(ou todas as vezes que eu quis enfiar a cabeça num buraco)
Eu me sinto ridícula
quando eu espero que o elevador suba, e ele desce.
quando eu derramo café na minha blusa branca.
quando eu aceno para alguém na rua, e esse alguém não me vê.
quando eu entro numa sala e todos os outros ficam em silêncio.
quando eu acordo de madrugada cantando o Hino Nacional.
quando eu sonho que comi um chocolate da marca Pampers.
quando eu conto uma novidade que todos já sabiam.
quando estou de aniversário e cantam parabéns.
quando eu conto uma piada e meu filho não ri.
quando ponho nescau dentro do filtro de passar café.
quando eu sonho que pego carona com o Presidente da República, e ele dirige mal.
quando eu vou para uma reunião sem ver que minha calça preta está cheia de açúcar de confeiteiro do sonho que comi.
Às vezes eu me sinto ridícula também quando eu escrevo. Como agora.
Publico este texto com a cabeça no buraco.
E tudo isso é tão parte da vida quanto o holofote, quanto o texto bem escrito, quanto o avestruz correndo no campo. Há dias de sermos perfeitos, há dias de sermos horríveis e há dias de sermos comuns.
A propósito, como está seu dia hoje?