ensino diferenciado

COM VÍDEOS | Por dentro da Escola padrão Fifa do Sesi

A diretora Graziela Bianca Visentin apresentou a Escola Sesi nesta quarta: processo diferenciado e compromisso com o aprendizado

São 4.862,15 metros quadrados onde a modernidade da construção está à altura da proposta de ser uma escola moderna, em que a liberdade do ensino e o modelo educacional seguem padrões inovadores, construídos a partir do que há de mais moderno pelo mundo.

Inaugurada há quase um mês, dia 24 de maio passado, a Escola Sesi – Albino Marques Gomes tem uma proposta de ensino diferenciada, elaborada a partir de pesquisa realizada em seis países diferentes, que está sendo aplicada aos seus primeiros 113 alunos distribuídas em quatro turmas de primeiro ano.

As instalações, amplas, com projeto arquitetônico moderno, baliza a obra da outra escola do Sesi que entrou em atividade neste ano, em Montenegro (já tinha duas em funcionamento, em Pelotas e Sapucaia do Sul), e servirá de modelo para as que devem ser inauguradas no ano que vem em São Leopoldo e Caxias do Sul.

Em novembro passado uma reportagem publicada pelo Seguinte: apresentava o então futuro educandário como uma ‘escola padrão Fifa’. E é. Instalada dentro do complexo do Sesi no bairro Bonsucesso, tem toda infraestrutura necessária para atender ao alunado em turno integral. No entorno, pomar, gramados, área verde.

No interior, nove salas de aulas, uma gigante biblioteca em que praticamente ‘somem’ seus cinco mil volumes, um bem equipado laboratório onde estão 12 microscópios eletrônicos, refeitório, salas de reunião, da direção, vice-direção, coordenação pedagógica, secretaria…

 

A visita

 

A reportagem do Seguinte: foi recebida na tarde desta quarta-feira pela diretora, Graziela Bianca Visentin, formada em Educação Física e com especialização em administração escolar, entre outros cursos. Moradora de Gravataí há 30 anos e no Sesi (a saber: Serviço Social da Indústria) desde 2006, onde ingressou como estagiária, ela apresentou as instalações da escola. Tudo, ainda, com muito ‘cheirinho de novo’.

A diretora é quem explica que a Escola Sesi ‘padrão Fifa’ visa preparar o aluno para o mercado de trabalho de uma forma diferenciada, onde as perguntas são respondidas propositalmente com outra pergunta para que ele encontre a solução às alternativas que se apresentam, uma forma de construir o conhecimento.

 

Veja o que a diretora diz

 

A liberdade

 

A educadora e gestora escolar estufa o peito para falar que não considera a proposta e modelo adotados como algo do futuro, mas do atual momento em que vivemos.  Muito embora seja uma proposta extremamente arrojada e inovadora aos olhos de um mortal repórter, Bianca – como é chamada na escola – diz que o ensino do Brasil é que está atrasado.

Na Escola Sesi os alunos estudam em turno integral, não há sinal tocando entre uma aula e outra (eles controlam o tempo de duração das aulas, de 1h50min) e não são os professores que trocam de sala, mas os alunos que deixam a sala de música, por exemplo, e se deslocam para o laboratório.

 

: Os alunos recebem ensinamento e discutem soluções para as situações em conjunto

 

Os alunos têm liberdade para usar fones de ouvido, estão conectados full time à rede mundial de computadores com livre acesso às redes sociais, levam o que querem comer e deixam em uma ampla geladeira no refeitório onde têm ao dispor pelo menos cinco micro-ondas para aquecer os lanches, entre outros equipamentos.

E tanta liberdade para os mais de 110 alunos na faixa etária dos 14 aos 16 anos não desandou, desde quando as aulas iniciaram em 13 de fevereiro, para situações de transgressão disciplinar. Porque a disciplina é formatada pelo próprio estudante na medida em que se adapta à liberdade que encontra.

— Os únicos problemas são exatamente os de adaptação, mas mesmo assim criamos situações para que eles (os alunos) entendam que esta é uma escola com diferencial tanto na questão educacional quanto comportamental — explica a diretora.

Aliás, respeito é uma palavra-chave dentro do educandário. Mas é o respeito dispensado pela direção, servidores e professores para com as escolhas feitas pelos estudantes, 112 deles dependentes de industriários e apenas um pagante. Bianca garante que a questão de gênero, por exemplo, é tratada com absoluta naturalidade.

