A fábrica da General Motors (GM) dentro do Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (Ciag) não vai ter suas dimensões duplicadas, como se chegou a especular quando veio a público que a montadora norte-americana iria fazer novo investimento em sua unidade da aldeia dos anjos.
E nem vai receber o aporte de R$ 1,5 bilhão.
O complexo que atualmente põe nas ruas o Onix e o Prisma vai receber uma readequação da linha de montagem, com investimento pesado em tecnologia visando o aumento da capacidade de produção e o lançamento de um novo modelo de veículo. O dinheiro destinado para Gravataí é, na verdade, R$ 1,4 bilhão.
O contrato foi assinado na manhã desta quinta-feira (3/8) primeiro pelo presidente da general Motors Mercosul, Carlos Zarlenga, e em seguida pelo governador José Ivo Sartori (PMDB), do Rio Grande do Sul, que depois ergueu a caneta e a mostrou ao público como um troféu conquistado.
E foi um troféu.
As concessões feitas pelo governo gaúcho que até lei de readequação do Fundo de Operação Empresa (Fundopem) encaminhou – e foi aprovada – na Assembleia Legislativa, foram fundamentais para que o mais alto escalão da GM em Detroit (sede mundial da montadora) optassem por Gravataí, ao invés do México, que estava no páreo.
Confira algumas das imagens da festa em que a GM anunciou novo investimento em Gravataí.
O presidente Zarlenga admitiu que os incentivos gaúchos foram importantes, mas não quis dimensionar qual foi o peso que teve.
— A parceria com os estados onde nós fazemos investimentos, tanto aqui no Rio Grande do Sul quanto no resto do Brasil e do mundo, sempre é importante — desconversou o argentino chefão da GM e ex-piloto de corridas Carlos Zarlenga.
Sobre o que vai ser feito com o quase um e meio bilhão, ele disse que parte do dinheiro permitirá que as instalações da fábrica passem por modificações, sim, mas que o “grosso” do capital vai ser aplicado mesmo em automação tecnológica e readequação da linha de montagem.
— (O novo carro, para ser produzido) vai usar a capacidade (de produção) que já existe e parte vai usar mais capacidade — resumiu.
O presidente Zarlenga não quis comentar sobre o tipo de carro que vai ser produzido em Gravataí e nem confirmou se o Prisma que atualmente é fabricado (foi lançado em fevereiro de 2013) vai sair de linha para que o novo modelo que já está sendo desenhado ocupe o espaço na linha de montagem.
Outro assunto que Zarlenga evitou abordar em detalhes foi a capacidade de geração de vagas dentro da fábrica da General Motors em Gravataí. Segundo ele, o crescimento ou não do número de empregos – atualmente cerca de cinco mil – vai depender do comportamento da indústria como um todo.
— Nós temos uma expectativa, mas eu prefiro esperar para ver a evolução da indústria para falar esse dado — disse.
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Presentes
Zarlenga e o staff da General Motors Mercosul chegaram à Gravataí por volta das 9h30min da manhã desta quinta e esperaram pelo governador José Ivo Sartori que chegou cerca de 20 minutos depois.
No palco, ele e o chefe do Executivo gaúcho, após a assinatura do contrato de investimento, trocaram presentes e, depois, todas as autoridades e dirigentes da montadora foram anda pela linha de montagem da GM da ldeia.
O anúncio
A solenidade em que foi anunciado o novo investimento (o terceiro desde a inauguração da GM Gravataí em 19 de julho do ano2000) começou pontualmente as 10h conforme estava programado. No palco, além do governador Sartori, Carlos Zarlenga e o prefeito Marco Alba (PMDB), tomaram lugar várias autoridades e pessoas que ocupam altos cargos no organograma da General Motors Mercosul.
Os discursos se limitaram ao vice do Mercosul, Marcos Munhoz, prefeito Alba, presidente Carlos Zarlenga e ao governador. Todos comemorando o anúncio do novo aporte financeiro como fator de impulso da economia do Rio Grande do Sul
Maior fábrica
Na sua fala o presidente da GM disse que a fábrica de Gravataí é a maior do país, lembrou que tem capacidade instalada para produzir 300 mil carros por ano e revelou que nos 17 anos de atuação já colocou nas ruas 3,5 milhões de veículos, dos quais pelo menos 300 miol foram vendidos para outros países do Mercosul.
— O investimento que faremos é em novas tecnologias e novas formas de produzir,. Que é para tornar o carro produzido aqui competitivo em escala global — discursou o presidente da GM.
Ele disse que a competência da linha de produção da fábrica de Gravataí compete com qualquer fábrica da General Motors no mundo, e que a notícia que confirmou na manhã desta quinta tem uma significação muito importante.
— É uma nova página na história que queremos escrever, para Gravataí, para o Rio Grande do Sul e para o Brasil.
Década de ouro
Entre agradecimentos à General Motors e ao governador do estado, José Ivo Sartori, o prefeito Marco Alba lembrou o que chamou de década de ouro:
— …de reconhecimento e agradecimento à GM que desde o primeiro anúncio, há 20 anos, e início da produção, há 17 anos, promoveu uma transformação significativa no município de Gravataí, em especial na década de ouro, de 2002 a 2012, quando a atividade econômica do município cresceu a uma média de 16% ao ano, proporcionando um aumento real de 10% na arrecadação do município. A GM e suas sistemistas geram um retorno de 50% do ICMS para o município, o que significará R$ 100 milhões em 2017.
: Prefeito Marco Alba lembrou década de ouro da evolução econômica de Gravataí (Foto | João Flores da Cunha)
As mudanças
— O que era Gravataí, o que era esta região e o que era o Rio Grande do Sul antes do complexo da GM aqui nesta região — disse o governador José Ivo Sartori em seu discurso, chamando as pessoas para uma reflexão sobre a evolução econômica que a montadora norte-americana trouxe para o município e o estado com sua instalação na aldeia dos anjos.
Sartori não deixou de jogar confetes no trabalho que realiza e no que vem sendo feito por sua equipe de governo, que negociou os novos investimentos da GM em Gravataí, literalmente sob ‘segredo de estado’, ao longo dos últimos dois anos, ou quase isso.
— Esse novo investimento, de R$ 1,4 bilhão, é mais uma prova de que quando o poder público compreende a necessidade de ampliar e articular políticas de estímulo aos setores importantes da economia, todos saem ganhando — discursou. Antes Sartori disse entender que o momento foi histórico porque renova as esperanças no futuro que almeja para o Rio Grande e o país.
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