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EXCLUSIVO | Miki alerta para risco de atraso de salários

Miki Breier, prefeito de Cachoeirinha

Em entrevista exclusiva após audiência pública sobre o PPA, prefeito de Cachoeirinha fala sobre os planos para os próximos quatro anos e alerta para dificuldades em 2017.

 

2017 ainda assusta Miki Breier. Mesmo com o pacote de ajuste fiscal que diminuiu gastos do governo e cortou vantagens – e privilégios – do funcionalismo em pelo menos R$ 10 milhões ao ano, o prefeito alerta para meses difíceis para a Prefeitura de Cachoeirinha.

– Teremos dificuldades para pagar os salários em dia – admitiu há pouco, em entrevista ao Seguinte: sobre a audiência pública que debateu o Plano Plurianual (PPA), que é a ‘carta de intenções’ do governo para os próximos quatro anos.

Desde o dia seguinte à eleição, Miki encomendou a elaboração de um planejamento estratégico. A partir da posse, uma parceria com o Brasil Competitivo – assessoria que trabalhou para o falecido Eduardo Campos, cuja gestão em Pernambuco é modelo para o prefeito – passou a ajudar a Prefeitura a projetar a cidade pelos próximos 20 anos.

Mas, com o diagnóstico de 2017 no atoleiro, Miki só consegue pensar em manter a cabeça fora da água – que avança como o rio Gravataí sobre as pistas da Assis Brasil na entrada da cidade.

– Só em 2018 teremos condições de buscar o equilíbrio e pensar em investir em obras novas para cidade – lamenta o prefeito, citando a expectativa de renegociação com o governo federal de uma dívida de quase R$ 100 milhões com a Previdência, já acenada pelo governo Temer, além de outros R$ 80 milhões de contas de um passado próximo e distante.

O comportamento da receita, já combalida pela perda da Souza Cruz, preocupa ainda mais para os próximos meses. Os repasses e retorno de impostos tem previsão de queda dos R$ 16 milhões de maio para R$ 12 milhões em junho.

– A folha está em 59% – ilustra, lembrando que os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal, para um prefeito não sair da Prefeitura sujeito à condenação por improbidade administrativa, vão de 51,3% a 54% da receita comprometida com o pagamento do funcionalismo.

Miki diz que a Prefeitura tem as certidões negativas de débito em dia, ou seja, fora do ‘spc das prefeituras’, o que possibilitaria a contratação de financiamentos externos, como fez Gravataí com os R$ 100 milhões da Confederação Andina de Financiamento (CAF). O problema é a falta de caixa para as contrapartidas, quase sempre na ordem de R$ 1 por R$ 1.

– Por enquanto, o que podemos fazer é honrar com os investimentos de R$ 50 milhões do PAC da Mobilidade. E a contrapartida nos é muito cara – observa, referindo o investimento na Avenida Flores da Cunha em curso desde o governo do correligionário Vicente Pires.

A revitalização do que chama de ‘cartão postal’ da cidade é um dos projetos prioritário do governo, com calçadas e estacionamento rotativo. As ligações viárias da cidade também estão no radar, inclusive com a projeção de uma perimetral sul do Parque da Matriz ao Interior I.

– Queremos que o PPA não seja uma peça de ficção, que as peças orçamentárias sejam linkadas à realidade financeira da cidade e a inserção dela nos mesmos problemas enfrentados pelo Rio Grande do Sul, o Brasil e o mundo – argumenta, observando que “Cachoeirinha não é uma ilha” e sofre com os danos da falta de investidores, assustados com “o risco Brasil e a expectativa sobre a eleição de 2018”.

Durante a conversa, Miki repete uma palavra que já faz parte de seu vocabulário cotidiano e de seus colaboradores mais próximos: co-responsabilidade.

– O sentimento que buscamos é o de pertencimento das pessoas à cidade, de co-responsabilidade entre o poder público e a comunidade – diz, traduzindo o espírito que quer dar a seu governo.

– É necessário que as pessoas percebam que nem tudo que acontece é obrigação única do poder público. O sofá e a geladeira que entopem o arroio não é o governo quem coloca. Temos todos dever de cuidar da cidade como cuidamos da nossa própria casa – diz, otimista de que o tempo ruim vai passar.

– Estamos em uma travessia, mas vamos dar as respostas – promete, dizendo contar com o apoio de 15 dos 17 vereadores, todos eleitos em 2016 pela base do governo, mas hoje com a defecção dos rebelados Jack Ritter (PSB) e Cristian Wasen (PMDB).

– Somos um governo de diálogo. Acho normais e positivas as tensões. É da democracia e ajuda a não haver acomodação. Estamos construindo todo planejamento com audiências públicas, levamos a prefeitura aos bairros e meu gabinete está aberto. As pessoas verão o resultado de nosso planejamento e dos ajustes necessários.

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