Eu peguei no colo o Artur, meu bebê de 8 meses, e procurei o fraldário do shopping. Entrei na sala conversando e cantando para distrair meu filho e, ao olhar para frente, parei.
Dois segundos.
Entrei no lugar errado, que vergonha, entrei no banheiro masculino, socorro, não, pera aí.
Olhei bem a placa. Olhei bem os móveis. Um fraldário, com vários trocadores, cadeirinhas de “papá”, poltronas de amamentação, banheira, tudo certo.
O que estava diferente é que somente havia homens ali. Homens com seus filhos e filhas. Um trocando a fralda, outro dando comidinha, outro embalando para dormir. E eu, a única mãe naquele local.
Passados os dois segundos de estranhamento, enquanto o Artur lutava comigo para não trocar a fralda, enquanto eu cantava para a brabeza dele passar, observei que aqueles pais estavam na mesma luta que eu. Ouvi até mesmo um cantando para sua filha. E o melhor de tudo é que não, eu não vou dizer na última frase deste texto que eu estava sonhando. É verdade verdadeira.
Que bom que os pais estão assumindo, junto às mães, a responsabilidade de cuidar dos filhos. Não se aceita mais que o “pai deve ajudar”; percebe-se que o pai deve assumir também o protagonismo nas tarefas do cuidado, que incluem a fralda, a comida, o banho, o colo. Pai cria junto. E, naquele dia do fraldário, vi que isso é realidade mesmo, para além da minha casa. Isso deixou-me realmente contente.
Terminei de trocar a fraldinha do Artur e saí. Lá fora, meu marido esperava-me com meu filho mais velho, Augusto. Eu não poderia ir com ele ao banheiro masculino, por isso, os dois haviam ido juntos. Mas não pude deixar de observar:
Da próxima vez, tu troca a fralda do Artur. Fraldário é lugar de pai, também.