Somando-se às queixas do país, os moradores – e usuários! – de Gravataí e Cachoeirinha não passam incólumes aos problemas enfrentados por quem precisa de internet. As maiores reclamações estão relacionadas às questões de cobrança e problemas técnicos, como quedas, lentidão ou total indisponibilidade de sinal.
Tanto aqui quanto ali, as grandes operadoras dominam o mercado, entre elas Oi e Vivo, ambas com instalações fixas (conexão ADSL e fibra óptica) e conexões móveis (3G e 4G). Há também as de menor porte (chamadas de provedores) que vendem sinal de internet via rádio (antena no telhado da casa do cliente) e fibra óptica (cabos subterrâneos que chegam até o roteador do assinante).
A grande sacada das empresas menores é que o cliente fica dispensado da contratação de telefone fixo, algo em desuso atualmente e que as grande empurram goela abaixo. Estas, além de forçar o cliente a contratar linha fixa, querem que ele contrate também televisão por assinatura, é o chamado ‘combo’. Muita gente – que não sabe que não precisar contratar internet dessa forma – acaba pagando valores médios de até R$ 300,00 por mês sem ter necessidade.
Rádio e fibra óptica
O rádio é uma tecnologia usada para transmitir internet até a casa de um cliente. A vantagem do sistema é quando, em determinada região, as ditas grandes não disponibilizam sinal cabeado (que precisa do telefone para funcionar). As desvantagens são que a velocidade costuma ser baixa (de um ou dois megabytes) dificultando os downloads. Além disso, em caso de chuvas fortes ou tempestades, o sinal registra instabilidades e o cliente não tem o que fazer.
A solução adotada pelos provedores menores foi a fibra óptica. Essa tecnologia é um cabo fabricado em vidro ou outro isolante elétrico, que garante alta qualidade de transmissão de dados e sofre menos com interferências como acontece com o fio de cobre usado em conexão ADSL, no caso de Oi Fixo e Vivo Fixa.
Por aqui…
Em Gravataí as empresas ONE Telecom, MasterNet e Datavag são destaque no assunto entre as chamadas menores, enquanto em Cachoeirinha as mais atuantes são Tri Telecom e – de novo – a MasterNet que tem sede na cidade. O Seguinte: fez contato com a empresa visando obter dados para esta reportagem, mas a atendente alegou que a diretoria estava em reunião e não poderia falar.
A operadora ONE Telecom oferece planos de 35, 50 e 100 megabytes com linha fixa (telefone) ilimitada para outros fixos locais e valores a partir de R$ 189,90 e instalações 100% fibra óptica. Um do principais clientes é a prefeitura de Gravataí, que tem acesso à internet em postos de saúde e escolas através da moderna conexão óptica. A prefeitura, no entanto, não confirmou a informação.
O Seguinte: conversou com a Datavag, provedor que atende Gravataí, Glorinha e Cachoeirinha. Os dois primeiros municípios têm 100% de cobertura. Em Cachoeirinha apenas o Distrito Industrial conta com o sinal da empresa, conforme seu site. O assessor de marketing e atendimento corporativo da Datavag, Rogério Xavier, disse que a empresa trabalha com tecnologia via rádio digital e fibra óptica.
— O sinal via rádio tem alcance maior e a fibra óptica possui cobertura pontual. Quanto aos planos, variam de velocidade, preços e tecnologia utilizada — explicou Rogério.
Os valores da conexão residencial via rádio da Datavag vão de R$ 100,00 a R$ 179,00, em velocidades de quatro a 10 megabytes. As velocidades da fibra óptica residencial começam em 10 e vão até 100 megabytes, com valores mensais de R$ 119,00 a R$ 345,00.
Em Glorinha
O foco da Datavag, de acordo com Rogério Xavier, são as empresas, para as quais o provedor oferece até 300 megabytes de velocidade. Ele lembra que o Cirque du Soleil foi atendido pela empresa nos últimos três anos, assim como a Time For Fun, famosa produtora de eventos, também conta com os megabytes da Datavag.
Rogério diz que a empresa tem cerca de 1.200 clientes e garante que é pequeno o número de queixas, na maioria pequenas ocorrências pontuais.
