de brasília

COLUNA DO MARTINELLI | Onde Jones vai se meter

Jones Martins, deputado federal de Gravataí

Fidelidade na política is a bitch, usando uma expressão norte-americana para não baixar o nível na língua machadiana. É como o diabo que entrega o que o camarada quer, mas depois vem cobrar a conta e, em algum momento, reivindicar a alma.

Jones Martins ganhou as manchetes nacionais ao subir na cotação para ser o relator na Comissão de Constituição e Justiça do processo que desembarcará na Câmara dos Deputados com a inevitável apresentação do procurador geral da República Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal, das denúncias que tem contra o presidente Michel Temer na delação dos caipiras da JBS.

Mas, não estaria o deputado federal de Gravataí escorregando para um pântano de onde, no mínimo, sairá enlameado?

 

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Constitucionalista, defensor entusiasta das reformas trabalhista e previdenciária que puxam a popularidade do governo para baixo e, inclusive, destinatário de uma ligação do próprio presidente ao escudá-lo em discurso na tribuna no momento em que se falava em renúncia após os irmãos Joesley e Wesley Batista espalharem pelo Congresso o cheiro de carne podre, caso aceite a missão Jones certamente seria um qualificado pitbull da República do Jaburu.

Ganharia pontos com o PMDB gaúcho, hoje o último pelotão de Temer. E consequentemente daria uma prova de fé ao padrinho Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil e número 1 do governo desde a ascensão ao poder do presidente eleito para ser vice.

Porém, testaria a alma ao propor uma ‘absolvição’, com um relatório pela não aceitação do processo. Para abusar da mesóclise temeriana, tornar-se-ia o malvado nada favorito da opinião pública, que apesar de não bater mais panelas detesta o governo – as pesquisas mostram que nunca antes na história desse país um presidente teve menor aceitação que Temer.

E, talvez o mais desgastante, se tornaria o alvo da vez da Rede Globo, que quer cuspir Temer fora como fez com Collor.

Ao aceitar a relatoria, é previsível que – em tempos onde a convicção supera a prova – Jones sofra uma devassa em rede nacional de sua vida política e pessoal.

Olhando pelo lado bom, poderia dizer em sua campanha à reeleição em 2018, e à Prefeitura em 2020, que nada acharam contra ele.

Mas terá que espalhar isso por aí, porque no Jornal Nacional ou nas capas de Veja, IstoÉ ou Época, só aparecerá se quiserem acabar com ele.

Impossível algum amigo ainda não ter sugerido a Jones que não troque a fidelidade cega aos seus – e os consequentes 15 minutos de fama – por uma vida.

 

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