Quem imaginaria que a construção de uma creche para 180 crianças viraria um problema? Pois na segunda, na Cohab, foi
O princípio de conflito começou pouco depois das 8h30 da manhã, na segunda, quando uma máquina chegou ao terreno público que fica na Rua Mascarenhas de Morais, atrás do Big, na Cohab da 74. Moradores da redondeza partiram para cima do operador: não queriam a derrubada de quatro árvores que estavam prestes a serem suprimidas.
Nem a notícia de que ali seria erguida uma creche alentou os moradores: para eles, o terreno é uma praça, um local de convivência das famílias. E muitos queriam que continuasse assim.
— Nunca fomos informados desse projeto da creche. Não é que sejamos contrários: só não conversaram com a gente sobre isso — conta o funcionário público Nelson Vargas, morador do bairro há quase 30 anos.
Pacificamente, foram reunindo mais e mais público. Até o vereador Carlos Fonseca, do PSB, apareceu por lá. Ele mora e trabalha na região.
Confira, no primeiro vídeo, a entrevista com o morador Nelson Vargas:
Perto do meio-dia, a reunião
Quando o operador da máquina informou ao governo que haviam moradores impedindo o serviço, a secretaria da Governança e Comunicação entrou em campo. Uma reunião ao meio-dia entre representantes da comunidade e do governo selou um acordo: a creche vai sair – e também uma praça para comunidade.
— O terreno é amplo, cabem as duas coisas — comentou o secretário da pasta, Claiton Manfro.
O acordo prevê para amanhã, às 19h, uma reunião da sede da associação de moradores, a Ascoma. Lá, Manfro e representantes da Secretaria de Educação vão explicar aos moradores o projeto da creche.
— E vamos ouvir a comunidade também sobre a praça, o que eles querem se seja feito ali, o replantio de árvores, os equipamentos de lazer — adianta Manfro.
E dá uma notícia aos que acreditavam que a supressão das árvores seria irregular:
— Estamos suprimindo quatro a cinco árvores. Uma já estava condenada pela bióloga Fundação de Meio Ambiente e podia cair a qualquer momento. Duas já saíram. E uma figueira que fica no meio do terreno vai ser transplantada, a comunidade pode ficar tranquila e acompanhar tudo.
Confira, em vídeo, o que disse o secretário Claiton Manfro:
Déficit de vagas
Uma das queixas ouvidas pelo Seguinte: na Cohab era sobre a existência de uma creche há cerca de 500 metros do terreno em que houve a discórdia. Para a comunidade, a nova estrutura poderia ser erguida lá.
Claiton explica que não.
— Esse é um novo projeto, com recursos federais que foram liberados agora com prazo para início das obras. Há um estudo técnico que indica onde devem sair as creches. Faltam cerca de 3 mil vagas em toda a cidade. Só ali, mais de 660 famílias precisam de um lugar para deixar seus filhos e trabalhar.
De acordo com a prefeitura, a nova creche na Cohab terá capacidade para 188 crianças de até 5 anos, num investimento de aproximadamente R$ 2 milhões com recurso federais e municipais.
Saída boa para todos
Contornado o problema, na terça as obras seguiam normalmente com a terraplanagem da parte do terreno que vai receber a creche – já com as árvores suprimidas. O transplante da figueira deve ficar para o início da semana que vem, se houver condições climáticas.
— A gente fica contente que tenha dado tudo certo. Vamos ter a creche e também a praça — tranquilizava-se Nelson, o morador da região.
— Aquela comunidade da Cohab vem recebendo muitos investimentos públicos. A UPA da cidade fica ali pertinho, tem a obra do Corpo de Bombeiros, essa creche, um novo posto de Saúde e, agora, uma praça nova. Admitimos que o governo errou em não ter procurado antes para esclarecer mais pessoas sobre a obra, mas de qualquer forma é um investimento público que qualifica o bairro e a qualidade de vida das pessoas — finaliza Claiton Manfro.