Enquanto isso, em Glorinha, a Datavag disponibiliza serviços de internet com a bandeira Netstore, uma tradicional loja de informática da cidade. Como há pouco interesse de operadoras como Vivo e Oi, as empresas de internet menores como Datavag/Netstore e Giga, por exemplo, são a solução.
Anatel
Não é difícil encontrar um usuário dos serviços de internet e telefonia que não tenha passado sufoco nas mãos das operadoras instaladas no país. Antes o telefone (e posteriormente a internet) era serviço prestado por estatais como a Companhia Riograndense de Telecomunicações (CRT), aqui no estado. Mas com a privatização de todo o sistema Telebrás é que os problemas foram tomando a forma das queixas atuais.
Hoje, qualquer pessoa pode ter uma linha de telefonia celular, ou fixa, valendo-se ainda de uma conexão de internet, como a maioria contrata para utilizar redes sociais, assistir um Netflix ou para trabalhar, por exemplo. O maior de todos os problemas do setor, porém, é que o mercado é controlado por pouquíssimas empresas, para atender a milhões de clientes.
Quando o cliente passa raiva com a internet, liga para o famoso SAC da operadora e esta faz de tudo para não resolver a pendência. O atendente fica transferindo a ligação de um para outro setor, por várias vezes, até que misteriosamente a chamada “cai”. O mesmo vale para assuntos de cobrança. Quando o usuário recebe uma fatura em desacordo com o que combinou pagar e a operadora insiste que tudo está tudo certo, o cliente, desesperado, acaba pagando a conta por desconhecer seus direitos.
É aí que entra a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) criada em 1997 como autarquia responsável pelo regramento e fiscalização dos serviços de internet, telefonia, tevê a cabo, entre outros. A Anatel sucedeu o Departamento Nacional de Telecomunicações (Dentel) extinto em 1990
O que acontecia é que a antiga autarquia – Dentel – não colocava “as cartas na mesa”, como a Anatel faz agora com seu poder de polícia. A título de curiosidade, o Dentel, nos anos 80, tirou o sinal da TV Tupi do ar. A emissora perdeu sua concessão – outorga pública de competência direta da presidência da República – naquela época.
1331 e site
Quando o usuário de uma determinada operadora não consegue resolver seus problemas de forma amigável através do Serviço de Atendimento ao Cliente, o famoso SAC, tem a opção de entrar com contato com a Anatel através do número 1331 e do site http://focus.anatel.gov.br/focus/, para registrar sua queixa sobre o mau serviço.
Para tanto é necessário ter em mãos documentos como RG e CPF, endereço, número do protocolo na operadora, telefone afetado ou de contato e o relato do problema enfrentado. Com estas informações a Anatel notificará a operadora para que apresente solução sob pena de multa.
A prestadora do serviço deverá entrar em contato com o usuário para resolver a situação e evitar ser multada, além de ter baixos índices de qualidade na classificação da agência reguladora. Todas as informações recebidos pela autarquia federal passam a fazer parte de um banco de dados que avalia o setor.
O objetivo é identificar pontos a serem melhorados no mercado. No dia a dia, porém, o que se vê é que as operadoras trabalham da forma que bem entendem, muitas vezes não se sujeitando à legislação que normatiza o setor.
Abaixo, imagens ilustrativas sobre como fazer uma reclamação a Anatel.
O cliente sofredor
Silvestre Silva Santos, 59 anos, jornalista e morador de Gravataí, somente há uma semana conseguiu ter internet no seu apartamento. Mesmo assim, neste exato momento, ainda aguardando uma visita técnica para ajuste definitivo do sinal.
Confira o relato!
— Há cerca de 60 dias fiz contato com uma consultora da Vivo e fui informado que não havia disponibilidade de internet banda larga no prédio em que moro. Só estava disponível o serviço de telefone fixo. A consultora disse que iria solicitar procedimento para instalação da internet e, atualmente, nem responde às mensagens via whats.
— Passei a procurar outras operadoras.
