sindicato x governo

GRAVATAÍ | Por que os professores começam greve segunda

Em assembleia, trabalhadores em educação disseram sim a greve | Fotos SILVIA FERNANDES

O sindicato dos professores de Gravataí decidiu entrar em greve a partir da próxima segunda-feira. O governo considera a decisão ilegítima e aposta numa baixa adesão da categoria.

Como divergem nos números das finanças da Prefeitura, do Ipag Previdência e do Ipag Saúde, sem falar ideologicamente, SPMG e Prefeitura também no pré-greve disputam versões: desde quem é o vilão da negociação, até o número de participantes na assembleia desta quinta-feira, no salão da Igreja Matriz.

 

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– Do dissídio a partir de 1º de maio houve apenas duas reuniões, a última ainda lá em junho. Depois, a mesa de negociações foi paralisada pelo governo. Mandamos novo ofício ontem (quarta), alertando para a possibilidade de greve, e não houve resposta – argumenta Vitalina Gonçalves, presidente do sindicato que lista como “prejuízos impostos pelo prefeito” Marco Alba (PMDB) o “congelamento de salários há dois anos sem reposição da inflação e com perdas que chegam a 14,21%; confisco de 3% do salário, com o aumento do desconto Ipag de 11% para 14%; fim do pagamento na quinzena e no último dia útil do mês corrente, desconto de 1% por depende no Ipag Saúde e pagamento da convocação somente pelo básico, sem as vantagens”.

– Queremos debater o Ipag Previdência e garantir o Ipag Saúde, com a retomada da direção tripartite, além de acertamos um calendário de reuniões com a Prefeitura para debater e construir pautas relacionadas à categoria que possam virar projeto de lei que alterem rotinas ou direitos adquiridos. Mas o governo mantém um silêncio fúnebre – diz a professora com duas décadas de um sindicato que fez greves em todos os governos: Abílio dos Santos, José Mota, Edir Oliveira, Daniel Bordignon, Sérgio Stasinski, Rita Sanco, Marco Alba e até nos mandatos tampão de Nadir Rocha e Acimar da Silva após o golpeachment.

 

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Do filho de alguém

 

Vitalina critica o governo por “fazer o debate pelo Seguinte:” e não com os sindicatos e o funcionalismo.

– O prefeito disse a vocês que 300 mil habitantes pagam por cinco mil funcionários, mas além de sermos contribuintes, somos nós, os professores, os servidores, aqueles que fazem a política pública. Quem está lá na periferia, no Rincão, dando aula para o filho de alguém? – argumenta a sindicalista, que diz que a categoria não se sente atingida pelo discurso do prefeito contra corporações.

– Não nos atinge, porque fazemos nossa parte e somos essenciais para a população. Poderíamos falar na corporação dos políticos, cuja imagem anda bem negativa, mas não queremos fazer um debate do bem contra o mal. Buscamos o melhor para a cidade. Por isso queremos negociação, saber as perspectivas de arrecadação, as políticas do governo. Como, por exemplo, para o Breno Garcia, loteamento para milhares de pessoas que certamente precisarão dos serviços de educação, de assistência social. Quem prestará os serviços? Os servidores.

 

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O fim da negociação

 

Claiton Manfro, secretário de Governança e um dos representantes do governo na negociação com o sindicato, contesta quase tudo, ilustrando o antagonismo que há entre o governo e o sindicato – que todos do alto escalão procuram dissociar do conjunto dos 3 mil funcionários municipais, e tornou-se um abismo após a demissão da vice-presidente e cérebro do SPMG, Irene Kirst, de CC que ocupava há mais de uma década na direção administrativa do Ipag.

– Fizemos o que foi mutuamente acordado. Iniciamos o processo de conversação, o sindicato apresentou sua pauta, a Prefeitura respondeu e fim da negociação – resume, explicando que o governo informou sobre a impossibilidade de qualquer reposição devido ao comprometimento de mais da metade do orçamento com a folha e os custos das alíquotas complementares para garantir as aposentadorias no Ipag Previdência e seu cálculo atuarial bilionário, além das parcelas de uma dívida com o instituto, de contribuições da Prefeitura nunca depositadas pelos governos entre 1997 e 2008, e que terá custado R$ 300 milhões daqui a 12 anos quando for quitada.

 

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– Propusemos fazer a discussão do Ipag Previdência e do Ipag Saúde. Por ofício, nos colocamos formalmente à disposição para ir em assembleia dia 30 de junho, mas não recebemos resposta do sindicato. Não há como falar em reposição sem antes discutir o Ipag – diz o secretário, se referindo à reunião que o sindicato chamou de ‘aula pública sobre o Ipag’ e que terminou em tumulto no saguão da Prefeitura quando Vitalina foi entregar o ofício do não à participação do governo, sob a justificativa de ser uma atividade da greve geral nacional.

 

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Sim ou não a greve

 

Divergindo sobre a participação (o sindicato divulga que 700 servidores passaram pela assembleia, o secretário fala em 172 votos a favor da greve e 142 contra), Claiton prevê uma baixa adesão dos professores à greve.

– É uma greve unilateral, corporativa, que só atende ao sindicato. É ilegítima por não ter envolvido nem 10% da categoria. O que será que a sociedade acha disso? O que mães e pais acham disso, que atrapalha toda organização familiar? E os alunos, que recém voltaram às aulas para o segundo semestre e depois terão que estudar nas férias? Contamos com os professores para cumprirem a rotina de aulas. A maioria sabe que a greve não é o melhor caminho – aposta o secretário, que conclui:

– A gestão do prefeito Marco Alba faz um esforço de recuperação das finanças e, em meio a uma crise nunca vista, não atrasou um dia sequer de salário, enquanto isso acontece no estado e em tantos outros municípios. O governo não pode pensar só numa categoria. Não é porque conseguimos resolver passivos de gestões anteriores e estamos atraindo mais recursos que agiremos de forma irresponsável com o orçamento. É pelos que nos tempos de fartura posaram de bonzinhos e não pensaram no futuro da cidade que chegamos a esse ponto.

 

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