão.
: Dor nos olhos.
: Vermelhidão da parte branca do olho.
: Sangramento na parte anterior do olho.
: Abaulamento dos olhos.
: A pupila não se contrai (diminui de tamanho) quando exposta à luz brilhante.
: Cor diferente de cada íris.
Atenção:
Muitos destes sinais e sintomas podem ser provocados por outras condições clínicas. Entretanto, se seu a criança apresentar qualquer um desses sinais é importante consultar um médico para que a causa seja diagnosticada e, se necessário, iniciado o tratamento.