— A Claro igualmente não dispunha do serviço e depois de algumas tentativas com a Oi contratei um combo de telefone fixo mais internet com 10 megabytes de velocidade. A instalação foi agendada e quando o técnico da empresa compareceu, o serviço não foi concluído porque a central de internet ficava próximo ao Shopping do Vale, em Cachoeirinha, e a central do serviço de telefone na Vila Branca, em Gravataí. Foi um erro de quem registrou a contratação.
— A instalação foi reagendada e, dessa vez, o técnico não apareceu. Fui até a loja física da operadora em Gravataí, expliquei a situação e pedi outra instalação. Fui muito bem atendido e o funcionário até me mostrou a tela do computador para que eu mesmo verificasse se todos os dados estravam corretos.
— A nova instalação ficou agendada para o dia 29 de julho. Entre os dias 27 e 28 a Oi me ligou diversas vezes pedindo para eu atualizar meu cadastro e confirmar o agendamento. No dia da instalação, entretanto, o serviço foi reagendado para o dia 31, pois faltava no sistema da operadora o número do meu apartamento, embora o atendente da loja física tenha mostrado no monitor que estava tudo certo.
— No dia agendado o técnico da Oi, enfim, fez a instalação, mas quando foi fazer os testes ele constatou que a internet oscilava no máximo 540 Kbps de velocidade (meio megabyte), muito menos que os 10 megas que contratei. A alegação é que havia problema “nos cabos” internos do prédio. Pode até ser, mas cancelei o pedido.
— É inadmissível, que as operadoras não fornecem seus serviços em plena avenida Dorival de Oliveira, região em franca expansão comercial e densamente povoada. Nunca vi empresas tão desinteressadas em vender seus serviços para um cliente demonstrando total interesse em ter internet em casa.
— Também é inconcebível que estas empresas sejam desorganizadas com seus registros no sistema de informática, principalmente a Oi que me ligou várias vezes em dois dias para tratar do mesmo assunto (atualizar cadastro e confirmar instalação) e ainda não resolver o problema.
— Há pouco mais de uma semana, finalmente, depois de contratar uma operadora da cidade, passei a ter o serviço em casa, via rádio. Agora aguardo apenas os ajustes finais para que tenha disponível o sinal conforme contratei, por um valor mensal bem mais em conta e sem a obrigação de contratar telefonia fixa, serviço que não tenho interesse em obter.
O poste
Jaqueline é dona de uma agropecuária no Parque dos Eucaliptos, em Gravataí. Com 22 anos de idade, a empresária trabalha ao lado do marido na Propets, loja situada na avenida principal do bairro, a Marechal Floriano Peixoto, que concentra a maioria das lojas da região. Segundo ela, as empresas de internet se dizem impedidas de instalar a conexão por questões técnicas.
— Existe um poste bem na entrada da loja e tanto a Vivo quanto a Oi alegam que não há viabilidade para instalar nossa internet — queixa-se a comerciante.
Ela reclama dos prejuízos que amarga por causa da falta de internet banda larga. A máquina de passar cartões de crédito necessita de conexão de qualidade e com velocidade para validar as transações, e o serviço de videomonitoramento da loja não tem como transmitir as imagens ao vivo da loja para a casa de Jaqueline.
Confira o que Jaqueline conta para o Seguinte:.
Sem queixas
Já em Cachoeirinha, Neusa, que é proprietária da Milkeria Évora com o marido Chevarria, na avenida Flores da Cunha, não tem problemas com o serviço de internet. O marido de Neusa atende no caixa e faz questão de dizer que o nome da loja – Évora – é uma homenagem a uma cidade portuguesa.
Ali mesmo, um enorme monitor de computador exibe os gostos dele, que se diz simpático aos temas de História e Paleontologia. É ali que Chevarria vê vídeos no Facebook e as fotos que já postou na rede social sobre suas viagens a lugares históricos do mundo, a bordo de um ônibus antigo transformado numa confortável casa móvel.
Ele revela que utiliza os serviços da operadora Vivo nos seus negócios e na residência da família, anexa à loja, e não tem problemas quanto à qualidade e velocidade da internet. A sua esposa Neusa, tem a mesma opinião.
Confira o que Neusa diz, no vídeo abaixo.