— Temos alunos de inclusão, casal de meninas que convive normalmente com os colegas e todos da escola, e não fazemos qualquer distinção aos que têm tatuagem e usam piercings — fala.

 

 

Outras escolas

 

O compromisso da escola é fazer com que o aluno aprenda. Essa é a missão. Para isso todos assistem às aulas em grupo – mesas com seis lugares – e quando um aluno não compreende um determinado tema, o professor cria uma nova situação que possibilite assimilar e compreender a questão.

— Todos aprendem, cada um da sua maneira e ao seu tempo — diz a diretora.

E ela explica que o modelo de avaliação também é diferente, embora o processo de aprendizagem seja coletivo. Eles aprendem em grupo, mas são avaliados individualmente, um formato que segundo Bianca pode ser adotado pelas demais escolas, públicas ou privadas.

Neste sentido, lembra que já há contatos do governo do Estado com a administração do Sesi no sentido de conhecer o método para, quem sabe, adotar na rede de ensino estadual. Escolas particulares também podem conhecer o sistema, com visitação in loco, e o próprio Sesi pode realizar a consultoria visando a implantação em outros educandários.

 

LEIA TAMBÉM:

Escola Sesi de Gravataí terá ensino padrão Fifa  

 

Enquanto a reportagem do Seguinte: visitava a escola, a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipat) fez uma simulação de emergência com evacuação do prédio e socorro a alunos "feridos". Depois o grupo se reuniu no pátio da escola quando os procedimentos e a simulação foi comentada.

 

Grade curricular

 

O formato de transmissão do conhecimento é diferenciado, se dá por áreas. A matriz curricular é dividida Código e Linguagens (português e literatura, línguas estrangeiras – inglês, artes – teatro e música, educação física), Matemática e Ciências Naturais (química, física e biologia) e 20% Ciências Humanas (história, geografia, sociologia e filosofia).

São 15 professores e mais de 25 novos empregos gerados, ao todo, desde que a escola começou a funcionar. Trata-se de um investimento de mais de R$ 1 milhão

com equipamentos – móveis, computadores e laboratórios, entre outros – segundo antecipou para o Seguinte:, em novembro, o diretor-superintendente do Sesi no estado, Juliano André Colombo.

 

: Gustavo Bremm é o único estudante desta primeira turma que não é dependente de industriário

 

Bits & bites

 

Gustavo Bremm, de 15 anos, é o único estudante que não é dependente de industriário e, por isso, paga mensalidade para estudar na Escola Sesi. Oriundo da Escola Dom Feliciano e filho de um técnico de informática, Gustavo conta que quer seguir na área do pai e diz que escolheu a nova escola por considerá-la mais completa.

— Acho que depois de concluir o estudo aqui vou ter mais facilidade para encontrar oportunidades no mercado de trabalho — disse ele.

Outra aluna, Amanda Kanevitz, também de 15 anos, chegou à Escola Sesi depois de estudar na Escola Municipal Vânius Abílio dos Santos. De forma um pouco tímida, Amanda conta que sempre gostou de estudar, que pretende ser jornalista ou atuar na área do Direito.

E porque o Sesi, quem sabe futura colega?

— Eu sempre gostei de estudar, de escrever, e quando fiz o teste e conheci aqui, escolhi vir para cá por ver que é uma escola com um diferencial bem atraente.

 

: Amanda Kanevitz é oriunda de escola pública municipal e quer ser jornalista ou operadora do Direito

 

PARA SABER

1

A Escola Sesi – Albino Marques Gomes tem 15 professores. As áreas de Português e Matemática têm dois professores, cada uma.

 

2

A educadora física e gestora escolar Graziela Bianca Visentin, diretora da escola, lecionou antes na Escola Municipal Getúlio Vargas, na Morada do Vale I, e trabalhou no Instituto Ayrton Senna, em São Leopoldo, uma parceria com a Unisinos.

 

3

O educandário tem capacidade para comportar 360 alunos. Neste primeiro ano são 113 estudantes. No ano que vem será aberta a segunda turma (inscrições em outubro), e a terceira turma em 2019. No ano de 2020 após se formar esta primeira turma, ingressa a quarta turma.

 

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