Por 7 a 0, o Tribunal Regional Eleitoral absolveu o vereador Ademar Oliveira (PDT) da condenação por compra de votos que ameaçava seu quinto mandato e poderia levar a uma inelegibilidade de oito anos.
A sentença só será publicada nesta sexta-feira.
Em março, a juíza Luciana Barcellos Tegiacchi tinha condenado o parlamentar de Glorinha num processo revelado com exclusividade pelo Seguinte:, que corria em segredo de justiça e incluia depoimentos controversos e uma gravação em áudio, feita pelo celular de uma das testemunhas.
– O contexto probatório revela a conduta abusiva do impugnado consistente em obter voto por meio do pagamento de mercadorias adquiridas no supermercado, ação esta que gera desigualdade no pleito, prejudicando os candidatos que atuam na legalidade e a própria soberania – apontou a juíza, na sentença, que também teve outros trechos vazados à época:
– A gravidade do fato está demonstrada. Glorinha é uma cidade pequena, com 6.220 eleitores aptos, em que o vereador com menor votação alcançou 204 votos. Nesse contexto, o abuso de poder econômico praticado por (…) tem potencialidade de interferir no resultado no pleito, já que pequeno número de votos é capaz de decidir a eleição.
– A intimidação a que foi submetida a testemunha (…), além disso, indica um padrão de comportamento identificado com a busca da impunidade e a certeza de uma política muito distante do respeito à democracia. Assim, impositiva a aplicação das sanções legais ao vereador eleito – sentencia
– Julgo procedente o pedido formulado pelo Ministério Público Eleitoral, para decretar a perda do mandato eletivo do vereador (…), cassando o seu diploma, bem como para torná-lo inelegível pelo período de oito anos – conclui a juíza, na decisão onde pede à Polícia Federal para investigar supostos depoimentos falsos e coação de testemunhas.
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Ademar acusa suplente
Há minutos, o Seguinte: ouviu Ademar.
– Meu coração nunca bateu nenhuma pancada mais forte. Não adiantou nem o batuque colocado na porta da minha casa. Nunca sofri um arranhão e nem arranhei ninguém em 34 anos de vida pública. A justiça foi feita e embarquei no mesmo Golzinho, que tenho desde 2009, para continuar trabalhando para ajudar minha gente em Glorinha – desabafou o aliviado vereador de 323 votos, que acompanhou o julgamento ao lado da esposa Beloni, com quem há 29 anos desenvolve um trabalho de auxílio no encaminhamento de aposentadorias e pensões.
Ademar culpa o suplente, Delmir Maciel (PSD), pelo que chama de “armação política”.
– Ele forjou testemunhas que se contradisseram, inclusive uma caixa do mercado que disse que as pessoas faziam ranchos e eu pagava – acusa, se referindo ao ex-vereador, que chegou a ser prefeito interino por dois meses após a cassação de Dorival Medinger e Paulo Corrêa em 2010, mas na eleição do ano passado não conseguiu a reeleição.
Não foi possível localizar Delmir até o fechamento desta reportagem.