Foi derrubado pela Câmara, com apenas dois votos favoráveis, o projeto que previa exames toxicológicos periódicos em servidores municipais de Gravataí.
– Apresentei a proposta para propor o debate. O futuro vai cobrar essa conta – alertou o autor, Dilamar Soares (PSD), que usando cálculo feito pelo Seguinte: argumentou que o R$ 1 milhão que seria usado nos primeiros testes logo representaria economia, já que a Prefeitura tem gastos com funcionários afastados por depressão decorrente do abuso de álcool e drogas.
– Pesquisas mostram que 10% das pessoas economicamente ativas usam alguma substância, médicos inclusive. Era um projeto protetivo, de saúde, não punitivo – lamentou, observando que o projeto foi construído sob influência do Amor Exigente e o servidor flagrado no teste do fio de cabelo seria encaminhado para tratamento pago pela Prefeitura e não teria perdas salariais.
Dilamar respondeu da tribuna provocações feitas pelas redes sociais após a revelação do projeto em reportagem exclusiva do Seguinte:
– Só retirei os CCs do projeto inicial por orientação da DPM – explicou, referindo-se a parecer do órgão que assessora tecnicamente prefeituras e câmaras municipais.
– E não inclui vereadores porque seria inconstitucional. Mas eu gostaria. Seria o primeiro a fazer o teste – concluiu.
Apesar das inúmeras críticas nos bastidores, onde servidores, CCs e até vereadores chamavam o projeto de ‘Big Brother’, por supostamente remeter ao controle da vida privada como no clássico livro 1984, de George Orwell, a única crítica pública partiu de Rosane Bordignon (PDT).
– É uma questão delicada, que poderia expor problemas de saúde que dizem respeito à relação médico-paciente – alertou a vereadora, na tribuna, antes da votação terminar com oito votos contrários, oito abstenções, dois favoráveis e duas ausências, refletindo a divisão de opiniões nas redes sociais desde a primeira matéria do Seguinte:
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R$ 1 milhão de custo
Uma pesquisa feita pelo Seguinte: e divulgada em reportagem pouco antes da sessão verificou em R$ 295 o preço mais baixo para o exame, caso ele fosse igual ao que é obrigatório há um ano para motoristas que precisam renovar ou obter a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) das categorias C, D e E para dirigir caminhão, ônibus e carreta.
Só no primeiro teste com os cerca de 3,5 mil funcionários na ativa da Prefeitura e Câmara o custo chegaria a R$ 1 milhão. O teste, além de feito com cada novo concursado, também precisaria ser repetido a cada três anos, conforme o projeto.
Outro custo previsto era com o tratamento de saúde do servidor flagrado usando substâncias ilícitas, que seria pago pela Prefeitura, sem o funcionário ter perda nos salários.
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OS VOTOS
Confira os votos de cada vereador no projeto que previa testes toxicológicos.
: FAVORÁVEIS: Carlos Fonseca (PSB) e Dilamar Soares (PSD).
: CONTRÁRIOS: Airton Leal (PV), Alan Vieira (PMDB), Alex Tavares (PMDB), Evandro Soares (DEM), Fábio Ávila (PRB), Jô da Farmácia (PTB), Rosane Bordignon (PDT) e Wagner Padilha (PSB).
: ABSTENÇÕES: Alex Peixe (PDT), Bombeiro Batista (PSD), Clebes Mendes (PMDB), Demétrio Tafras (PDT), Mario Peres (PSDB), Neri Facin (PSDB), Paulinho da Farmácia (PMDB) e Paulo Silveira (PSB).
: AUSÊNCIAS: Dimas Costa (PSD) e Roberto Andrade (PP).
O presidente Nadir Rocha (PMDB) só precisaria votar em caso de empate.