e dê-lhe água

Vizinhos se unem após inédito alagamento

Cena de filme: carros ficaram parcialmente submersos na rua Botafogo durante a chuvarada do dia 1º deste mês

O aguaceiro que desabou sobre Gravataí na manhã do dia 1º de junho, e até um pedaço da tarde, não serviu apenas para alagar centenas de casas e inundar estabelecimentos comerciais em vários pontos da cidade, especialmente ao longo do curso do Arroio Barnabé.

Em alguns pontos mais baixos, como no bairro Vera Cruz, houve casos em que a água chegou a cerca de 1,60 metro dentro de lojas e moradias. É o caso da rua Botafogo, segundo a comerciante Fabiane Pires Godinho, dona do Minimercado Teka (Botafogo, 141). Na rua, a água praticamente cobriu carros.

Trata-se, de acordo com Teka, como a comerciante é conhecida, de algo rotineiro na região. Mas nunca antes na história desse bairro o alagamento alcançou um nível tão elevado quanto o do começo deste mês, quando o Barnabé saiu do seu leito com força máxima, ignorando barreiras.

O ‘não serviu apenas’, ali das primeiras linhas, se refere à união dos moradores do Vera Cruz que estão tratando de fundar uma associação com a finalidade de reivindicar melhorias para o bairro de forma a evitar que tais situações se repitam, provocando perdas materiais cuja soma real é impossível de calcular.

 

: Teka mostra na prateleira do minimercado a altura que o aguaceiro do começo do mês atingiu

 

Força na pressão

 

De acordo com outro comerciante, Elevon Oliveira da Silva, dono do Balaião Colonial (avenida Gravataí, 94), que está à frente do movimento juntamente com Teka, a ideia de fundar uma associação é para ter como chegar “com mais força” até as autoridades para tratar das melhorias necessárias à comunidade.

O bairro Vera Cruz até tem, ou teve, uma associação. Só que está inativa há cerca de 10 anos e trazê-la à tona novamente seria mais difícil e burocrático do que fundar uma nova, de acordo com Elevon. A primeira reunião neste sentido se deu na sexta-feira passada, dia 16. A próxima está agendada para o dia 30 deste mês.

— O que a gente quer é ter uma entidade que represente todos os moradores e que tenha força para reivindicar as melhorias que a gente precisa, principalmente de infraestrutura, de forma a evitar que a gente continue enfrentando estes problemas — contou o comerciante.

 

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Entre as melhorias que ele e Teka relacionam estão a limpeza da canalização de esgotamento pluvial, um estudo para aumentar a capacidade de vazão da ponte sobre o Barnabé na avenida Dorival, e solução para um problema que dizem ser bastante preocupante porque está se agravando com o passar do tempo, que é a ocupação ilegal do Barnabé.

— Cada vez mais o pessoal está construindo na margem do arroio, aterrando, impedindo que a água escoe quando acontecem estas enxurradas. A Prefeitura, no caso, tem que olhar para esta questão que é uma das razões destes alagamentos — diz ele.

 

: Acima, Elevon com um carro que ficou submerso e a lixeira que, abaixo, está praticamente sumida na  Botafogo

 

Arroio violento

 

Conforme Fabiane, a Teka, foi a primeira vez que o Barnabé foi tão violento. Em 2015 aconteceu outro alagamento de casas e estabelecimentos comerciais, mas a água não chegou à altura alcançada no dia 1º deste mês. Ela e Elevon asseguram que o ressarcimento das perdas que tiveram nem é uma prioridade do momento.

— Queremos é pressionar os órgãos públicos para que façam alguma coisa pelo povo — diz Teka.

Segundo os líderes do movimento por uma nova associação do bairro Vera Cruz a questão do ressarcimento ainda está em discussão, e um advogado está avaliando o que fazer e contra quem, ou qual órgão, impetrar uma ação judicial requerendo compensação por perdas materiais.

Muito provavelmente, de acordo com Elevon, a Prefeitura seja o alvo de uma futura ação porque, entende, é a responsável pela manutenção da infraestrutura básica do município.

— Se tem a questão da olaria, se foi rompida barreira de algum açude, daí é uma questão que a administração municipal deve apurar, punir e cobrar, se for o caso — entende o comerciante.

Até agora cerca de 90 pessoas já se manifestaram favoráveis à nova associação e assinaram o livro de ata da primeira reunião. Conforme Elevon e Teka, em princípio se trata de uma entidade para aglutinar os moradores e reivindicar atenção às necessidades do Vera Cruz.

— Se houver moradores de outros bairros próximos, interessados, estamos abertos à mais adesões. Afinal, é a união que faz a força.

 

Contatos:

Elevon: 9.9349.7780

Teka:  9.9178.7579

 

Algumas imagens da inundação do dia 1º de junho.

 

 

: Fotos acima, da avenida Gravatai e no comércio de Elevon

 

: Núcleo habitacional popular, o PAC da Botafogo

 

 

 

 

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